sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Um povo culto é um povo livre: 21ª Feira do Livro de Havana


Por Otávio Dutra*
Uma pitada de poesia é suficiente para perfumar um século inteiro (José Marti) 
De 09 a 19 de fevereiro a capital dos cubanos e das cubanas se perfumou de poesia, de conto, de ciência e ficção. O mundo tornou-se pequeno para as letras e a imaginação desse rebelde povo. Quando nos referimos ao número de visitantes da 21° Feira Internacional do Livro de Cuba não nos basta falar de milhares, mas sim de milhões de cubanos e latino-americanos que participaram desta festa de cultura e conhecimento. Os livros nas mãos do povo, vendidos a modestos preços, também ultrapassam as cifras milionárias, em um país com pouco mais de 11 milhões de habitantes. Crianças conduzidas por seus pais e professores transformam cultura em brincadeira, e seus olhos brilham nas salas de leitura infantis; sua imaginação aflora com cada nova estória. Cada uma das crianças cubanas ganhou um livro infantil a sua escolha.

Os caminhos do histórico Forte de La Havana, que por séculos serviram aos canhões dos dominadores (espanhóis ou estadunidenses), hoje conduzem todo um povo para o único caminho de liberdade: a cultura e o conhecimento. É dessa forma que a revolução cubana muniu seu povo com a mais eficaz arma contra a opressão e a dominação, os livros. Nenhuma outra arma poderia manter e revigorar permanentemente as mais de cinco décadas de construção socialista, décadas de ataques imperialistas incessantes, mas principalmente de criatividade e unidade de um povo que jurou jamais voltar a viver de joelhos. Um povo culto não se submete a ser enganado ou dominado.


Talvez seja este o grande segredo da revolução cubana, que ousou manter seus princípios quando o bloco socialista ruiu com as contra-revoluções dos 80 e 90. Desde a campanha nacional de alfabetização – uma das primeiras medidas revolucionárias – os livros não mais abandonaram a cabeceira dos cubanos e das cubanas. A partir de então, ainda que pobre e bloqueada política e economicamente pelo maior império que a humanidade já conheceu, Cuba transformou-se numa potência científica e no maior pólo de cultura da América Latina, ultrapassando as fronteiras impostas aos povos para levar letras e ações de emancipação ao mundo. Hoje é um dos países do planeta com o maior número de escritores e escritoras registrados per capita, número inigualável nas Américas, e omitido pelos meios de comunicação hegemônicos.

Dessa forma seguem seu caminho os cubanos e as cubanas, com as estantes carregadas de livros nacionais e internacionais, com os punhos preparados para lutar pelo mundo sonhado desde as primeiras revoluções populares, com a convicção científica de que é possível construir uma sociedade de riqueza coletiva e oportunidades iguais, com as mentes cheias de criatividade e com os corações transbordando solidariedade e amor aos oprimidos do mundo.

Otávio Dutra é estudante da Escola Latino Americana de Medicina em Havana e militante da base Paulo Petry da UJC e do PCB.

2 comentários:

  1. Gostaria muito que o meu país priorizasse a educação igual este país.... Onde a Educação a Saúde está em primeiro lugar.

    Solange Cardoso - Brasil

    ResponderExcluir
  2. Sou filiado no PSB (Partido Socialista Brasileiro), por ter certa influência no partido, o PT me arrumou um trabalho na ilha do Fidel. No hotel que fiquei não era tão ruinzinho, mas às vezes, faltava água, e havia muito blecaute. Tive contato com diversos operários cubano; e, a grande maioria estava descontente com cuba e seus governantes. Havia muita miséria, prostituição, corrupção, muitas prisões arbitrárias. Prefiro não entrar em detalhes. Quando saí de férias e voltei para o Brasil. Pedi transferência, graças a Deus! Adeus Cuba, adeus! Nunca mais! Has tela vista baby!

    ResponderExcluir