No fim da cerimônia, Francisco também agradeceu o presidente Raúl Castro pelos esforços de paz no conflito entre as FARC e o governo da Colômbia
Do Opera Mundi
Durante sua primeira missa em Cuba, o papa Francisco afirmou neste domingo (20/09) que o povo cubano tem "vocação de grandeza" e que deve cuidar dela, mas especialmente trabalhando para os mais frágeis.
A declaração foi dada na praça da Revolução "José Martí" e ao lado da icônica imagem de Che Guevara, no centro de Havana, a uma plateia composta por milhares de cubanos e fiéis de outras partes do mundo. O presidente do país, Raúl Castro, a mandatária argentina, Cristina Kirchner, o teólogo brasileiro Frei Betto e uma comitiva de ministros cubanos também participaram da cerimônia.
Durante a homília, Francisco lembrou que "o santo povo fiel a Deus que caminha em Cuba é um povo que tem gosto pela festa, pela amizade, pelas coisas belas, e também tem feridas, mas sabe estar de braços abertos".
"Hoje os convido a cuidarem dessa vocação, a cuidarem destes dons que Deus os presenteou, mas especialmente quero convidá-los a cuidarem e servirem, de modo especial, à fragilidade de seus irmãos", acrescentou.
A missa começou pouco antes das 9h locais (10h de Brasília) e teve uma hora e meia de duração. Nela, o pontífice argentino ainda afirmou que "o serviço aos outros não pode ser jamais ideológico, do ponto de vista que ele não serve às ideias, mas sim às pessoas".
No fim da cerimônia, Francisco também agradeceu Raúl Castro pelos esforços de paz no conflito entre as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e o governo de Bogotá.
“Não temos o direito a um novo fracasso neste caminho da paz e de reconciliação”, comentou o líder da Igreja Católica. Desde 2012, Havana é palco de encontros para promover diálogo entre a guerrilha e autoridades colombianas.
O cardeal Jaime Ortega, arcebispo na ilha, concluiu a missa, agradecendo ao papa "por ter favorecido o processo de renovação das relações entre Cuba e Estados Unidos, que tanto beneficiará ao nosso povo".
Ortega ainda pediu que o "chamado a paz" do pontífice chegue aos povos cubano e norte-americano e "muito especialmente ao nosso povo cubano que vive aqui e nos Estados Unidos".
Agenda
Na segunda (21/09), Francisco se dirigirá para a cidade de Holguin, a mais de 700 quilômetros ao sul de Havana, onde realizará um sermão na praça Calixto García. De lá, o pontífice termina sua viagem em Santiago de Cuba, a segunda cidade mais importante do país.
Após Cuba, Francisco irá em 22 de setembro para os Estados Unidos, onde visitará Washington, Nova York e Filadélfia. No país vizinho, ele será o primeiro papa a fazer um pronunciamento diante do Congresso norte-americano.
A visita aos dois países ocorre meses após o pontífice argentino ser elogiado pelos governos cubano e norte-americano pelo papel no restabelecimento de relações diplomáticas bilaterais.
Ao desembarcar em Havana no sábado (19/09), o líder católico disse que a reaproximação entre as duas nações que estavam há mais de meio século rompida se trata de uma "vitória do diálogo".
Visita de Cristina Kirchner
Após recepcionar o papa Francisco no aeroporto, Raúl Castro se encontrou ontem com Cristina Kirchner na capital. Durante a reunião, os dois líderes falaram sobre as excelentes relações entre os dois países e reafirmaram a sua vontade de continuar a fortalecê-las.
Segundo o Granma, jornal oficial do Partido Comunista Cubano, os dois mandatários também discutiram outros assuntos da agenda regional e internacional, em particular a importância dos processos de integração em curso na América Latina e no Caribe.
Cristina viajou acompanhada por Hector Timerman, Ministro das Relações Exteriores e Culto, e lá encontrou Juliana Isabel Marino, embaixadora da Argentina em Cuba.
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