segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Por que Cuba pode fazer tanta coisa contra o ebola?


Por Angel Cabrera na TeleSUR

Cuba está enviando mais equipes sanitárias para o combate ao ebola em Serra Leoa, Libéria e Guiné – os três países invadidos pela epidemia – do que nenhum outro estado no mundo. O complexo midiático que normalmente dispara sem parar mentiras e calúnias contra a ilha não tem mais alternativa senão reconhecer isso, já que é impossível ocultar um fato de tão extraordinária relevância relacionado com o enfrentamento a uma doença que se transformou em notícia de primeira página e que se não for freada a tempo pode se converter em uma pandemia global, como alertou Raúl Castro.

O secretário de Estado dos EUA John Kerry, que nunca pronuncia uma palavra amável sobre Havana e chefe de uma política exterior que cada vez aperta mais duro a asfixiante porca do bloqueio, teve que reconhecer a ajuda cubana.

O New York Times vai mais longe, pois dias depois de ter pedido editorialmente o restabelecimento das relações diplomáticas EUA-Cuba e o eventual levantamento da medida punitiva – não sem fazer algumas alegações infundadas –, publica uma nova matéria intitulada "A impressionante contribuição de Cuba na luta contra o ebola", na qual lamenta que Washington, "primeiro contribuinte financeiro" nesta luta não tenha vínculos diplomáticos com Havana, "dado que Cuba poderia terminar desempenhando o trabalho mais vital". O editorial propõe que os Estados Unidos acomode em um centro médico especial que habilitou em Monrovia – capital da Libéria – os trabalhadores sanitários cubanos que eventualmente possam ser contagiados com a doença e contribua se for necessário a sua evacuação. O diário não fala que as autoridades estadunidenses "insensivelmente" se recusaram a indicar se estariam dispostos a dar algum tipo de apoio e termina dando a razão a Fidel Castro quando em uma coluna publicada no Granma expressou a disposição de Cuba a colaborar "com prazer" com os Estados Unidos para enfrentar a epidemia.

Posteriormente, na terça-feira 21 de outubro, porta-vozes do Departamento de Estado disseram que os Estados Unidos estariam dispostos a colaborar com Cuba no combate ao ebola, mas sem especificar como.

É pertinente pontualizar que, independentemente das particularidades do ebola e da grave ameaça à vida de milhões de pessoas que significaria sua eventual propagação, Cuba não está fazendo nada que não tenha feito antes. Desde o triunfo da Revolução, a solidariedade com os demais seres humanos foi sempre um princípio fundamental da educação e da cultura política na ilha, correspondido na prática com inumeráveis ações de solidariedade internacional ao longo dos anos, particularmente no campo da saúde pública. Sem ir muito longe, a ação da brigada médica cubana no Haiti, apoiada por médicos haitianos e latino-americanos formados em Cuba, foi decisiva para frear a extensão da tremenda epidemia de cólera nesse país.

Isto só é possível porque a Revolução construiu um sólido sistema de saúde pública cujo princípio ético básico é que não há nada mais importante do que a vida de um ser humano. Poderão faltar medicamentos e equipes cada vez mais negados pelo bloqueio, mas a qualidade humana e científica da equipe sanitária cubana segue assegurando que os índices de saúde de Cuba sejam os melhores da América Latina e vários deles superiores aos dos Estados Unidos.

Não é de deixar ninguém surpreso que na ilha existam milhões de voluntários dentro do corpo de saúde para ir combater o ebola nem que os centenas de médicos e enfermeiros cubanos envolvidos diretamente na luta contra a doença estejam apoiados em serviços preventivos por mais de 4 mil compatriotas trabalhadores da saúde que estão atualmente em 32 países africanos desde muito antes do surto da epidemia.

A celebração, em Havana, da cúpula da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (ALBA) dedicada a preparar os seus membros para prevenir e combater o ebola, e proteger sobretudo aos países caribenhos mais vulneráveis, complementa as ações iniciadas por Cuba. A Alba pediu a convocação de uma reunião de ministros de saúde da Celac, que seguramente contribuirá para criar uma rede regional de proteção de nossos povos contra esta e outras epidemias.

Tradução: Diário Liberdade.

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