Cubanos choram com a morte do líder histórico da Revolução Cubana, Fidel Castro - novembro de 2016 | Foto EPA |
Por Pedro Monzon Barata na Folha de São Paulo
Cuba é uma nação pacífica e estável, com belezas naturais e arquitetônicas excepcionais. Nela, há um povo alegre, com alto nível de educação científica e cultural. O país desfruta de um sistema gratuito de saúde, o que explica a baixa mortalidade infantil, a alta esperança de vida e o fim de doenças tropicais.
As políticas públicas levam à inexistência de uma desigualdade crítica; não há desnutrição infantil, cidadãos sem teto, tampouco moradores de rua. A segurança social é abrangente, e a delinquência, mínima. Trata-se de um dos países mais seguros do mundo, e as drogas não são um problema nacional.
Não há discriminações. A mulher é a maior força científica, universitária e política. Não se tortura e há um autóctone sistema democrático.
Cuba pratica uma solidariedade sem precedentes e promove boas relações internacionais. Crê que o mundo deve ser diverso e multipolar, sem imposições ideológicas ou políticas. É independente, respeitada e com um alto sentido da dignidade.
Os Estados Unidos começaram a impor sanções à ilha após o triunfo da revolução, em 1959. Esse tipo de medida, porém, nunca havia ocorrido antes, apesar da sucessão de governos repressivos que resultaram na aterradora tirania derrotada naquele mesmo ano.
Cuba, então, oferecia aos EUA recursos, lindas praias, uma música universal, rum, tabacos e belas mulheres. Serviu de centro de prazer para seus militares e mafiosos, proprietários de importantes hotéis e cassinos, onde proliferavam drogas.
Coexistia nesse ambiente “glamoroso”, rótulo então propagado, um povo miserável, com baixos níveis educacionais, serviços médicos elitistas e uma pseudodemocracia intensamente repressiva.
Surge aí o conflito: os americanos sempre buscaram manter Cuba como um país dependente, enquanto os cubanos sempre lutaram por sua independência e para implantar um sistema profundo de justiça social. Assim se explicam as agressões e o bloqueio a Cuba por mais de 60 anos.
Donald Trump reverte agora o pouco ganho obtido com Barack Obama e introduz medidas que visam asfixiar definitivamente o país. Ele impôs sanções a empresas, estatais e privadas, e cooperativas, bem como proibiu a entrada na ilha de aviões privados e corporativos, cruzeiros, veleiros e barcos de pesca, reduzindo drasticamente as visitas de americanos.
Recentemente, ele iniciou a aplicação plena da violenta Lei Helms-Burton, que fortaleceu o bloqueio e pretende internacionalizá-lo ainda mais por meio do incremento de ações judiciais coercitivas contra outros países, para impedir que negociem com a nação cubana.
Enquanto isso, a ilha introduz mudanças soberanas e democráticas necessárias em sua economia e jurisprudência para torná-las mais justas e eficientes, protegendo investimentos estrangeiros, e resistirá com o apoio da solidariedade internacional.
Pergunto: por que o castigo? Por que dificultar ao mundo que desfrute de um formoso e hospitaleiro país, assim como o acesso aos seus mercados e recursos?
Pedro Monzon Barata é Cônsul Geral de Cuba em São Paulo.
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