sábado, 11 de fevereiro de 2012

Mas, como isso é possível sob uma ditadura?


Deve ser esta a pergunta que o jornalista que escreveu a matéria deve estar se fazendo. Afinal, o seu senso comum, exposto nas entrelinhas, demonstra um certo assombramento com o que, para quem sabe das relações de democracia em Cuba (e seus problemas), é comum.

Sindicato de Jornalistas de Cuba pró-governo critica dificuldade de acesso a fontes oficiais


Yanuris Gutiérrez, presidente do Sindicato de Jornalistas
de Cuba (Upec)
Reunidos na Assembleia da União dos Jornalistas de Cuba no início da semana, os jornalistas da ilha demonstraram insatisfação com a demora por parte do governo ao fornecer informações e disponibilizar o contato com fontes oficiais.

Alinhado ao governo castrista, o Sindicato de Jornalistas de Cuba (Upec), pediu "maior abertura informativa de fontes oficiais". Segundo a ata da assembleia, os meios de comunicação de Cuba precisam “eliminar os vazios informativos existentes na ilha para que consigam acompanhar as transformações impostas pelos tempos atuais”. 

Na reunião, também foi discutido o desafio de informar em meio à realidade das novas tecnologias. "Precisamos nos adaptar ao momento, pois um minuto de atraso em publicar a notícia pode ser tempo perdido que o inimigo aproveita para desvirtuar nossa realidade". 


A nota critica funcionários do governo que, ao invés de facilitar o acesso à informação, dificultam a disponibilização. O presidente da Upec, Yanuris Gutiérrez, convocou seus colegas "a trabalhar com transparência nos temas cotidianos que às vezes são considerados como tabu. Como é o caso do aumento nos casos de mosquito Aedes Aeghipy, os acidentes de trânsito e outros assuntos que devem alertar a população". 

Gutiérrez também pontuou que os jornalistas cubanos devem cumprir ao pé da letra o que disse Raúl Castro quando pediu à imprensa que "deixe para trás o hábito do triunfalismo e a estridência ao abordar a realidade nacional". 

Apesar ser formado em jornalismo e atuado em veículos oficiais, o jornalista cubano Ernesto Morales contou à IMPRENSA que ser “jornalista de verdade” em Cuba só é possível nos meios alternativos. Morales foi expulso de uma emissora de rádio, após ter noticiado informações consideradas "tabus". “Fui expulso da entidade e entendo as razões. Para eu que sou jornalista de profissão é muito complicado não ter encontrado na imprensa oficial um espaço para fazer valer meus critérios e ser condenado por minhas visões distantes da linha oficial”, disse à IMPRENSA.

No país 90% dos meios de comunicação são oficiais e ligados ao Partido Comunista de Cuba (PCC). Entre os mais conhecidos estão os jornais Granma, Juventude Rebelde, a emissora de rádio Rebelde e a Agência de Notícias de Cuba.

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