Dilma discursando no "Foro de São Paulo" | Foto: CMMLK |
O 24º Fórum de São Paulo, que acontece em Havana, Cuba, de 15 a 17 de julho, e conta com a participação de representantes dos maiores partidos de esquerda da América Latina e Caribe, clama pela liberdade do ex-presidente Lula, uma das maiores lideranças políticas internacionais vivas da atualidade.
Encarcerado há mais de 100 dias nas dependências da sede da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, no Paraná, Lula é considerado internacionalmente um preso político por ter sido condenado sem crimes nem provas. Ao ter o pedido de habeas corpus negado por meio de manobras políticas e jurídicas de integrantes do Poder Judiciário do sul do País, o ex-presidente movimentou ainda mais o evento que, há mais de duas décadas, discute ações concretas para enfrentar o avanço do neoliberalismo nos países da América Latina e Caribe.
O presidente da CUT, Vagner Freitas, que está em Cuba acompanhando os debates do 24º Fórum de São Paulo, conta que o grande fato político que domina os debates, painéis e palestras são as campanhas por Lula Livre e pelo direito legítimo de o ex-presidente, líder em todas as pesquisas de intenção de votos, ser candidato à Presidência nas eleições deste ano.
“Viemos aqui discutir a democracia e a unidade dos partidos de esquerda e dos movimentos sociais da AL, dos EUA e do Caribe e o que mais impressiona é que a campanha Lula Livre e a solidariedade internacional pela libertação do ex-presidente é o que tem movimentado o Fórum”, disse Vagner.
“Aqui a palavra de ordem é Lula Livre”, comemorou.
Para Vagner, o encontro é uma importante oportunidade para a discussão da luta em defesa da democracia e para fazer a denúncia dos golpes de Estado que têm ocorrido na América Latina e Caribe, a exemplo do golpe de 2016 no Brasil.
É o que aponta também a presidenta do PT, senadora Gleisi Hoffmann. Ela reforçou que a principal missão dos partidos de esquerda brasileiros presentes na 24ª edição do Fórum é denunciar a prisão política de Lula e os ataques à democracia brasileira.
“O Fórum se tornou um grande espaço de denúncia e protestos sobre a prisão arbitrária do ex-presidente e de solidariedade internacional, porque Lula não é só um grande líder no Brasil, ele é uma das maiores lideranças internacionais vivas e que sempre teve condições de fazer a unidade da América Latina para enfrentar o neoliberalismo, o imperialismo e construir relações”, destacou Gleisi.
Já a presidenta legitimamente eleita, Dilma Rousseff, fez um duro discurso contra os ataques neoliberais que os países latino-americano estão sofrendo, e denunciou o golpe político no Brasil, que levou o país a uma profunda crise econômica.
"Eles acabaram com todos os programas sociais, fizeram uma reforma trabalhista com um viés neoliberal, seguindo um modelo que foi derrotado na eleição. Essa segunda etapa do golpe é isso, implantar um modelo neoliberal que foi rejeitado", disse Dilma.
Vídeo Lula
Em um emocionante vídeo editado pela organização do evento, as palavras de Lula foram repassadas aos delegados e participantes do evento. O ex-presidente agradeceu o apoio e solidariedade que tem recebido de todas as partes do mundo.
Ele destacou que a direita não sabe conviver com a democracia e que no Brasil, com o apoio do Poder Judiciário e dos meios de comunicação, querem impedi-lo de retornar ao governo para recuperar a dignidade, a liberdade e os direitos do povo brasileiro.
Ao resgatar o histórico do Fórum de São Paulo, Lula disse que não imaginava a proporção que tomaria este espaço de construção política e destacou a importância do Fórum neste momento.
“Quando propusemos, em 1990, que a esquerda latino-americana e caribenha deveria reunir-se para pensar na profunda transformação que o mundo havia sofrido naquele momento, com a ascensão do neoliberalismo na economia e na política e o fim do regime socialista na Europa Oriental, tínhamos certeza da importância dessa iniciativa”, disse o ex-presidente no vídeo.
“O que não prevíamos é que o Fórum de São Paulo crescesse dessa maneira e que conseguiria se manter como o mais importante, amplo e duradouro Fórum de debates e formação da esquerda latino americana e caribenha ao longo destes 28 anos”, completou.
Segundo Lula, este feito extraordinário foi o que possibilitou, no início do século 21, a vitória da esquerda em diversos países, com a implementação de um programa de governo de combate à pobreza, de participação popular e de integração dos países latino-americanos.
Entretanto, lembra ele, os golpes de Estado ocorridos em alguns países do continente, como Brasil, Paraguai e Honduras, começaram a interromper essa política de inclusão social na região.
“Por isso, as dificuldades que enfrentamos hoje, mais do que nunca, requer a presença, a posição e as ações do Fórum de São Paulo, assim como os debates de conjuntura e as propostas da esquerda para enfrentar as suas dificuldades, ampliando o diálogo com o povo.”
O Fórum
O Fórum de São Paulo foi criado em 1990 e agrupa mais de uma centena de forças progressistas do continente. Pela terceira vez o evento ocorre em Havana (1993 e 2001), em um cenário semelhante ao que o viu nascer há quase três décadas.
Impulsionado por figuras políticas como o líder histórico da Revolução Cubana, Fidel Castro (1926-2016), e por Lula, ex-presidente e fundador do Partido dos Trabalhadores do Brasil, o Fórum de São Paulo surgiu na década de 1990 para dar respostas, à esquerda, aos desafios enfrentado naquele período, como as consequências do avanço do neoliberalismo no mundo, em especial na América Latina.
Participam do 24º Fórum de São Paulo mais de 500 delegados de praticamente todos os partidos de esquerda da América Latina, Caribe, Europa e dos EUA. Dirigentes do PT, CUT, PCdoB, PSOL, MST e MAB representam o Brasil e engrossam as denúncias contra a condenação do ex-presidente Lula e o impedimento dele ser candidato à presidência da República nas eleições gerais de 2018.
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