quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Cuba sinaliza disposição em negociar libertação de norte-americano, mas lembra do "Grupo dos 5"

Havana pede que tratamento dado ao caso dos cinco cubanos presos por espionagem seja recíproco ao de Alan Gross

O Ministério de Relações Exteriores de Cuba emitiu um comunicado nesta terça-feira (03/12) afirmando que o país está aberto ao diálogo com os Estados Unidos para negociar uma solução para o caso do norte-americano Alan Gross, preso na ilha por crimes contra o Estado, "em bases recíprocas" aos dos quatro antiterroristas cubanos detidos nos EUA, conhecidos como o "Grupo dos Cinco".

O documento contém uma declaração da diretora-geral para os Estados Unidos do ministerio, Josefina Vidal Ferreiro.

Leia a íntegra do documento aqui.

Josefina responde a uma recente carta enviada por 66 senadores dos EUA ao presidente Barack Obama, pedindo para que ele dê prioridade humanitária ao caso e instando o governo cubano a conferir liberdade imediata e incondicional a Gross.

Ferreiro lembra que o norte-americano “foi detido, processado e sancionado por violar as leis cubanas, ao implementar um programa financiado pelo governo dos Estados Unidos com o objetivo de desestabilizar a ordem constitucional cubana mediante o estabelecimento de sistemas de comunicação ilegais e encobertos, com tecnologia não comercial”.

Segundo Ferreiro, estas ações constituem delitos graves que são severamente puníveis na maioria dos países, inclusive nos Estados Unidos. Ela também afirmou que Gross tem recebido tratamento humanitário e decoroso desde que foi preso.

“Cuba compreende as preocupações humanitárias que ocorrem no caso do sr. Gross, porém considera que o governo dos Estados Unidos tem responsabilidade direta pela situação dele e de sua familia e, como tal, deve trabalhar com o governo cubano em busca de uma solução”.

A diplomata lembra que, em contrapartida, quatro dos agentes antiterroristas do “Grupo dos Cinco” – Gerardo Hernández, Ramón Labañino, Antonio Guerrero e Fernando González – “cumprem prolongada e injusta prisão por delitos que não cometeram e que nunca foram provados. Seu encarceramento tem um alto custo humano para eles e seus familiares. Não viram seus filhos crescerem, perderam mães, pais e irmãos, enfrentam problemas de saúde e estão separados de sua familia e de sua pátria por mais de 15 anos”.

Os casos
Gross foi preso em dezembro de 2009 enquanto trabalhava para uma empresa subcontratada pela agência norte-americana USAID, por suspeitas de trabalhar para a inteligencia norte-americana. Ele foi procesado em 2011 e acusado de crimes contra o Estado cubano por instalar um sistema de telecomunicações fora do controle das autoridades.

Os “cinco heróis”, como são conhecidos em Cuba, foram presos na Flórida em 1998 e, três anos mais tarde, condenados pela Justiça do país por espionagem e envolvimento no abatimento de dois aviões. Em um grupo de 14 pessoas, um conseguiu escapar e oito foram libertados mediante acordos. Os demais cinco foram acusados de fornecer informações do governo norte-americanos que resultaram na derrubada de dois aviões militares pelo governo cubano.

O governo da ilha sempre reconheceu que os cinco eram agentes de inteligência, mas que só investigavam grupos terroristas de exilados cubanos, em uma operação chamada de Rede Vespa - e não o governo dos Estados Unidos. Em 2011, um dos integrantes do grupo, René González, obteve liberdade condicional. Gerardo Hernández, por sua vez, está condenado à prisão perpétua e não pode receber visitas de sua mulher, acusada de ser agente de inteligência.

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