sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Agência estadunidense critica explicação dos EUA sobre operação secreta em Cuba

Da ADITAL

Diante da recente deflagração de uma operação secreta dos Estados Unidos para provocar insurgências anticomunistas no território de Cuba, a agência de mídia independente estadunidense 21st Century Wire, que publica notícias e opiniões de colaboradores e temas de todo o mundo, criticou, com veemência, as explicações da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, United States Agency for International Development, em inglês) sobre o caso.

Em texto assinado pelo mestrando em Política Internacional na City University London (Universidade da Cidade de Londres) Stuart J. Hooper, são exigidas desculpas. No início deste mês, o Governo de Cuba descobriu e desbaratou uma operação secreta da USAID, que recrutava jovens procedentes da Venezuela, Costa Rica e Peru desde 2009. A pretensão era estimular potenciais agentes desestabilizadores da política nacional e coletores de informação valiosa para o Governo dos EUA, fomentar oposição e propiciar um colapso do governo cubano.

Hooper desconsiderou a declaração da USAID de que a agência estaria "comprometida em apoiar o desejo do povo cubano de determinar livremente seu próprio futuro”, ironizando que a agência estadunidense estaria se referindo a um "futuro determinado e favorável ao próprio governo dos Estados Unidos”. Na sua opinião, a USAID agiu com audácia ao dizer em comunicado que a operação não era secreta ou encoberta. "Se é assim, é preciso perguntar: por que a ajuda estadunidense não prosseguiu e colocou um letreiro que dizia: ‘Recrutamento para a rebelião’, no lugar de ‘Escritório de prevenção do HIV’?”, provoca.

De acordo com a publicação, as tentativas dos EUA de derrocarem governos soberanos é um grande problema do país, ainda mais quando mina, por completo, o trabalho de programas e organizações de ajuda autênticos. "Agora, o membro mais confiável e decente desses grupos pode ser suspeito de fazer algo em nome de outros, ou, no melhor dos casos, terá de suportar perguntas dos moradores locais, como ‘você trabalha para a CIA?’”, destacou Hooper, referindo-se à Agência Central de Inteligência (CIA, Central Intelligence Agency), do governo estadunidense, responsável por investigar e fornecer informações de segurança nacional do país.

Prejuízo às reais iniciativas de ajuda

O texto chama a atenção para os problemas que esse tipo de recurso pode acarretar nas relações com financiadores de iniciativas da sociedade civil organizada. Para Hooper, a possibilidade do envolvimento dos EUA exerce pressão tanto sobre doadores quanto sobre receptores de verba para projetos, levantando obstáculos diante desses esforços de ajuda a grupos desfavorecidos em todo o mundo. Soma-se a isso a probabilidade de debilitar a posição de todas as organizações não governamentais e prejudicar, severamente, a própria reputação da USAID.

"Em vez de tratar de justificar o que fez, a USAID deveria emitir uma desculpa por colocar em perigo a vida desses jovens e por embarcar no que só pode ser descrito como uma missão temerária. A USAID, sem dúvidas, nem sempre ajuda, mas, quando as operações clandestinas como essas são tão descaradas, a USAID nunca pode ajudar”, conclui.

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