terça-feira, 10 de agosto de 2021

Tokyo 2020: Cuba mais eficiente que EUA, China e Brasil [todas as medalhas]

Todas os medalhistas de Cuba em Tokyo 2020 | Foto: Tele Rebelde

Por Sturt Silva 

Cuba, em Tóquio 2020 com apenas 69 atletas, conquistou o feito de 7 medalhas de ouro, 3 de prata e 5 de bronze. Foi o país com a delegação mais eficiente entre as primeiras 14 no quadro de medalhas por nações. Conseguiu um índice de 0,1 medalhas de ouro por atleta, marca superior, por exemplo, da China (0,092), Estados Unidos (0,062), Comitê Olímpico Russo (0,059) e Grã-Bretanha (0,057).

Estatisticamente, para conquistar uma medalha de ouro, Cuba precisou de 9,85 atletas; seguida da China (10,84), dos Estados Unidos (16,05), do Comitê Olímpico Russo (16,8) e da Grã-Bretanha (17,36).

Em Tóquio, Cuba mais que dobrou a eficiência de sua delegação em comparação com edições anteriores. Nos jogos olímpicos Rio 2016 com 120 atletas, os cubanos ganharam 5 ouros, ficando na 18ª posição (conseguindo assim 0,041 medalhas de ouro por atleta ou precisando de 24 atletas para ganhar uma medalha de ouro). Já em Londres 2012, a ilha socialista ficou na 16ª posição, com 110 atletas e 5 ouros no peito (0,045 medalhas por atleta ou 22 atletas para ganhar uma dourada). 

Já o Brasil, com uma delegação de 312 participantes, foi apenas o 13º mais eficiente em Tóquio 2020. Cada atleta brasileiro ganhou 0.022 medalhas de ouro e foram necessários 44.57 atletas para ganhar um ouro. 

Eficiência das 14 primeiras nações do quadro de medalhas de Tóquio 2020 | Foto: Cuba Debate/Solidários a    Cuba

Campeões - Cuba

Luta | Luis Alberto Orta [Greco-romana, 60 Kg];

Luta | Mijaín López [Greco-romana, 180 Kg];

Canoagem | Serguey Torres e Fernando Dayán Jorge [C2 100m];

Boxe | Roniel Iglesias [69kg];

Boxe | Arlén López [81Kg];

Boxe | Julio César La Cruz  [91Kg];

Boxe | Andy Cruz [63Kg].

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Vice-campeões - Cuba

Judô | Idalys Ortiz [+78Kg];

Atletismo | Juan Miguel Echevarría [salto em distância]; 

Tiro Esportivo | Leuris Pupo [pistola tiro rápido].

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Terceiros colocados - Cuba

Taekwondo | Rafael Alba  [+80 kg];

Atletismo | Maykel Masso  [salto em distância];

Atletismo | Yaimé Pérez [lançamento de disco];

Boxe | Lázaro Álvarez [57kg];

Luta | Reineris Salas [estilo livre, 97 kg].

Quadro de Medalhas | Foto: site oficial

Uma grande vitória no Japão

A delegação olímpica desembarcou nessa segunda (09) em Havana. Depois de ser recebida pelo presidente do país, Miguel Díaz-Canel, desfilou em carro aberto pelas ruas da capital do país. 

A maioria dos jornalistas e dos dirigentes esportivos de Cuba ficaram satisfeitos com o desempenho dos atletas cubanos. Depois de perder a liderança nos Jogos Centro-americanos e Caribenhos para o México em Barranquilla (2018) e ficar na 6ª posição nos Jogos Pan-americanos de Lima (2019), atrás de EUA, Brasil, México, Canadá e Argentina, quando Cuba falava em disputar o Top 4, a meta dos cubanos em Tóquio foi projetar uma posição entre as 20 melhores do mundo. Ou seja, manter o que já vinha conseguido nas duas edições anteriores. 

O Blog Solidários a Cuba postou algumas projeções na véspera das Olimpíadas. No melhor cenário imaginávamos que Cuba ganharia seis ouros e ficaria no Top 20. Já no pior cenário, conquistaria apenas dois ouros e ficaria fora das 30 melhores delegações. Ou seja, foi um grande resultado de Cuba, principalmente se levarmos em consideração que a delegação cubana foi a menor desde 1964.  E além do número de atletas reduzidos, a pandemia e o fortalecimento do bloqueio econômico dos EUA agravaram ainda mais as condições do esporte cubano. Em 2020 a maioria dos esportistas cubanos tiveram dificuldade de treinar e de participar de eventos internacionais. 

Eficiência e desafios

O feito cubano é espetacular quando analisamos o desempenho nas finais. Das disputas diretas que Cuba duelou, ganhou 86% delas. Soma-se a isso as lesões de seis grandes atletas do atletismo que aumentou ainda mais a média da eficácia cubana. Falamos dos saltadores Juan Miguel Echevarría (perdeu um ouro quase certo) e Maykel Masso (bronze); Andy Dias e Leyanis Pérez (que nem chegaram a competir); da campeã mundial Roxana Gómez (que ficou de fora das finais, tanto dos 400m como do revezamento 4x400m) e de Yorgelis Rodriguez (Heptatlo).

O jornalista Luís Augusto Simon, em coluna no UOL, reconheceu a eficiência de Cuba em relação ao Brasil no Japão, mas apontou alguns desafios: medalhistas veteranos, redução das categorias do boxe nas próximas edições e perda de atletas para outros países. Por outro lado, também destacou a renovação que já vem acontecendo na ilha.

Os esportes coletivos

Uma grande preocupação da imprensa cubana é a falta de representantes cubanos nos esportes coletivos durante as últimas olímpiadas. É muito duro para um cubano, que já teve seleções tricampeãs, como a do Beisebol e de vôlei feminino, se contentar em torcer para uma Argentina ou Brasil na maior festa do esporte mundial. Nessa edição, o mais próximo de um esporte coletivo que Cuba teve foi a dupla de vôlei de praia feminina (Lidy e Leila), que acabou eliminada nas oitavas de final. 

Futuro de Cuba

No curto prazo, Cuba já pensa nos próximos Jogos Centro-americanos de San Salvador 2023, e quem sabe reconquistar a hegemonia perdida na Colômbia. No mesmo ano tem outro encontro marcado: os Jogos Pan-americanos de Santiago. E seria muito bom que os cubanos voltassem a disputar a vice-liderança da competição com Brasil e Canadá (os últimos dois vice-líderes), países que tiveram o mesmo numero de douradas de Cuba em Tóquio 2020. Para isso não basta só ter grandes campeões no Boxe ou na Luta, tem que haver bons desempenhos na maioria dos esportes, coisa que Cuba tinha até 2014. 

Tóquio 2020 | Ouros de Cuba


Tóquio 2020 | Pratas de Cuba


Tóquio 2020 | Bronzes de Cuba

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