domingo, 23 de dezembro de 2018

Bolsonaro agiu com 'soberba' e foi 'insensível' em relação ao Mais Médicos, diz presidente de Cuba

Dos 8.471 médicos que atuavam no programa Mais Médicos, 7.635 já retornaram para Cuba | Foto: Cuba Debate
Do Opera Mundi

Em cerimônia de homenagem aos médicos cubanos que retornaram do Brasil após servirem no programa Mais Médicos [ocorrida no último dia 21], o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel (foto), afirmou que o mandatário eleito, Jair Bolsonaro, agiu com "soberba" e foi "insensível" em relação ao programa.

"Era impossível ficarmos de braços cruzados diante de um governo soberba e insensível, incapaz de entender que nossos médicos chegaram no Brasil movidos pelo impulso de servir ao povo, atender sua saúde e sua alma, e não negociar com elas", afirmou Díaz-Canel.

O mandatário cubano ainda confirmou o retorno de mais de 7 mil médicos, mais de 90% do corpo de profissionais que participaram da missão. "Todos tiveram despedidas com abraços e lágrimas de milhares de brasileiros de coração nobre e valores humanos superiores aos do novo presidente, cujas declarações e ameaças provocaram o retorno", disse.

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Díaz-Canel ainda elogiou os médicos cubanos dizendo que os profissionais "são um símbolo do país que os formou e uma mostra do tipo de homens e mulheres que aspiramos na sociedade cubana baseada na justiça e no humanismo". "Vocês partiram ao Brasil defendendo sua vocação humanista, algo que não se paga com todo o dinheiro do mundo, foram cobrir postos que outros médicos brasileiros não quiseram e nem querem ocupar", afirmou o mandatário.

Encerramento do programa

O governo cubano decidiu se retirar do programa Mais Médicos após declarações "ameaçadoras e depreciativas" do presidente eleito, Jair Bolsonaro. 

"Perante esta triste realidade, o Ministério da Saúde Pública de Cuba tomou a decisão de não continuar participando do programa Mais Médicos", anunciou o governo cubano, em nota publicada na imprensa estatal

O programa Mais Médicos foi criado em 2013, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, para solucionar o déficit de médicos no Brasil.

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