 |
Fidel Castro na Eco-92 |
Por
Luiz Bernardo Pericás
Em tempos de neoliberalismo, avanço da extrema direita e aquecimento global, o exemplo de Fidel Castro continua a inspirar as novas gerações. Sua memória está mais viva do que nunca.
O líder revolucionário foi protagonista dos principais eventos da história cubana contemporânea: o ataque ao Quartel Moncada, a organização do Movimento 26 de Julho, a guerrilha na Sierra Maestra, o triunfo dos barbudos em janeiro de 1959, a invasão da Baía dos Porcos, a Crise dos Mísseis, a fundação do novo PCC, o ingresso no CAME, a Operação Carlota, a batalha de Cuito Cuanavale, o esforço para trazer o menino Elián González de volta para os braços de seu pai, o apoio integral aos cinco patriotas… A lista é longa. Em todos esses episódios, ele atuou de maneira ousada e decidida.
O fato é que Castro lutou incansavelmente contra o imperialismo estadunidense, garantiu a soberania de seu país e consolidou o socialismo na ilha. Foi o maior estadista latino-americano do século XX. Seu comprometimento irrestrito com educação e saúde é notório. Menos conhecida, contudo, é a faceta ambientalista do dirigente caribenho.
O momento mais emblemático da postura de Fidel em defesa do planeta foi sua participação na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (conhecida como ECO 92 ou Cúpula da Terra), no Rio de Janeiro, em 1992. Como ele mesmo disse, em seu discurso histórico, naquela ocasião:
“É preciso salientar que as sociedades de consumo são as principais responsáveis pela atroz destruição do meio ambiente. Elas nasceram das antigas metrópoles coloniais e de políticas imperiais que, por sua vez, engendraram o atraso e a pobreza que hoje açoitam a imensa maioria da humanidade. Com apenas 20% da população mundial, elas consomem as duas terceiras partes dos metais e as três quartas partes da energia que é produzida no mundo. Envenenaram mares e rios, contaminaram o ar, enfraqueceram e perfuraram a camada de ozônio, saturaram a atmosfera de gases que alteram as condições climáticas com efeitos catastróficos que já começamos a padecer.
s florestas desaparecem, os desertos estendem-se, bilhões de toneladas de terra fértil vão parar ao mar cada ano. Numerosas espécies se extinguem. A pressão populacional e a pobreza conduzem a esforços desesperados para ainda sobreviver à custa da natureza. É impossível culpar disto os países do Terceiro Mundo, colônias ontem, nações exploradas e saqueadas hoje, por uma ordem econômica mundial injusta.