Manifestação em defesa da Revolução Cubana, no dia 17 de julho | Foto: Santiago Jerez/Juventud Rebelde |
Por Mercedes Martínez Valdés no Diário de Notícias
Por fim, a nossa palavra! Cuba é um pequeno Estado insular em desenvolvimento, que não só enfrenta as vulnerabilidades inerentes a essa condição, mas também sofre os efeitos do mais longo e abrangente sistema de medidas coercivas unilaterais da história, aplicado contra qualquer país.
Os distúrbios e incidentes ocorridos em algumas localidades em 11 de julho são o resultado de um plano concebido pelo Governo dos EUA para exercer oportunisticamente a maior pressão possível contra o nosso país, numa altura em que enfrenta uma situação complexa derivada de 16 meses de enfrentamento da pandemia e do atual surto, para além do grave aperto do bloqueio, que afetou seriamente o funcionamento normal da economia cubana ao reduzir severamente os rendimentos das exportações de bens e serviços, o acesso ao combustível, medicamentos e material médico. A isto juntam-se outras medidas, como a não concessão do número de vistos para emigrar e viajar temporariamente para os EUA, a suspensão dos serviços consulares e a concessão de financiamento a indivíduos em Cuba e no estrangeiro para criar grupos que fomentam a desordem interna, provocam e levam a cabo atos contra instituições, e cometam atos terroristas. Estas medidas destinam-se a apresentar um país em colapso, no caos, a fim de provocar uma explosão social e justificar uma intervenção externa.
A operação de comunicação contra Cuba não surgiu espontaneamente, nem a partir do território nacional, mas foi orquestrada a partir de contas baseadas no ciberespaço dos EUA, empresas e grupos, alguns com ligações ao terrorismo que recebem financiamento americano. O governo cubano tornou públicas amplas provas disso, ao rever o comportamento incomum da hashtag #SOSCuba, é fácil verificar que os protestos e atos de violência foram encorajados como parte da guerra de "quarta geração" que tem sido testada contra Cuba e outros países. O país foi vítima de uma operação de comunicação política que não recebeu o apoio da grande maioria dos cubanos; pelo contrário, o maior número de pessoas que saíram à rua este domingo foi em defesa da Revolução.
Há que reconhecer que nem todos os envolvidos nos incidentes de 11 de junho são vândalos ou cometeram atos violentos. Do mesmo modo, tem havido situações específicas no país que tornam legítimas algumas questões, tais como as relacionadas com a irritação pela falta de eletricidade, em grande parte causada pelo cerco econômico que impede a chegada de combustível ao país, bem como peças e tecnologias que permitiriam ao sistema energético nacional funcionar de forma ótima. Contudo, os apelos à perturbação da ordem pública sob o pretexto de várias dificuldades no país são um estímulo para que os elementos criminosos cometam atos de violência.
O Governo tomou e tomará as medidas necessárias para garantir a paz e tranquilidade dos cidadãos. Em momento algum, como alguns afirmaram maliciosamente, as autoridades cubanas apelaram ao confronto e à violência entre compatriotas. Voltámo-nos para o nosso povo que, como sempre foi, é o protagonista na defesa da Pátria.
Do estrangeiro há apelos perigosos e irresponsáveis para atos de sabotagem, assassinatos, inclusivamente seletivos e apela-se a uma intervenção militar em Cuba, o que teria consequências imprevisíveis para a paz e segurança regionais.
O apelo do presidente e do nosso governo é de resolver as dificuldades entre os cubanos, sem interferência externa e com base na unidade patriótica, para avançar em áreas que hoje são afetadas pelo efeito combinado do bloqueio, da pandemia e das nossas próprias dificuldades, que nunca negámos.
Porta-vozes e políticos norte-americanos, incluindo o presidente Joe Biden, expressaram-se com marcado cinismo sobre a agitação em Cuba e uma suposta intenção de ajudar o povo cubano. Se tivesse um interesse sincero em aliviar as nossas dificuldades, em respeitar o direito à vida de um povo inteiro, o governo dos EUA levantaria o bloqueio económico, comercial e financeiro e revogaria as medidas impostas durante a administração de Trump e totalmente implementadas por Biden.
Mercedes Martínez Valdés é Embaixadora de Cuba em Portugal.
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— Solidários a Cuba (@blogsolidarios) July 17, 2021
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