quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Grupo Parlamentar Brasil-Cuba: gratidão a Cuba e repúdio às mentiras contra os médicos cubanos

Cerca de 20 mil cubanos passaram pelo Brasil durante 5 anos

Leia a nota do Grupo Parlamentar Brasil-Cuba sobre a saída dos cubanos do programa Mais Médicos:

No último 14 de novembro, em face de reiteradas ameaças por parte do presidente eleito do Brasil,o governo de Cuba comunicou o fim de sua participação no programa Mais Médicos para o Brasil, fruto da cooperação tripartite entre o Brasil, a República de Cuba e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).

A qualidade da medicina cubana é reconhecida em todo o mundo, tanto assim que os profissionais daquele país amigo estão presentes em programas de cooperação em nada menos que 67 países, em muitos casos sem contrapartida econômica por parte do estado receptor.

No Brasil, como é sabido, o Mais Médicos sempre priorizou os profissionais brasileiros. Ocorre que, desde a primeira chamada, a adesão desses profissionais tem sido insuficiente, persistindo um grande fosso entre a oferta e a demanda. Daí a importância do acordo tripartite entre Brasil, Cuba e OPAS, ao possibilitar o preenchimento de vagas em localidades extremamente pobres e muitas vezes remotas, que não têm atraído médicos brasileiros.

O programa é amplamente elogiado por gestores, conselheiros de saúde, integrantes de equipes de saúde básica e por quem, afinal, mais importa: a população atendida. Seu principal mérito é o de reduzir o número de localidades com extrema carência de profissionais de saúde: por meio do programa, 700 municípios tiveram médico fixo pela primeira vez; ou seja, milhões de brasileiros viram, finalmente, respeitado o direito à saúde que a Constituição Federal lhes assegura.

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Mas o Mais Médicos trouxe outros benefícios. Pesquisas apontam para um atendimento mais cuidadoso e humanizado, maior adesão dos pacientes ao tratamento, uso racional de medicação e redução de complicações e internações, com resultados comprovados.

A saída forçada dos cubanos fragiliza o Mais Médicos, e é mais que preocupante: trata-se de uma tragédia anunciada. À falta de uma alternativa a ser implementada no curto prazo pelo novo governo, milhões de brasileiros ficarão subitamente sem atendimento em saúde. As regiões Norte e Nordeste do país são as que deverão ser atingidas de forma mais dramática – e a saúde indígena, em especial, ficará quase totalmente desassistida.

Em vista desse quadro deplorável, o Grupo Parlamentar Brasil-Cuba expressa a sua mais profunda gratidão à República de Cuba, ao seu povo e em especial aos cerca de 20 mil homens e mulheres que, de forma abnegada, trouxeram o seu conhecimento, a sua solidariedade, o seu cuidado aos brasileiros mais injustiçados, mais violentados em seus direitos fundamentais.

Ao mesmo tempo, o Grupo expressa o seu repúdio às declarações ofensivas de Jair M. Bolsonaro e de auxiliares seus em relação à República de Cuba e aos trabalhadores daquele país, bem como a divulgação irresponsável e massiva de mentiras em relação aos médicos cubanos.

Atitudes desse tipo em nada contribuem para a defesa da paz e da cooperação entre os povos (princípios que regem as relações internacionais do Brasil), tampouco apontam para a solução da grave e dolorosa desigualdade social que enxovalha nosso país perante o conjunto das nações.

Brasília, 21 de novembro de 2018 
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 Senadora Lídice da Mata (PSB-BA)
 (Presidente do Grupo Parlamentar Brasil-Cuba) 
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