terça-feira, 13 de junho de 2023

Colóquio Brasil & Cuba: É a educação que sustenta toda Revolução Cubana

Colóquio Brasil & Cuba na Assembleia Legislativa do Pará | Foto: Carlos Bordalo/ALEPA

Por Sturt Silva 

Foi realizado nesta segunda-feira (12), na Assembleia Legislativa do estado do Pará (ALEPA), o Colóquio Brasil & Cuba: Luta pela autodeterminação dos povos, uma questão de Soberania, de iniciativa do deputado Carlos Bordalo (PT). 

Recentemente a ALEPA aprovou a Frente Parlamentar em Defesa da Autodeterminação dos Povos, sendo este colóquio um marco inaugural de atividades do mandato de Bordalo para dinamizar a frente.

O Colóquio teve apoio da Universidade do Estado do Pará (UEPA), da Universidade da Amazônia (UNAMA), da Universidade Federal do Pará (UFPA), do Movimento Cabano em Apoio às Lutas pela Autodeterminação dos Povos (MOCAP), do Centro de Formação de Profissionais de Educação Básica do Estado do Pará e da Prefeitura Municipal de Belém (PMB).

Durante o encontro houve as falas de Fernando Gonzalez, presidente do Instituto Cubano de Amizade com os Povos (ICAP), um dos cinco heróis cubanos e deputado da Assembleia do Poder Popular de Cuba; Dr. Agustín Bienvenido Dávila, pesquisador e diretor da BioCubaFarma; Dr. René Barrios, presidente do Instituto Fidel Castro e Dr. Alejandro Cañamero, Decano da Universidade de Havana (veja um resumo no final do texto).

Além dos cubanos, também usaram a palavra representantes do Movimento Brasileiro de Solidariedade com Cuba e de instituições paraenses, com destaque para o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, Associação Cultural José Martí de vários estados, MOCAP, PT e PSOL (assista no vídeo abaixo).

O Colóquio na ALEPA, ocorreu um dia após a realização, da 26ª Convenção Nacional de Solidariedade com Cuba, realizada em Belém, no Centro de Convenções Benedito Nunes da UFPA, nos dias 08 a 11 de junho de 2023. 

Assista:

Cuba continua socialista

A delegação cubana foi coordenada pelo deputado Fernando González Llort, um dos Cinco Heróis Cubanos, representando a Assembleia Nacional do Poder Popular Cubano, equiparado aqui ao Congresso Nacional Brasileiro.

Llort, em sua exposição, trouxe aos presentes uma contextualização bem ampla do momento político em Cuba e a significação das lutas pela autodeterminação dos povos, diferentemente da narrativa de que estaria atrasada e de que não evolui.
Deputado cubano fala sobre seu país durante o Colóquio | Foto: Carlos Bordalo/ALEPA

Cuba está em evolução - "Que Cuba esta em processo de transformação, que evolui, cresce e que constrói o seu planejamento, com a determinação firme da construção de uma sociedade socialista". 

Para ele o processo de transformação que Cuba passa não significa abandono dos ideais da revolução. Assim como discorreu sobre a necessidade da luta solidária contra o bloqueio econômico imposto pelos governo americanos.

Saúde e biotecnologia 

O diretor da BioCubaFarmaco, Agostin Bienvenido Dávila, expôs sobre a produção da saúde em Cuba, destacando as vacinas, em destaque as contra a Diabetes e a Covid; a Biotecnologia, conectando, ciência, saúde e economia a ser desenvolvida pelo Estado; a colaboração Brasil e Cuba na promoção da saúde e a biotecnologia para enfrentar a desigualdade interna nos países e a entre os povos e que ela tem que ser impulsionada pelo Estado e não pelo mercado, e ressaltou ainda a necessidade da inclusão da iniciativa privada nesta compreensão.

Educação como pedra que sustenta todo edifício da Revolução

O doutor Alejandro Cañamera, decano da Universidade de Cuba, expôs sobre a situação da educação na Ilha. Para ele, a educação é uma pedra que sustenta todo o edifício da revolução cubana desde o seu primeiro dia até os dias atuais. "Cuba foi o primeiro território livre do analfabetismo no mundo", sinalizou.

E apresentou os dados, que a educação cubana é pública, gratuita para todos, tanto na básica como na superior, da existência de 11 mil escolas, 250 mil professores; não há analfabetismo funcional; educação obrigatória até ao nono ano do ensino básico; há um forte sistema de educação especial para pessoas com deficiências; educação para adultos; universidades popular para idosos.

Educação pela TV, o que foi útil no período da pandemia; 300 mil estudantes na educação superior; 1,7 milhões no ensino básico; 15 mil doutores em ciências; 40 universidades; 25% dos recursos global vão para a educação; incentivo para a formação de estrangeiros, especialmente de países periféricos, através de Bolsas; Escola de Medicina para estrangeiros; e por último que a educação em Cuba não é só um patrimônio do país, mas para o mundo, em especial aos países que vivem em situação de pobreza e de exploração pelo capital.

Bloqueio dos EUA contra o povo cubano 

René Jimenes, diretor do Instituto Fidel Castro, abordou sobre o bloqueio econômico que Cuba sofre desde 1959 e seus reflexos ao meio ambiente e a segurança alimentar. Para ele, a guerra imposta pelos Estados Unidos contra Cuba desde primeiro de janeiro de 1959 traz implicações graves do ponto de vista politico, militar e econômico. "O bloqueio prejudica em várias dimensões os aspectos da vida cubana", e citou a educação - na confecção de papel; na saúde; esportes e demais. Desenvolveu o assunto da solidariedade internacional, quando na Covid para a confecção de seringas, nos esportes e outros setores prejudicados.
Movimentos sociais brasileiros também participaram do Colóquio | Foto: Carlos Bordalo/ALEPA

Falou que os gastos com recursos destinados com segurança e defesa militar poderiam ser utilizados em outras áreas, mas que devido o bloqueio e a ameaça americana, se faz necessário a defesa do território e a construção da segurança do país. Abordou também os investimentos pesquisas em temas como agricultura, acidentes naturais, cana. "O feijão é tão ou mais importante que os canhões", definiu, mostrando o esforço cubano na produção de alimentos para o povo.

Semana cubana no Pará 

O deputado Carlos Bordalo, ao final, ressaltou a necessidade de abraçar a luta pela defesa da autodeterminação dos povos e do sentimento de humanidade pelos povos oprimidos, chamando para a tarefa os diversos atores da sociedade civil no Brasil a se engajarem nesta luta. 
Carlos Bordalo e Fernando González | Foto: AID/ALEPA

Defendeu também a manutenção do canal de intercambio entre o Estado Cubano e o Estado do Pará e a realização de uma semana anual de cultura e reflexão sobre a situação econômica, politica de Cuba e sua significação para o mundo e a realização de uma missão internacional em Cuba para 2024.

Cinco Heróis Cubanos

Gerardo Hernández, Ramón Labañino, Antonio Guerrero, Fernando González e René González, os cinco heróis cubanos como ficaram conhecidos mundialmente, foram presos pelo FBI em 12 de setembro de 1988. 

Os cinco estavam nos EUA em missão preventiva contra ações terroristas de grupos antirrevolucionários cubanos instalados em território estadunidense. Apesar da falta de provas, o governo dos EUA acusaram os cinco cubanos de conspiração e todos foram condenados a severas penas. Dois deles, Hernández e Guerreiro, foram sentenciados à prisão perpetua.

René González foi o primeiro a regressar a Cuba, em 2013, depois de ficar 15 anos na cadeia. Fernando González deixou a prisão em fevereiro de 2014 depois de cumprir uma pena de 17 anos e 9 meses. Já Gerardo Hernández, Ramón Labadiño e Antonio Guerrero foram libertados no dia 17 de dezembro de 2014 no processo que marcou o início do processo de reatamento das relações diplomáticas entre Cuba e EUA. 

Os cinco foram condecorados Heróis da República de Cuba, tiveram encontro com Fidel Castro e recebeu outros prêmios em Cuba e no exterior.

Com informações da ALEPA

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