sábado, 6 de fevereiro de 2010

Pequena história sobre as mentiras e as verdades no Twitter

Twitter é uma empresa estadunidense | Foto: Kacper Pempel/Reuters

Por Enrique Ubieta Gomez no Ilha Desconhecida 

Se alguma dúvida houvesse sobre as motivações e os recursos do debate político contrarrevolucionário, o uso das novas tecnologias de informação na guerra midiática, a esclarece:

O debate político não gira em torno da verdade, mas em torno do poder; não procura demonstrar ou convencer com argumentos e informações precisas, mas impor, confundir, surpreender e assustar.

Não são escaramuças científicas, mas militares: o objetivo é a tomada do Palácio a todo custo.

A aposta imperialista a favor das novas ferramentas de comunicação pela Internet baseia-se no domínio absoluto - financeiro, tecnológico, de propriedade - que tem sobre essas ferramentas.

O caso do Twitter é paradigmático. O Irã e a chamada revolução verde foi o cenário de teste. Importantes investigadores mostraram que as promovidas supostamente massivas "denúncias iranianas" contra os seus governantes no Twitter, tinham uma origem estrangeira: "Por exemplo, Amira Howeydi coletou dados da empresa canadense Sysmos - escreve Eliades Acosta Matos -, que se dedica às análises das redes sociais na Internet, e pôde constatar que (...) em 19 de Junho, no auge dos protestos, 40,3% das mensagens vieram do exterior, apenas 23,8% declarava se originar de dentro da nação, e 35,7% não indicava a sua localização".

Nos últimos dias houve uma operação semelhante em torno da Venezuela. A ideia de usar o Twitter para atacar a Revolução Bolivariana foi difundida imediatamente pela mídia tradicional. Enquanto alguns insistiam em apresentar os protestos como uma "iniciativa espontânea das redes sociais", El Nacional de Caracas anunciava descaradamente que "o Colégio Nacional de Jornalistas, o Sindicato dos Trabalhadores da Imprensa e o Círculo de Repórteres Gráficos (chamava) a sociedade civil para participar de uma twittada às 4:00 p.m., de hoje, terça-feira".

No entanto, os verdadeiros organizadores da ação midiática não parecem ser venezuelanos.

Considere os fatos: em 02 de fevereiro surge a tag @FreeVenezuela, com cerca de 300 participantes iniciais (obviamente previamente acordados).

Com uma velocidade espantosa subiu para terceiro nos tópicos treding "nos primeiros dez minutos @FreeVenezuela (se colocou), no número oito dos dez mais importantes itens, 20 minutos depois (passava) para o quarto lugar e uma hora de twitts se posicionou em terceiro lugar".

Durante duas horas ele manteve essa posição. Foi a primeira vez que um tema venezuelano foi localizado nesta rede em uma lista, que supostamente reflete a afluência para esta ferramenta.

Curiosidades da Internet, dizem alguns; suspeitas inúteis, dizem outros. Mas há um dado facilmente detectável, que nenhum, meio comentou: que daqueles 300 internautas iniciais, mais de 65% vinham dos EUA, e outros 25%, da Colômbia. Protesto venezuelano?

Poucos dias depois que ocorria as trocas no @FreVenezuela, surgiram mensagens que vinham da conta @4febrero, em apoio ao presidente Chávez. O "intruso" reproduzia ao vivo - supostamente a partir do local dos acontecimentos - as palavras do discurso do líder venezuelano.

O "intruso" foi ameaçado. Tentaram distraí-lo em diálogos pessoais. Apenas pode twittar no ciberespaço "democrático" por uma hora. Sua última mensagem dizia: "Os próximos 30 anos serão de grandes batalhas e vitórias, disse Chávez no Pátio de Honra da Academia Militar".

Segundos depois a conta @4febrero era cancelada pelo Twitter, de forma definitiva, embora o "intruso" tenha se identificado como exigido pelas normas.

Outro usuário frequente do Twitter, Yohandry, deixou um petardo virtual, "Alguém me pode explicar por que a maioria que participa do @FreeVenezuela está fora dela, nos EUA, por exemplo?", disse às 5: 52 pm.

Ninguém respondeu, apenas uma recomendação sigilosa chegou aos participantes: "desativem o geolocalizador".

Mas Yohandry, na ausência de respostas, insistiu repetidas vezes com a pergunta devastadora: "No final ninguém poderia explicar porque o @FreVenezuela é feito a partir dos Estados Unidos e da Colômbia", concluiu às 6:15 pm.

De qualquer maneira, a verdade não é importante; trata-se de uma guerra pelo poder, em que aparentemente tudo vale. Portanto, trinta órgãos da grande imprensa dos EUA e suas subsidiárias latino-americanas (Excelsior do México, ou Clarin, da Argentina, por exemplo) anunciaram com a devida seriedade o que havia sido acordado como notícia: "Os venezuelanos usam o Twitter para protestar contra Chávez”.

Enrique Ubieta Gomez é jornalista e escritor cubano. 

Tradução: Robson Luiz Ceron/Blog Solidários a Cuba.

Um comentário:

  1. Brim over I to but I about the post should prepare more info then it has.

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