Resenha do livro Dossiê Fidel Castro - as aventuras e desventuras do último grande revolucionário da história de Rodolfo Lorenzato | Foto: Amazon |
O livro é fácil de ler. As letras são grandes e ele tem um bom formato. O autor Rodolfo Lorenzato não filosofa muito. Vai direto ao ponto. “Dossiê Fidel Castro - as aventuras e desventuras do último grande revolucionário da história” seria um livro maravilhoso, se fosse mais bem apurado, com entrevistas que fugissem de pessoas já esperadas, como trechos de falas do próprio Fidel. Mas, talvez isso aconteceu por não ser um livro reportagem, mas sim um dossiê histórico, com passagens desde a vida de Fidel (não em detalhes- pois o livro todo contem 110 páginas), até o momento em que ele renunciou ao governo cubano, em 2008.
O livro, assim como qualquer obra, se posiciona. Apesar de legitimar ações do Comandante, o autor não se isentou das críticas. Ele busca, e consegue, desmistificar Fidel, sem perder a poesia. Lorenzato motra que Castro vai muito além de um possível ditador. O autor consegue fazer isso, porque tenta humaniza-lo. O autor aponta as complexidades que cercam Fidel, além de suas dificuldades e, principalmente, sua resistência em governar Cuba, tendo ao seu lado, a 100 km, os Estados Unidos da América. Apesar disso, é o povo cubano que é ressaltado no livro, ainda que a proposta tenha sido falar sobre a figura do Fidel. Mas, com tudo que a história nos mostra, é impossível dissociar a imagem do Comandante a de Cuba. Ela prova que, neste caso, criação superou o criador.
O livro instiga o leitor, que não consegue abandoná-lo. Às vezes, no entanto, durante o caminho, faltam explicações mais precisas, como por exemplo quando foi criada a nova Constituição cubana pós revolução; e sobre a morte de Chibas, que influenciou muito Fidel, mas que não tem o espaço que mereceria no livro. Além disso, os diversos golpes que Batista deu para assumir Cuba também não são expostos.
As conquistas da revolução cubana mostradas pelo livro poderiam ser mais aprofundadas. Sair tanto dos adjetivos e colocar mais substantivos: evidenciar as melhorias com exemplos reais; explicar como um país que passou por algumas crises econômicas, sendo a da década de 1990 a pior delas, conseguiu se manter entre as melhores medicinas do mundo? A educação explica muita coisa, mas e a tecnologia para essa medicina?
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Por outro lado, o livro traz histórias ricas de Fidel, como sua origem “bastarda”, seu inicio no mundo dos livros e, posteriormente, sua inclinação ao marxismo. Deixa claro que ele sempre foi um menino rebelde, mas nem sempre foi revolucionário. A sua primeira tentativa de derrubada do governo Batista (Fugêncio) se deu no campo legal. Fidel era advogado e tentou “enquadrar” o ditador por vias penais, cuja base era a antiga constituição. No entanto, não teve sucesso, e percebeu que o Estado burguês não seria eliminado pela ordem.
Lorenzato trafega pelo céu Cubano e destaca como foi importante ter tido o povo ao lado dos revolucionários. Cuba apoiou a revolução, o que explica como um corpo de guerrilha sendo inferior ao do exercito Batista conseguiu vencer e destituir um ditador.
Os cubanos apoiaram Fidel e o sistema socialista mesmo em tempos de crises. Passaram fome e ainda assim permaneceram na luta, principalmente no período especial, com o fim da União Soviética. Cuba se manteve resistente e participativa, mesmo quando a fome poderia surgir como um forte álibi para que um levante popular contra Fidel Castro acontecesse.
“Dossiê Fidel Castro- as aventuras e desventuras do último grande revolucionário da história” procura compreender algumas atitudes de Castro, principalmente quando decidiu não internacionalizar a revolução, e quando se alinhou à União Soviética. E como todo o livro que se preze, que fale sobre Cuba, reservou um capitulo inteiro para falar sobre Che...e consequentemente sua morte. Nesse capitulo, o autor coloca a “sementinha” da dúvida: Fidel teria ou não teria abandonado Che para morrer na Bolívia? O próprio autor responde, nas estrelinhas, que não acredita nisso. Mas, ainda assim,não deixou de publicar o depoimento do amigo de Che, o cubano Benigno, que estava com o guerrilheiro na Bolívia; ele garante que Fidel abandou Che a própria sorte, e que este poderia resgatá-lo quando quisesse, no entanto não o teria feito. Fidel, no livro, demonstra amor incondicional ao Che, e o autor é capaz de convencer o leitor que Castro sentiu profundamente a morte do companheiro.
Ao final, Lorenzato mostra que se há alguma ditadura na Ilha, Fidel foi muito mais escravo do povo cubano, do que o contrário, pois este dedicou toda a sua vida aos mais injustiçados.
Lorenzato expressa no livro que a verdadeira revolução não pode ser vista e o maior legado deixado por Fidel não foi o socialismo em uma pequena ilha caribenha, mas sim ter despertado uma nação que se descobriu forte e orgulhosa.
Amanda Cotrim é jornalista e documentarista.
Nada justifica um ditador
ResponderExcluirMas quem é ditador?
ExcluirA biógrafa do Fidel Castro: https://convencao2009.blogspot.com/2016/11/fidel-castro-foi-um-democrata.html
"Fidel Castro foi um democrata revolucionário", defende biógrafa
Cuba é uma democracia! O resto não tem muita importância, penso eu.
ResponderExcluirUm dos piores livros que já li
ResponderExcluirPq é ruim, em Dani?
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