Brigada Sul-americana teve participação de Brasil, Argentina e Chile | Foto: Havana/Pé na Estrada |
Ocorreu em Cuba, entre 23 de janeiro e 7 de fevereiro, com mais de 130 brigadistas de Argentina, Brasil e Chile, a XXVI Brigada Sul-americana de Solidariedade com Cuba.
Além de Havana, os participantes da brigada visitaram as províncias de Artemisa, Villa Clara, Mantazas e Sancti Spíritus. Entre as atividades oficiais do evento se destacaram a participação na marcha das tochas, em homenagem a José Martí, e na IV Conferência Internacional "Pelo Equilíbrio do Mundo".
Na sua declaração final (leia abaixo), além de defender a solidariedade ao povo cubano, a Revolução Cubana como referência teórica e prática, o fim do bloqueio dos EUA, a nova constituição e a devolução de Guantánamo ocupada, a brigada também fez um chamado pela unidade dos movimentos sociais para resistir à nova ofensiva neoliberal que cresce no continente latino-americano.
O comunicado também se pronunciou em defesa da emancipação dos povos, via organização popular ou processo eleitoral; da liberdade do ex-presidente Lula (Brasil) e da ativista Milagro Sala (Argentina); e definiu duas estratégias a serem adotadas: mobilização social consciente como forma de dar visibilidade e impedir o saque de direitos e trabalho organizado nas redes sociais para contestar as fake news (notícias falsas) e a desinformação dos grandes grupos midiáticos.
Telma Araújo, brigadista brasileira, fala sobre a campanha "Lula Livre, Já!"
Declaração Final da XXVI Brigada Sul-americana de Solidariedade com Cuba - 2019
“No puede haber otra cosa que la unidad del pueblo si queremos ganar la gran batalla que se nos avecina”
Ernesto “Che” Guevara
A XXVI Brigada Sul-americana de Solidariedade com Cuba integrada por companheiras e companheiros de Argentina, Brasil e Chile se solidariza, em primeiro lugar, com todas as vítimas do tornado sofrido em 27 de janeiro, na cidade de Havana, a quem mandamos um forte abraço e muita força, ao tempo em que confiamos na capacidade do povo cubano e do Governo Revolucionário para superar essa tragédia.
Da mesma forma com que as tragédias meteorológicas nos invadem, por causa do câmbio climático, nos invade, também, o furacão do neoliberalismo. Nos encontramos em uma conjuntura em que o imperialismo começa uma nova ofensiva contra os governos de esquerda e progressistas em toda a região. Esse novo avanço, não só implica a volta às políticas criminosas, como a destruição do trabalho, a especulação financeira e a retirada do estado da garantia dos direitos fundamentais dos povos, como também implica uma violência patriarcal, LGBTfóbica, racista, xenófoba e fascista.
Esse novo processo tenta, através da destituição e perseguição dos ex-presidentes eleitos (como Lula, Dilma e Cristina), deslegitimá-los e neutralizar sua capacidade política. Esses novos governos neoliberais realizam, também, uma perseguição às e aos dirigentes populares, sendo tão cruéis que, não apenas os prendem, como os assassinam.
Em março, completará um ano do assassinato da vereadora e militante Marielle Franco e Anderson Gomes, ocorrido no Brasil, vinculado à família do presidente fascista eleito Jair Bolsonaro. No Chile, consideramos os casos de perseguição e assassinatos de ambientalistas e membros do povo mapuche. Emblemáticos são os casos de Macarena Valdez, Alejandro Castro e do líder comuneiro Camilo Catrillanca, perpetrado por parte de carabineiros. No caso da Argentina, o encarceramento ilegal do povo mapuche, de Santiago Maldonado, Rafita Nahuel e dos companheiros da CTEP. Este panorama mostra a cara da estratégia a nível regional, com o poder judicial como cúmplice, que tenta deslegitimar nossos líderes e espalhar o caos no povo.
O terrorismo midiático, através de seus conglomerados comunicativos, atenta constantemente contra os governos progressistas e os movimentos populares, ocultando as consequências materiais das políticas neoliberais e atacando o protesto popular, como método de resistência dos povos.
Os movimentos sociais e populares são atores fundamentais e necessários para a resistência. Reconhecemos a luta do movimento de economia popular e informal, que sendo os excluídos, resiste e cria seu próprio trabalho. Por outro lado, a luta do movimento feminista, que coloca em disputa a cultura patriarcal em todos os espaços e a luta LGBT, que questiona as identidades de gênero forjadas. Saudamos também a luta por terra, moradia e direito à cidade, pressionada pela reprodução do sistema capitalista, que é incompatível com o acesso a esses direitos. Ademais, nos fortalece o movimento negro, pioneiro da resistência contra uma lógica escrava de exploração; o movimento trabalhista sindical organizado que resiste à destruição dos direitos dos trabalhadores e constrói a unidade da classe trabalhadora; os povos originários, que pleiteiam outra forma de resistência cultural na hora de pensar o trato com a terra e os seres humanos; e a juventude, que luta com força e esperança nesse contexto.
A XXVI Brigada Sul-americana de Solidariedade com Cuba integrada por companheiras e companheiros de Argentina, Brasil e Chile se solidariza, em primeiro lugar, com todas as vítimas do tornado sofrido em 27 de janeiro, na cidade de Havana, a quem mandamos um forte abraço e muita força, ao tempo em que confiamos na capacidade do povo cubano e do Governo Revolucionário para superar essa tragédia.
Da mesma forma com que as tragédias meteorológicas nos invadem, por causa do câmbio climático, nos invade, também, o furacão do neoliberalismo. Nos encontramos em uma conjuntura em que o imperialismo começa uma nova ofensiva contra os governos de esquerda e progressistas em toda a região. Esse novo avanço, não só implica a volta às políticas criminosas, como a destruição do trabalho, a especulação financeira e a retirada do estado da garantia dos direitos fundamentais dos povos, como também implica uma violência patriarcal, LGBTfóbica, racista, xenófoba e fascista.
Esse novo processo tenta, através da destituição e perseguição dos ex-presidentes eleitos (como Lula, Dilma e Cristina), deslegitimá-los e neutralizar sua capacidade política. Esses novos governos neoliberais realizam, também, uma perseguição às e aos dirigentes populares, sendo tão cruéis que, não apenas os prendem, como os assassinam.
Em março, completará um ano do assassinato da vereadora e militante Marielle Franco e Anderson Gomes, ocorrido no Brasil, vinculado à família do presidente fascista eleito Jair Bolsonaro. No Chile, consideramos os casos de perseguição e assassinatos de ambientalistas e membros do povo mapuche. Emblemáticos são os casos de Macarena Valdez, Alejandro Castro e do líder comuneiro Camilo Catrillanca, perpetrado por parte de carabineiros. No caso da Argentina, o encarceramento ilegal do povo mapuche, de Santiago Maldonado, Rafita Nahuel e dos companheiros da CTEP. Este panorama mostra a cara da estratégia a nível regional, com o poder judicial como cúmplice, que tenta deslegitimar nossos líderes e espalhar o caos no povo.
O terrorismo midiático, através de seus conglomerados comunicativos, atenta constantemente contra os governos progressistas e os movimentos populares, ocultando as consequências materiais das políticas neoliberais e atacando o protesto popular, como método de resistência dos povos.
Os movimentos sociais e populares são atores fundamentais e necessários para a resistência. Reconhecemos a luta do movimento de economia popular e informal, que sendo os excluídos, resiste e cria seu próprio trabalho. Por outro lado, a luta do movimento feminista, que coloca em disputa a cultura patriarcal em todos os espaços e a luta LGBT, que questiona as identidades de gênero forjadas. Saudamos também a luta por terra, moradia e direito à cidade, pressionada pela reprodução do sistema capitalista, que é incompatível com o acesso a esses direitos. Ademais, nos fortalece o movimento negro, pioneiro da resistência contra uma lógica escrava de exploração; o movimento trabalhista sindical organizado que resiste à destruição dos direitos dos trabalhadores e constrói a unidade da classe trabalhadora; os povos originários, que pleiteiam outra forma de resistência cultural na hora de pensar o trato com a terra e os seres humanos; e a juventude, que luta com força e esperança nesse contexto.
Brigadistas realizam trabalho voluntário em Sancti Spíritus | Foto: Cristóbal Álamo Pérez/Escambray |
Essa conjuntura nos leva a compreender e assumir duas estratégias simultâneas, com viés anti-imperialista e regional: por um lado, a mobilização social consciente como forma de visibilizar e impedir o saque de direitos; e, em segundo lugar, o trabalho organizado nas redes sociais para contestar as fake news (notícias falsas) e a desinformação dos grandes grupos midiáticos.
Respaldamos as eleições próximas que se realizarão tanto na Bolívia, como na Argentina e Uruguai, necessárias para frear o avanço do neoliberalismo.
Entretanto, as eleições não são nossa única trincheira hoje, mais do que nunca é necessário reforçar os espaços de construção de poder popular. Potencializando a organização popular, com perspectivas de luta, disposta a disputar desde baixo a emancipação dos nossos povos. Devemos ter a capacidade de demonstrar na prática que outro mundo é possível, como vem fazendo Cuba desde a Revolução, que celebra seus 60 anos.
Como brigadistas, reafirmamos que Cuba é referência, segue sendo nosso sul e o horizonte que nós, povos ao sul do Rio Bravo e do mundo inteiro, temos. Condenamos o bloqueio criminoso do governo estadunidense contra o povo cubano e exigimos a devolução do território ocupado ilegalmente em Guantánamo desde 1903. Apoiamos o voto pelo sim no referendo da reforma da constituição cubana. Condenamos a ingerência do imperialismo em toda a região, como na Nicarágua e, particularmente agora, em nossa irmã República Bolivariana da Venezuela.
Respaldamos as eleições próximas que se realizarão tanto na Bolívia, como na Argentina e Uruguai, necessárias para frear o avanço do neoliberalismo.
Entretanto, as eleições não são nossa única trincheira hoje, mais do que nunca é necessário reforçar os espaços de construção de poder popular. Potencializando a organização popular, com perspectivas de luta, disposta a disputar desde baixo a emancipação dos nossos povos. Devemos ter a capacidade de demonstrar na prática que outro mundo é possível, como vem fazendo Cuba desde a Revolução, que celebra seus 60 anos.
Como brigadistas, reafirmamos que Cuba é referência, segue sendo nosso sul e o horizonte que nós, povos ao sul do Rio Bravo e do mundo inteiro, temos. Condenamos o bloqueio criminoso do governo estadunidense contra o povo cubano e exigimos a devolução do território ocupado ilegalmente em Guantánamo desde 1903. Apoiamos o voto pelo sim no referendo da reforma da constituição cubana. Condenamos a ingerência do imperialismo em toda a região, como na Nicarágua e, particularmente agora, em nossa irmã República Bolivariana da Venezuela.
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Nos comprometemos a aumentar, consolidar e fortalecer o movimento de solidariedade com o povo cubano, dado o testemunho de amor, coragem, força e fogo que tem os cubanos e cubanas em suas lutas e em seus corações.
O inimigo é claro e avança sem trégua em todo o território. O tempo histórico em que nos encontramos exige que nos coloquemos a altura das circunstâncias para poder criar uma resistência coordenada e precisa para fazer frente a esta investida. A busca da unidade é uma exigência necessária para isso, implica deixar de lado vaidades individuais, recriadas pela cultura neoliberal, que nos impede de gerar uma unidade autêntica, sincera e fraterna, tendo uma ética como coluna vertebral, como disseminava Fidel. Finalizando, encerramos com a frase do teólogo e professor Frei Betto: “Guardemos o pessimismo para tempos melhores”.
Pela união latino-americana e da Pátria Grande!
Lula Livre!
Venezuela Resiste!
Milagro Sala Livre!
Marielle Presente!
Justiça para Camilo Catrillanca!
Viva Fidel, El Che, Camilo e Martí!
Viva Cuba Socialista!
Pátria ou Morte!
VENCEREMOS!
Fonte: Siempre con Cuba.
Brigadistas brasileiros conversam sobre a brigada:
Leia o relato do jornalista Luiz Carlos Prata Regadas sobre da brigada.
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