domingo, 16 de abril de 2023

Mulheres serão 55,74% do novo parlamento de Cuba

Mulheres cubanas nas ruas de Cuba | Foto: Osvaldo Goméz/Juventud Rebelde

Por Cid Benjamin na Revista Fórum 

Dada a desinformação na nossa grande imprensa a respeito do que há de positivo em Cuba, pouco se ficou sabendo sobre a recente eleição naquele país, ocorrida no último domingo de março, dia 26. Nela foram eleitos 470 deputados para um novo mandato na Assembleia Nacional, o Congresso daquele país.

Dentre os eleitores que foram às urnas, 90,28% votaram na lista de candidatos apresentada previamente. Essa lista foi composta depois de um processo que envolveu amplos debates em todo o território cubano. Sua composição não passou pelo Partido Comunista, que não se envolve diretamente na eleição. Os integrantes do partido que são candidatos, o são em caráter individual. 

Nem todos os eleitores apoiaram essa lista: 6,22% deles votaram em branco; e 3,50% anularam o voto. Dentre os demais votos, 72,10% foram na lista completa; já 27,90% foram votos seletivos, apoiando apenas parte da lista.

Chama a atenção o espaço ocupado por mulheres e jovens na nova composição da Assembleia Nacional. As mulheres são a maioria dos novos deputados eleitos: 262 (55,74%). E 93 dos eleitos têm menos de 35 anos (19,79% do total). A renovação também é alta: mais de um terço dos eleitos (167) serão deputados pela primeira vez.

O comparecimento às urnas foi, também, expressivo. De um total de 8.129.321 eleitores, 6.167.605 foram às urnas. Isso equivale a 75,87% dos aptos a votar. 

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O grau de abstenção eleitoral foi próximo do que tivemos no Brasil em outubro do ano passado (pouco mais de 20%). Mas há uma diferença: ao contrário do que ocorre aqui, em Cuba o voto não é obrigatório. E lá a eleição foi para a Assembleia Nacional; aqui a disputa foi muito mais polarizada e estava em jogo o futuro imediato do país, ameaçado pelo fascismo. Esses números mostram que se a população cubana visse o processo eleitoral como um jogo de cartas marcadas, a abstenção seria muito maior.

A partir do dia 19 de abril, os eleitos em Cuba tomam posse na Assembleia Nacional, que, por sua vez, vai eleger o Conselho de Estado e os ocupantes dos mais altos cargos do Poder Executivo, como presidente e vice-presidente da República.

Como se vê, em Cuba, um país parlamentarista, os mais altos cargos do Executivo (presidente e vice) não são eleitos diretamente.

Mas alguém classificaria Inglaterra ou Alemanha como países não democráticos por serem parlamentaristas? Neles também são os parlamentos que escolhem quem vai governar. 

No caso do Brasil, o parlamentarismo tem sido historicamente usado para tentar alijar o povo de uma influência direta na escolha dos destinos da nação. Mas cada país tem a sua história e o seu modelo. 

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Cid Benjamin é jornalista e morou em Cuba durante a ditadura militar brasileira. 

2 comentários:

  1. Apesar do carinho que temos por Cuba não chega a ser uma grande comemoração. Foram necessários 64 anos para isso? Parece que revolução socialista não resolve questões de gênero. Foi preciso a questão se desenvolver em outros lugares para alcançar Cuba em 2023. O argumento de comparecimento e adesão às listas também não me parece muito sério. Há muitos discordantes políticos em Cuba? Ou foram expulsos, fugiram ou estão presos? Os presos das manifestações do ano passado já estão soltos? Não vejo qualquer informação na mídia tradicional. Lembro que os plebiscitos que davam 100% dos votos a Saddam Hussein também não eram obrigatórios. Mesmo assim Cuba é resistência.

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    1. Vamos por parte.

      1) No parlamento que encerrou hoje a maioria já era mulher, a novidade é que nesse o número soltou para 55%.

      2) Sério, como assim? O comparecimento é superior a 70%, no passado era 90%. Houve uma queda, mas a situação mudou um pouco.

      3) Não há muitos discordantes em Cuba, a maioria está nos EUA, como sabemos. A oposição à Revolução e ao socialismo dentro de Cuba é pequena, geralmente eles boicotam as eleições, anulam seus votos ou perdem quando concorrem. Mas isso não significa que os 70% que votaram em apoio à Revolução na última eleição e vão dar sustentação política ao governo atual não tenha divergências políticas.

      4) Não tem pessoas presas por discordar, tem pessoas presas por praticarem ações criminosas, inclusive com motivação política.

      5) Pessoas que foram julgadas estão cumprindo suas penas, pessoas que foram inocentadas ou não foram condenadas estão soltas. Algumas estão recorrendo em liberdade, apesar de estaram condenadas. A palavra final é da justiça, e todos tem advogados e direito de se defender e recorrer a uma instância superior.

      6) Mídia tradicional só divulga coisas negativas de Cuba. Coisas positivas eles escondem. Há um bloqueio midiatico contra Cuba. Por isso que fazemos o trabalho nesse blog.

      7) Se você pesquisar em nosso blog, verá que os dois últimos referendos em Cuba (Constituição e Código das Famílias) foram aprovados com apoio de 66,85%, o segundo, e 86,85%, o primeiro.

      8) O voto em Cuba não obrigatório.

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