sábado, 12 de março de 2011

Reflexões do companheiro Fidel: os dois terremotos

Um forte terremoto de magnitude 8,9 estremeceu hoje o Japão.

O mais preocupante é que as primeiras notícias falavam de milhares de mortos e desaparecidos, números realmente inusitados em um país desenvolvido, onde tudo se constrói à prova de terremotos. Inclusive, falava-se de um reator nuclear fora de controle. Horas depois, se informou que as quatro usinas nucleares próximas da região mais afetada estavam sob controle. Informava-se igualmente sobre um tsunami de dez metros de altura, que provocou alerta de maremoto em todo o Pacífico. 

O sismo se originou a 24,4 quilômetros de profundidade e a 100 quilômetros da costa. Caso se tivesse produzido a menos profundidade e distância, as consequências teriam sido mais graves.


Houve deslocamento do eixo do planeta. Foi o terceiro fenômeno de grande intensidade em menos de dois anos: Haiti, Chile e Japão. Não se pode culpar o homem por tais tragédias. Cada país, seguramente, fará o que estiver a seu alcance para ajudar esse povo laborioso que foi o primeiro a sofrer um desnecessário e desumano ataque nuclear.

Segundo o Colégio Oficial de Geólogos da Espanha, a energia liberada pelo abalo sísmico equivale a 200 milhões de toneladas de dinamite.

Uma informação de última hora, transmitida pela AFP, expressa que a companhia elétrica japonesa Tokyo Electric Power comunicou : "De acordo com as instruções governamentais, liberamos parte do vapor que contém substâncias radiativas..." "Acompanhamos a situação. Até o momento não há problema..."

"Também se assinalavam desarranjos relacionados com o resfriamento em três reatores de uma segunda usina próxima, Fukushima 2".

"O governo ordenou a evacuação das regiões circundantes, em um raio de 10 quilômetros, no caso da primeira usina; e de 3 quilômetros no caso da segunda."

Outro terremoto, de caráter político, potencialmente mais grave, é o que tem lugar em torno da Líbia, e afeta de um modo ou outro todos os países.

O drama que vive esse país está em pleno auge, e seu desenlace ainda é incerto.

Ontem aconteceu um grande corre-corre no Senado dos Estados Unidos quando o diretor nacional de Inteligência, James Clapper, afirmou no Comitê de Serviços Armados: "Não creio que Kadafi tenha alguma intenção de ir-se embora. Pelas evidências de que dispomos, parece que se está instalando um processo de longa duração."

Acrescentou que Kadafi conta com duas brigadas que "são muito leais" . Assinalou que "os ataques aéreos do exército fiel a Kadafi destruíram 'principalmente' edifícios e a infraestrutura, mais do que causar baixas entre a população".

O tenente-general Ronald Burgess, diretor da Agência de Inteligência de Defesa, na mesma audiência ante o Senado disse: "Parece que Kadafi 'vai seguir no poder, a menos que outra dinâmica mude o momento atual'."
"A oportunidade que os rebeldes tiveram no começo do levantamento popular 'começou a mudar'", assegurou.

"Não tenho nenhuma dúvida de que Kadafi e a direção líbia cometeram um erro ao confiarem em Bush e na Otan, como se pode deduzir do que escrevi na Reflexão do dia 9".

"Tampouco duvido das intenções dos Estados Unidos e da Otan de intervierem militarmente na Líbia e abortarem a onda revolucionária que estremece o mundo árabe".

"Os povos que se opõem à intervenção da Otan e defendem a ideia de uma solução política sem intervenção estrangeira, têm a convicção de que os patriotas líbios defenderão sua Pátria até o último alento".

Fidel Castro Ruz
11 de março de 2011
22h12

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