Cartaz comemorativo dos 50 anos da Revolução Cubana. Foto: Blog Luis Antonio |
A Revolução Cubana, ao cumprir 50 anos outorgou ao gênero humano uma lição de vida, decoro e resistência, algo como um heroísmo inigualável.
De onde vem essa capacidade? Para mim a ilha montou um cavalo para cavalgar em Dos Ríos, onde entregou seu sangue o jovem poeta, orador e patriota José Martí. Poder-se-ia suspeitar que buscava o martírio para que Cuba fosse possível.
Depois de Martí os revolucionários cubanos desafiaram o perigo para converter a essa ilha insolente e doce, com vocação de tocha, em desejo veemente de ser exemplo.
Fidel não se explica sem Martí. Fidel – luminoso, obstinado, impossível de reprovar, de lágrima fácil e às vezes irritado – pôs a sua vida deliberadamente em perigo, igual a Martí – não apenas durante a guerra, desafiou furacões e incêndios e explosões, empenhou-se em dizer sempre a verdade e ver muito além das próximas datas.
Ainda que Raúl Castro brilhe com luz própria, isto não seria explicável sem Fidel. Nada seria explicável, nem mesmo o farol representado por Che, ou a singular solidariedade de Cuba, ou a proteção excepcional durante ciclones e epidemias da vida humana, sem Fidel.
Mais ainda: acredito que as mudanças da América Latina – Venezuela, Nicarágua, Bolívia, Equador e outros – nasceram em Dos Ríos e em Sierra Maestra.
Cinqüenta anos é uma piscadela na história, mas também é muito pelo acúmulo de alegria, força, lágrimas e sangue.
Algo parecido aconteceu na Venezuela. Sem Bolívar a revolução seria impossível: mas se sabe, Chávez é possível por causa de Bolívar e Fidel. Na Nicarágua a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) não seria explicável sem Sandino. Mas, ao que me consta, Carlos Fonseca – seu principal fundador – foi possível por causa de Sandino e Fidel.
Cuba é a razão de um abraço para sempre.
Tomás Borge foi fundador da Frente Sandinista para a Libertação da Nicarágua.
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