terça-feira, 27 de novembro de 2018

Brasileiros homenageiam médicos cubanos em despedidas nos aeroportos

Homenagem no Rio de Janeiro tem faixa com mensagem: "gratidão aos médicos cubanos" | Foto: Carmen Diniz 
Por Sturt Silva

Médicos e médicas de Cuba que deixaram o Brasil ontem (26), receberam homenagens nas duas principais cidades do país. 

Rio de Janeiro 

Pela manhã, profissionais de saúde, que integram a Rede de Médicas e Médicos Populares e representantes de movimentos sociais fizeram um ato de agradecimento aos profissionais que estão deixando o estado, que vive uma severa crise na Atenção Primária, com corte de verbas, redução de equipes e ameaças de demissão.

Também foi lido um manifesto assinado pela Associação Cultural José Martí do Rio de Janeiro (ACJM-RJ), Levante Popular da Juventude, Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, Sindicato dos trabalhadores da fiocruz (Asfoc SN), Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (Cebes), Comitê Carioca de Solidariedade a Cuba e Comitê Internacional Paz Justiça e Dignidade aos Povos – Capítulo Brasil.

O manifesto foi lida e repetido em voz alta com muita emoção:

 "Queridas médicas e queridos médicos de Cuba

 É com grande admiração e respeito que viemos aqui prestar esta homenagem a vocês. Agradecemos, em nome do povo do Rio de Janeiro pelo trabalho e dedicação neste período em que vocês estiveram aqui, cuidando das pessoas como se fossem sua própria família. Distantes de seus pais e filhos, compartilharam das durezas que o cotidiano das desigualdades do Brasil pode gerar e ofereceram carinho, cuidado e amor ao povo que mais sofre. Não tenham dúvidas que as pessoas que vocês cuidaram e cativaram reconhecem toda a dedicação de vocês, por mais que as elites tentem negar isso. Como diria Dom Quixote: 'se os cães ladram, é sinal que avançamos'. E como essa burguesia ladrou. Definitivamente, vocês deixaram uma marca na vida de cada brasileiro e brasileira que conheceram vocês e entraram para a história pelo maior ato de solidariedade que o nosso povo já recebeu. 

Gostaríamos que o contexto da despedida fosse outro, que a nossa conjuntura política fosse outra.....mas estas são as asperezas da luta de classes, na qual temos muito a aprender com vocês. Ernesto Che Guevara disse que para escutar o clamor de um povo não é preciso estetoscópio, basta ter coração. Sintam, pois, no coração de cada um de vocês, a mais profunda gratidão por tudo o que fizeram pelo povo brasileiro. Com a certeza de que o futuro nos pertence, esperamos poder reencontrá-los, no dia que a nossa vitória chegar! 

 Hasta la vistoria siempre ! " 

Assista trecho da leitura:

Os médicos cubanos também receberam uma placa da Comissão da Coordenação Estadual do Programa Mais Médicos para o Brasil e do governo do Rio de Janeiro, em agradecimento ao trabalho.

Mais 220 profissionais cubanos vinha atuando no estado.

São Paulo 

Os voos dos profissionais que trabalharam no estado de São Paulo começaram no último sábado e seguiu nesta segunda-feira (26). Mais de 1400 médicos e médicas trabalharam pelo programa no estado.

À noite, movimentos sociais, organizações de solidariedade e lideranças políticas marcaram presença em ato de despedida no Aeroporto Internacional de Guarulhos.

O criador do Mais Médicos, ex-ministro da saúde no governo Dilma, deputado e médico Alexandre Padilha escreveu em sua página no facebook: "Obrigado, Cuba. ‬A mão que cuidou de tantas brasileiras e brasileiros é agora a mão que se despede. ‬ Quem sabe, um dia, espero eu, que seja também a mão do reencontro".

Falta de médicos 

Pelo menos 285 cidades e 36 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dseis) ficaram sem médicos em equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF), com a saída de profissionais cubanos. O levantamento foi realizado pelo Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).  
O governo cubano anunciou, no último dia 14, sua retirada do Programa Mais Médicos e a ruptura do convênio com o governo brasileiro. A decisão veio logo após declarações “ameaçadoras e depreciativas” do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). 

Os profissionais cubanos foram orientados pelo governo cubano a cessarem suas atividades em 20 de novembro, para organizar a saída por quatro polos de retorno: Brasília, Manaus, Salvador e São Paulo. O primeiro grupo partiu da capital federal rumo a Havana em 22 de novembro. A previsão é que até o dia 12 de dezembro todos tenham regressado à Ilha.

Durante os cinco anos de duração do convênio entre Cuba e o Brasil, por meio da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), para o provimento de médicos em vilarejos mais distantes e periferias do Brasil, mais de 20 mil profissionais trabalharam no país.

Com informações do Saúde Popular.

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