"Cuba sem dengue": um exemplo para o mundo em desenvolvimento

Mosquito transmissor da dengue | Foto: Tenda 

Do site da FUNCAP 

Cuba tem demonstrado como um país com recursos limitados pode usar suas pesquisas para tratar de problemas de saúde globais, como a dengue. É o que afirmam os cientistas cubanos Mary G. Gustavo Guzman e Kouri na edição do dia 14 de novembro da revista The Lancet. Segundo os autores do artigo, o país tem se mantido livre da dengue através de pesquisa básica e aplicada localmente.

Estudos feitos em Cuba têm melhorado o conhecimento sobre a dengue e permitido detectar características da doença específicas para a ilha, como a existência de um gene humano resistente à dengue.

De acordo com Guzman e Kouri, a pesquisa local também levou a novas ferramentas de diagnóstico que, em combinação com uma rede de laboratórios de alcance nacional para analisar amostras de sangue, fortaleceram a vigilância da doença e tornaram o país auto-suficiente. Além disso, foram desenvolvidas duas vacinas que estão em um estágio avançado de avaliação pré-clínica.

Também foram feitas pesquisas sobre possíveis estratégias de controle dos vetores (insetos que transmitem a doença para os seres humanos), como o estudo dos mecanismos de resistência a inseticidas e a identificação de características ambientais que possam levar a uma infestação de mosquitos.

Além disso, outras pesquisas estão em andamento para envolver mais a comunidade local no controle do vetor, informam os autores do artigo. Isso é crucial, pois a presença mosquitos portadores de dengue depende muitas vezes do comportamento humano.

Em 2006, o conhecimento existente sobre a dengue foi revisado pelo Programa Especial para Pesquisa e Treinamento em Doenças Tropicais da Organização Mundial da Saúde (OMS / TDR). Nessa ocasião, foram estabelecidas prioridades para futuras pesquisas sobre a dengue destinadas a melhorar o tratamento, a prevenção e o controle da doença. As investigações cubanas fazem parte dessas prioridades globais. Cuba mantém estreita colaboração com países endêmicos e com instituições internacionais, como a Organização Pan-Americana da Saúde, OMS / TDR, e a Iniciativa Vacina Pediátrica da Dengue (PDVI - Pediatric Dengue Vaccine Initiative)

Cuba é um exemplo de como um país pequeno com poucos recursos é capaz de enfrentar um problema de saúde global. Nesse processo, a vontade política e a integração entre recursos, pesquisadores, instituições e população são fundamentais.

Veja o artigo original no site da revista The Lancet.