Fonte: PRENSA LATINA
Sancti Spíritus, Cuba (Prensa Latina) A maioria das cidades cubanas são conhecidas tanto por seu nome como pela característica que as distingue, e esta localidade, no centro do país, é chamada de Cidade dos Murais.
Da mesma forma, as capitais provinciais de Ciego de Ávila e Matanzas, e a capital do país, são conhecidas como as cidades dos Portais, das Pontes e das Colunas, respectivamente.
Holguín, ao oriente da Ilha, é conhecida como a Cidade dos Parques.
Quem visitá-las ficará convencido da justeza da cada apelido.
Sancti Spíritus, vila fundada em 4 de junho de 1514, a cerca de 350 quilômetros ao leste de Havana, possui diversos murais espalhados e instalados em espaços públicos.
Próxima a seu meio milênio de vida, nesta localidade, segundo estudiosos do tema, durante o período colonial existia uma forte tradição muralística, concentrada nos interiores das moradias.
Fundada pelo Governador Diego Velázquez, aqueles a quem seu poder adquisitivo permitiu, enfeitaram o interior de suas mansões com motivos geométricos e elementos da flora desta ilha caribenha.
Nos séculos XX e XXI os murais vestem as ruas espiritanas e distinguem-se notavelmente daqueles luxuosos interiores das moradias construídas em épocas remotas, com pinturas saídas das mãos de artistas anônimos.
A UM PASSO DO MEIO MILÊNIO
Percorrer as ruas desta velha vila, a quase cinco séculos de sua existência, revela murais pequenos ou monumentais, com mais ou menos cores.
Uns mostram evidentes detalhes coloniais que possui Sancti Spíritus, enquanto outros nada ou pouco têm que ver com os anteriores.
Entre os mais chamativos está o que enfeita o exterior da sede da Assembleia Provincial do Poder Popular, cuja autoria se deve a Heriberto Manero.
Estas joias artísticas estão expostas opara todos os pedestres ou turistas nacionais e estrangeiros.
Outra obra está na movimentada Avenida dos Mártires, outrora Marcos García, esquina com a Santana, onde se recorre a que se poderia comparar com uma "sopa de letras".
No Hotel Praça, situado no centro histórico urbano, pode-se desfrutar da arte de este ramo das artes plásticas.
Ali, o arquiteto Jorge López incorporou elementos da arquitetura cubana colonial como balcões, beiras e ruas de paralelepípedo.
Félix Madrigal, reconhecida artista da plástica, além de diversas esculturas de personagens populares, que na atualidade enfeitam o bulevar espiritano, como Francisquito, Serapio e Oscar Fernández-Morera, tem entre suas obras exponentes da arte muralística.
José Perdomo García, graduado do Instituto Superior de Arte na especialidade da pintura, criou em 1990 um formoso mural localizado em um lado das margens do rio Yayabo -cuja ponte ostenta a categoria de Monumento Nacional-, bem próximo à Quinta Santa Elena, hoje submetida a um processo de remodelamento.
Com tijolos, telhas e pedras de rio, o artista colocou arcos de meio ponto e faróis.
A fachada exterior da Boleira de Sancti Spíritus exibe grandes bolos no que é considerado o maior mural construído na cidade.
Imitando uma gota, com outros elementos artísticos que a enfeitam, outra destas peças adorna a entrada do Banco de Sangue, vizinho ao hospital provincial.
ESCULTORA CUBANA LA BAUTIZÃ
A Cidade dos Murais foi o nome empregado pela reconhecida escultora cubana Rita Longa (Havana,1912-2000), lá pela década de noventa do século passado, para nomear à vila de Sancti Spíritus ou Espírito Santo, a quarta das sete primeiras vilas fundadas pelos conquistadores espanhóis.
Neste ano recordou-se aqui, durante a celebração do XIV Colóquio Vozes da República -único de seu tipo no país- o centenário do natalício da destacada artista que, com tanta justiça, batizou com este título esta localidade bucólica.
Foi o prestigiado escritor Afasto Carpentier que definiu à capital do país como A Cidade das Colunas, em um texto do mesmo título que muitos consideram uma declaração de amor a Havana, cuja profusão de colunas é inegável.
Aqui, na rua Sobral esquina com a Estrada Central, artéria de muito movimento, está o Mural da Juventude, que Julio Neira dedicou aos jovens revolucionários de todo o mundo, ao se efetuar em Cuba o XIV Festival da Juventude e os Estudantes.
Os especialistas indicam que entre os elementos utilizados pelo artista sobressaí uma grande boina similar à usada pelo guerrilheiro argentino-cubano Ernesto Che Guevara (1928-1967). Da mesma forma, Neira realizou dois murais interiores no átrio da emissora CMHT, Rádio Sancti Spíritus.
Na entrada desta cidade colonial, aparece um pequeno mural que descreve alguns dos detalhes mais significativos da arquitetura colonial espiritana. Um dos mais recentes realizado aqui é o dedicado ao Che, que se soma a estas obras de arte na também conhecida como Villa do Yayabo, devido ao nome do rio que a atravessa.
Pequenos pedaços de vidros de Veneza, mármore e cerâmica conformam uma bandeira cubana (com suas cores azul, branco e vermelho e sua estrela solitária) de onde parece sair em disparada uma moto, a mesma com a qual o então jovem Ernesto percorreu a América do Sul, junto a seu amigo Alberto Granados.
Elaborado com a técnica de mosaico, este mural encontra-se instalado em um dos muros da Universidade José Martí.
Este trabalho uniu jovens artistas italianos e cubanos, além de seus professores.
Bayamo, a cidade das Carroças -puxados por cavalos- ou Cienfuegos, A Pérola do Sul, têm também cada uma seus respectivos apelidos.
Em Cuba há cidades que se distinguem pela quantidade de parques, colunas, portais, carroças puxadas por cavalos ou pontes, daí seus apelidos, e a Sancti Spíritus cai como um anel ser chamada de Cidade dos Murais.
* Correspondente da Prensa Latina na província de Sancti Spíritus.
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