Manifestação contra o bloqueio dos EUA a Cuba | Foto: Miguel Díaz-Canel |
Por Sturt Silva
Mesmo depois da saída de Trump, o governo dos EUA insiste em colocar Cuba em lista de países "que não combatem o terrorismo". A medida foi assinada no último dia 25 de maio, por Antony Blinken - Secretário de Estado - onde o governo estadunidense afirma que Cuba, ao lado de Síria, Coreia do Norte, Irã e Venezuela "não estão cooperando plenamente com os esforços antiterroristas dos Estados Unidos”.
O governo cubano, através de seu Ministério das Relações Exteriores, divulgou nota dois dias depois repudiando a decisão do governo Biden.
Cuba "foi vítima de 713 atos terroristas, na sua maioria organizados, financiados e executados pelo governo dos Estados Unidos ou por indivíduos e organizações que recebem refúgio ou atuam com impunidade nesse território. Esses atos custaram a vida de 3.478 e provocaram deficiências em outros 2.099 cidadãos cubanos. Os danos humanos e prejuízos econômicos estão calculados em 181 bilhões de dólares".
Leia a nota na íntegra:
O Ministério de Relações Exteriores repudia, nos termos mais categóricos, a certificação anunciada em 25 de Maio de 2021, feita pelo Departamento de Estado dos EUA no seu Registro Federal, de que Cuba não coopera plenamente com os esforços antiterroristas daquele país.
O governo de Donald Trump havia emitido essa mesma qualificação, em 2 de Junho de 2020, como passo prévio para a inclusão de Cuba na lista do Departamento de Estado sobre Estados que supostamente patrocinam o terrorismo internacional, tornada pública em 11 de Janeiro de 2021, uns dias antes da posse do presidente Joseph Biden, e com o claro propósito de condicionar a conduta deste em relação ao nosso país.
Trata-se de uma acusação totalmente infundada e utilizada com fins políticos, que tenta justificar as agressões contra Cuba, incluído o desumano bloqueio económico, comercial e financeiro que sofre o nosso povo.
O Ministério repudia, igualmente, a prática unilateral e seletiva estadunidense de singularizar países, em listas arbitrárias relativas ao terrorismo, o que carece de qualquer legitimidade e contraria o Direito Internacional e a Carta das Nações Unidas.
O nosso país foi vítima de 713 atos terroristas, na sua maioria organizados, financiados e executados pelo governo dos Estados Unidos ou por indivíduos e organizações que recebem refúgio ou atuam com impunidade nesse território. Esses atos custaram a vida de 3.478 e provocaram deficiências em outros 2.099 cidadãos cubanos. Os danos humanos e prejuízos econômicos estão calculados em 181 bilhões de dólares.
O Ministério de Relações Exteriores lembra os diversos atos contra pessoal e representações cubanas no exterior; entre eles, o executado em 30 de Abril de 2020, quando metralharam a nossa Embaixada em Washington DC, o que pôs em perigo a vida e a segurança dos integrantes da missão diplomática. O governo dos Estados Unidos ainda não reconheceu publicamente o caráter terrorista desse ataque.
Cuba referenda, na sua Constituição, o repúdio e a reprovação ao terrorismo em qualquer das suas formas e manifestações. Vem mantendo uma atitude transparente e irrepreensível na luta contra o terrorismo, assim como tem manifestado a sua disposição de cooperar com autoridades estadunidenses, como faz com outros países. Isso é algo que o governo dos EUA sabe perfeitamente. Existem exemplos concretos dessa vontade, no quadro de instrumentos bilaterais vigentes e ao amparo do Direito Internacional. Mantém o seu compromisso com o processo de paz na Colômbia, apesar de ser vítima de reiterados atos hostis e desonestos, politicamente motivados.
O governo do presidente Joseph Biden disse publicamente que, embora Cuba não seja um tema de alta prioridade, está em curso um processo de revisão da política para o nosso país.
Se Cuba não é uma prioridade, e essa revisão não terminou, como explica, o Departamento de Estado, a singularização infundada e falsa do nosso país com respeito ao tema do terrorismo? Como justifica que se continuem aplicando as 243 medidas coercitivas unilaterais adotadas pelo governo Trump, que incluem o incremento da perseguição financeira e outras medidas de caráter extraterritorial?
O Secretário de Estado deveria confessar que são as autoridades estadunidenses que se recusam a cooperar com Cuba no enfrentamento ao terrorismo, o que está devidamente documentado. O governo dos EUA nunca devolveu ao nosso país um só dos fugitivos da justiça cubana, nem sequer julgou algum deles pelos crimes e atos terroristas cometidos contra o nosso povo e cidadãos de outros países.
A inclusão de Cuba na lista de países que "não cooperam plenamente" com os esforços estadunidenses contra o terrorismo constitui uma ação irresponsável e vergonhosa.
Cuba não modificará o seu compromisso com a paz, e persistirá nos seus esforços na luta contra o terrorismo.
Havana, 27 de Maio de 2021.
Tradução: Márcia Choueri/Comitê Carioca.
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