domingo, 4 de agosto de 2013

Política de migração dos EUA para Cuba é a mesma apesar dos novos vistos

A política dos EUA em relação a Cuba continua a mesma | Foto: Agência Prensa Latina

Do Correio do Brasil

A autorização de vistos múltiplos válida por cinco anos a cubanos que visitam os Estados Unidos por motivos pessoais não muda a essência da política de Washington para a ilha. É o que pensa o analista Ramón Sánchez-Parodi.

– A disposição do Departamento de Estado da nação estadunidense, que entrou em vigor há dois dias, não cobre nada dos intercâmbios povo a povo nem as medidas de proibição a seus cidadãos de viajar a Cuba – afirmou.

Esta regulação é só válida para as permissões de não imigrantes do tipo B2, ou seja, aqueles emitidos a pessoas que viajam como turistas, para visitar familiares, receber tratamento médico ou por outros motivos pessoais.

– No entanto é conveniente, prática e politicamente, para o governo dos Estados Unidos, sobretudo no terreno das relações públicas – precisou Parodi.

Nesse sentido, declarou ao diário Granma que a medida lhe poupa despesas, tempo, recursos financeiros e humanos, e ao mesmo tempo lhe resulta favorável, pois vai dando a imagem de flexibilização em suas relações com Cuba.

Para o pesquisador e ex-diplomata Carlos Alzugaray, trata-se de uma decisão pragmática que alivia o trabalho do Escritório Consular da Seção de Interesses aqui e amplia algo ao qual se opõe a direita cubano-estadunidense, o incremento de contatos e aproximação entre todos os cubanos. Alzugaray considerou que a disposição “tira os cubanos da situação discriminatória em que se encontravam, pois esta facilidade se outorga a cidadãos de outros países”.

Servidores públicos da Seção de Interesses dos Estados Unidos em Havana (SINA) disseram ao Ministério de Relações Exteriores que os vistos múltiplos por cinco anos se concederão caso a caso e sempre a pessoas que anteriormente tenham viajado à nação nortenha e regressado.

O Granma especifica que, ao aumentar o tempo de validade dos vistos, se alivia o ônus financeiro para os cubanos, que pagam 160 pesos conversíveis (equivalente a uns US$ 180) a cada entrevista para solicitar a permissão, ainda que não a obtenham. Os servidores públicos do Departamento de Estado desse país deixaram claro à imprensa que esta nova possibilidade não implica uma mudança significativa na política do governo norte-americano para Cuba, precisou o Granma.

A respeito disso, Parodi asseverou que a regulação mantém a hostilidade para a ilha e é uma resposta às medidas que as autoridades cubanas têm tomado no terreno migratório, bem como uma fórmula útil para os Estados Unidos com a qual se evita complicações eventuais com a Lei de Ajuste Cubano. Esta legislação foi adotada pelo Congresso dos Estados Unidos em 1966 com o deliberado propósito de incentivar as saídas ilegais desde a ilha para esse país. Única de seu tipo no mundo, oferece aos cubanos que chegam à nação nortenha por vias ilegais privilégios que não recebem cidadãos de outra nacionalidade ou país.

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