sábado, 8 de novembro de 2025

Vitória: ONU condena pela 33ª vez bloqueio dos EUA contra Cuba

Votação na ONU contra o bloqueio dos EUA a Cuba em 2025 | Foto: Brasil de Fato 

Por Gabriel Lopes do Brasil de Fato 

Mais uma vez, a esmagadora maioria da comunidade internacional se manifestou contra o bloqueio econômico, comercial e financeiro que os Estados Unidos mantêm unilateralmente sobre Cuba. .

.Com 165 votos a favor, o principal órgão deliberativo da ONU aprovou nesta quarta-feira (2), pela trigésima terceira vez, a resolução intitulada “Necessidade de pôr fim ao bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos contra Cuba”.

Desde 1992, de forma ininterrupta, Cuba apresenta sua denúncia perante a Assembleia Geral da ONU. Anualmente, a imensa maioria dos países condena a política sustentada de hostilidade dos Estados Unidos contra a ilha. A condenação ao bloqueio reúne um amplo consenso político e diplomático que transcende alinhamentos políticos, o que evidencia uma fissura profunda na política externa dos EUA e na sua aplicação de sanções extraterritoriais.

A resolução aprovada afirma que somente entre março de 2023 e fevereiro de 2024, o bloqueio provocou em Cuba perdas materiais estimadas em 7,5 bilhões de dólares.

Num debate que se estendeu por dois dias, os representantes dos Estados-membros e de blocos regionais – representando centenas de países – explicaram seus votos. De forma quase unânime, os oradores insistiram no caráter ilegal do bloqueio, classificando-o como uma “violação flagrante e sistemática” da Carta das Nações Unidas e do direito internacional.

Entre os principais argumentos apresentados a favor da resolução, foi destacado que “o bloqueio é uma forma de castigo coletivo contra o povo cubano”, uma prática proscrita pelo direito internacional humanitário. Da mesma forma, os participantes denunciaram que esta medida estadunidense constitui um instrumento de coerção política que afeta gravemente os direitos humanos do povo cubano, além de ser uma política extraterritorial que prejudica países terceiros.

Durante os discursos, também se insistiu na retirada imediata de Cuba da lista de países patrocinadores do terrorismo, uma categorização que Washington estabelece unilateralmente. Os oradores qualificaram o bloqueio em seu conjunto como “uma das violações mais graves, prolongadas e sistemáticas do direito internacional”.

Mudanças na votação

Este ano, a resolução obteve 165 votos a favor, com apenas 7 votos contra e 12 abstenções. A novidade foi que, aos tradicionais votos contra de Estados Unidos e Israel, somaram-se cinco novos votos contrários: Argentina, Paraguai, Hungria, Macedônia do Norte e Ucrânia.

As 12 abstenções corresponderam a Albânia, Bósnia e Herzegovina, Costa Rica, Tchéquia, Equador, Estônia, Letônia, Lituânia, Marrocos, Moldávia, Romênia e Polônia.

Isso representa uma mudança significativa em relação aos últimos anos, quando o apoio à resolução havia sido unânime por parte dos países da América Latina e do Caribe, assim como de todos os Estados-membros da União Europeia. No ano passado, por exemplo, a resolução havia obtido 185 votos a favor, apenas dois votos contra (Estados Unidos e Israel) e uma abstenção.

Esta ruptura com a votação unânime dos países europeus e latino-americanos coincide com a intensa campanha – denunciada pelo governo de Havana – promovida pelos Estados Unidos mediante “pressões intimidatórias e enganosas” sobre terceiros países, com o objetivo de impedir que estes votassem a favor da resolução.

De acordo com informações do Ministério das Relações Exteriores de Cuba, o governo estadunidense, por meio do Departamento de Estado, havia enviado cartas — datadas de 8 e 17 de outubro — a vários países, principalmente dessas duas regiões, com a intenção de pressioná-los a modificar sua posição histórica. Segundo Havana, nessas comunicações pedia-se aos destinatários que rejeitassem a iniciativa apresentada por Cuba, insinuando possíveis retaliações por parte dos Estados Unidos em caso de descumprimento.

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