A façanha de Arnaldo Tamayo, o primeiro negro e latino-americano a viajar ao espaço

Arnaldo Tamayo e Yuri Romanenko | Foto: Cuba Debate

Do Dicas sobre Cuba

O cubano Arnaldo Tamayo Méndez foi o primeiro cosmonauta negro e o primeiro latino-americano a viajar ao espaço. 

Em 18 de setembro de 1980, Tamayo era lançado da base de Baikonur (atual Cazaquistão), junto com o cosmonauta soviético Yuri Romanenko. Na ilha, o povo cubano acompanhava pela televisão o feito histórico.

Tamayo foi selecionado para participar do programa espacial Intercosmos, da então União Soviética (URSS). Depois de participar de uma rigorosa preparação, que chegou a mais de 1.500 horas de treinamento, integrou a missão Soyuz 38 que viajou em direção a base orbital Salyut 6. Durante uma semana, Tamayo executou experimentos técnicos e científicos.

Em 26 de setembro, após 124 órbitas circunterrestres, Tamayo e Romanenko retornaram à Terra em um pouso arriscado, realizado à noite.

Na época, a URSS desenvolvia um avançado programa espacial. Em 1961, o soviético Yuri Gagarin havia se tornado o primeiro ser humano a viajar pelo espaço. A cooperação entre URSS e Cuba possibilitou que, pela primeira vez, um cosmonauta de um país do Hemisfério Ocidental, que não dos EUA, participasse de uma missão espacial.

Diante do feito histórico, o Comandante Fidel Castro condecorou Tamayo com o título de Herói da República de Cuba e a Ordem Playa Girón. Em Moscou, o cosmonauta cubano recebeu a Ordem de Lenin e também foi nomeado Herói da URSS.

Yuri Romanenko e Arnaldo Tamayo na nave Soyuz 38; cosmonautas Valery Ryumin, Arnaldo Tamayo Méndez,
 Yuri Romanenko e Leonid Popov flutuando na estação espacial Salyut 6
e Fidel Castro e Tamayo | Fotos: Roscosmos 

Arnaldo Tamayo Méndez 

Nascido em Guantánamo, no oriente da ilha, em 29 de janeiro de 1942, a história de Tamayo é um exemplo de superação. Com oito meses de idade, ficou órfão de pai e mãe, sendo criado por sua avó em uma família muito humilde. 

Aos 13 anos, começou a trabalhar como engraxate e ajudante de carpinteiro, para ajudar no sustento dos irmãos. A curiosidade pela aeronáutica aflorou ainda na infância. Como morava nas proximidades da base naval estadunidense de Guantánamo, ficava observando os aviões que sobrevoavam a região. 

Com o triunfo da Revolução Cubana (1959), alistou-se na Asociación de Jóvenes Rebeldes (AJR) e mais tarde seguiu a carreira militar, graduando-se como aviador da Forças Armadas Revolucionárias de Cuba (FAR), onde alcançou o grau de General de Brigada.