A política dos EUA em relação a Cuba continua a mesma | Foto: Agência Prensa Latina |
Do Correio do Brasil
A autorização de vistos múltiplos válida por cinco anos a cubanos que
visitam os Estados Unidos por motivos pessoais não muda a essência da
política de Washington para a ilha. É o que pensa o analista Ramón
Sánchez-Parodi.
– A disposição do Departamento de Estado da nação estadunidense, que
entrou em vigor há dois dias, não cobre nada dos intercâmbios povo a
povo nem as medidas de proibição a seus cidadãos de viajar a Cuba –
afirmou.
Esta regulação é só válida para as permissões de não imigrantes do
tipo B2, ou seja, aqueles emitidos a pessoas que viajam como turistas,
para visitar familiares, receber tratamento médico ou por outros motivos
pessoais.
– No entanto é conveniente, prática e politicamente, para o governo
dos Estados Unidos, sobretudo no terreno das relações públicas –
precisou Parodi.
Nesse sentido, declarou ao diário Granma que a medida lhe
poupa despesas, tempo, recursos financeiros e humanos, e ao mesmo tempo
lhe resulta favorável, pois vai dando a imagem de flexibilização em suas
relações com Cuba.
Para o pesquisador e ex-diplomata Carlos Alzugaray, trata-se de uma
decisão pragmática que alivia o trabalho do Escritório Consular da Seção
de Interesses aqui e amplia algo ao qual se opõe a direita
cubano-estadunidense, o incremento de contatos e aproximação entre todos
os cubanos. Alzugaray considerou que a disposição “tira os cubanos da
situação discriminatória em que se encontravam, pois esta facilidade se
outorga a cidadãos de outros países”.
Servidores públicos da Seção de Interesses dos Estados Unidos em
Havana (SINA) disseram ao Ministério de Relações Exteriores que os
vistos múltiplos por cinco anos se concederão caso a caso e sempre a
pessoas que anteriormente tenham viajado à nação nortenha e regressado.
O Granma especifica que, ao aumentar o tempo de validade dos
vistos, se alivia o ônus financeiro para os cubanos, que pagam 160
pesos conversíveis (equivalente a uns US$ 180) a cada entrevista para
solicitar a permissão, ainda que não a obtenham. Os servidores públicos
do Departamento de Estado desse país deixaram claro à imprensa que esta
nova possibilidade não implica uma mudança significativa na política do
governo norte-americano para Cuba, precisou o Granma.
A respeito disso, Parodi asseverou que a regulação mantém a hostilidade para a ilha
e é uma resposta às medidas que as autoridades cubanas têm tomado no
terreno migratório, bem como uma fórmula útil para os Estados Unidos com
a qual se evita complicações eventuais com a Lei de Ajuste Cubano. Esta
legislação foi adotada pelo Congresso dos Estados Unidos em 1966 com o
deliberado propósito de incentivar as saídas ilegais desde a ilha para
esse país. Única de seu tipo no mundo, oferece aos cubanos que chegam à
nação nortenha por vias ilegais privilégios que não recebem cidadãos de
outra nacionalidade ou país.
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