segunda-feira, 19 de março de 2018

Declaração final da Brigada Sul-americana de Solidariedade a Cuba - 2018

Brigada Sul-americana de Solidariedade com Cuba - edição 2018 - participou 4 países 
Por Sturt Silva

Celebrou-se, em Cuba, entre o final de janeiro e início de fevereiro, a XXV Brigada Sul-americana de Solidariedade com Cuba. Com 120 brigadistas de Argentina, Brasil, Chile e Uruguai, a brigada passou pelas províncias de Havana, Artemisa, Villa Clara, Santiago e Granma e homenageou os 90 anos do nascimento do guerrilheiro heroico, Ernesto "Che" Guevara, os 65 anos do assalto aos quartéis Moncada e Carlos Manuel Céspedes e também o líder histórico da Revolução Cubana, Fidel Castro.

Além de defender a Revolução Cubana como alternativa, seu legado humanitário como exemplo, o fim do bloqueio dos EUA e a devolução de Guantánamo ocupada, a declaração final da brigada também fez um chamado para o encontro americano de solidariedade a Cuba, que ocorrerá em julho na Nicarágua.
Brigadistas brasileiros em Cuba | Fotos: Anita Handfas/Delegação Brasileira
O comunicado também se pronunciou em defesa dos movimentos sociais da América Latina e Caribe, enfatizando a construção de unidade mais ampla possível para resistir aos ataques da direita continental e do imperialismo estadunidense.

Leia a declaração final:

XXV Brigada Sul-americana de trabalho voluntário e solidariedade com Cuba

“(…) cada companheiro caído nas ruas das cidades e nos campos de batalhas despertam em seus irmãos de ideias, um desejo irresistível de dar também a vida, despertam nos indolentes o desejo de combater" (...)" 
Fidel Castro

A XXV Brigada Sul-americana de Solidariedade com Cuba, integrada por companheiros e companheiras de Argentina, Brasil, Chile e Uruguai, estende sua mão sincera e saúda o heroico povo cubano diante do eminente 60º aniversario de sua Revolução. Assim como também saudamos e manifestamos nossa admiração pelas mulheres cubanas e seu papel preponderante na revolução, encorajando a continuidade de seu protagonismo na libertação de nossa América. 

Iniciada em 2008, a crise mundial do capitalismo neoliberal promoveu o reordenamento das estruturas políticas com avanço e liderança de partidos de direita e também de grupos fascistas de extrema-direita, com um discurso de ódio baseado em xenofobia, anti-imigração, racismo e machismo. Além disso, com o objetivo de recuperar as taxas de lucros, a burguesia promove uma série de medidas que aprofundam a exploração da classe trabalhadora, em especial das mulheres, vítimas da dupla opressão – por parte do capital e do patriarcado. Do mesmo modo, todas as guerras, saques e golpes de estado, promovidos pelos países centrais, tem como objetivo a conquista de mercados e obtenção de relações políticas-econômicas que favorecem os interesses imperialistas na América Latina. Este reordenamento político causa o fortalecimento de figuras neoliberais e podemos entender a partir das políticas exercidas pelos Estados Unidos e suas corporações, o financiamento de políticos/partidos e intervenções nos países da América Latina e do Caribe, através de grupos de comunicação, "think tanks", grupos terroristas e golpes de estado como na Venezuela e Brasil.

Esse processo ameaça por fim ao chamado "ciclo progressista" na América Latina, acentuando pelo projeto neoliberal com retirada de direitos, privatizações e maior geração de pobreza e exclusão. Como respostas aos ataques e dificuldades intrínsecas do sistema capitalista e patriarcal, o povo latino-americano demostra seu espírito de luta e ação, organizando grandes greves gerais e diversas mobilizações de luta dos povos oprimidos, destacando o crescimento da organização de mulheres trabalhadoras, movimentos feministas – abarcando os coletivos LGBTIQ-, povos originários, movimento negro, setores sindicais e organizações políticas e estudantis. Também resistindo na luta por terra e na denúncia do genocídio e saque aos nossos povos originários e negros. A tarefa da esquerda e dos movimentos sociais é seguir tecendo a unidade mais ampliada possível para resistir ao avanço da direita e de todos os seus ataques.

Veja um trecho de como foi a abertura da brigada:


E nesse contexto, se reúne a XXV Brigada Sul-americana de Solidariedade com Cuba, que existe porque existe o Povo Heroico de Cuba e sua Revolução. Significa não só a oportunidade de conhecer a prova empírica de que um mundo melhor é possível, se não também a experiência de encontrarmos através das fronteiras nacionais e partidárias para trabalhar em unidade. A Revolução Cubana permite que nossa diversidade já não nos separe, mas nos une no mais importante: o exemplo humanitário de Cuba, único no mundo, que nos compromete a trabalhar coletivamente em ação solidária frente à competição individual que persegue os interesses egoístas, o lucro e a opressão. 

A Solidariedade de Cuba com as causas justas em todo mundo, legado imortal do gigante, Comandante em Chefe Fidel Castro Ruz, é a expressão coletiva de uma verdade humana fundamental: a felicidade só é possível se existir empatia com a dor do outro. Esse princípio será o farol que nos guiará na construção da unidade para o triunfo do Poder Popular. 

Pelo que foi exposto anteriormente exigimos:
  • O levantamento imediato do bloqueio que EUA sustenta contra o Povo Heroico e a Revolução Cubana.
  • O fim das campanhas de difamação aos projetos políticos contrários aos interesses imperialistas e capitalistas, especialmente virulentos contra o povo cubano.
  • A evolução imediata do território cubano ocupado ilegalmente pelos EUA em Guantánamo, assim como reforçamos a revindicação soberana da República da Argentina sobre o arquipélago das Malvinas e ilhas do Atlântico do Sul. 
  • A implementação de políticas de estado que respondam as demandas das lutas do movimento das mulheres latino-americanos para prevenir e combater a violência de gênero.
  • A liberalização imediata de todas e todos presos políticos como Milagro Sala e Rafael Braga. 
  • O fim do assédio e perseguição a ativistas como Francisca Lincana e a reparação das vítimas das ditaduras de Nossa América. 
Além disso, rechaçamos:
  • O modelo extrativista que atenta contra a soberania alimentar, depredando os bens naturais, mercantilizando nossas vidas e ameaçando a vida sobre o planeta; o endividamento interno e externo, o ajuste e as privatizações que geram a transferência de riquezas dos setores populares às corporações, resultando em miséria e na super exploração dos trabalhadores de nossos países. Citamos como exemplo as reformas previdenciária e trabalhista no Chile, Argentina e Brasil. 
  • A violência racista, todos os tipos de violência de gênero, a violência exercida contra à diversidade sexual e a repressão que tem como consequência prisão, assassinatos e desaparições forçadas de pessoas. 
  • As últimas declarações ameaçadoras do presidente Trump contra Venezuela e Cuba.
As e os integrantes da XXV Brigada de Solidariedade com Cuba reafirmam a convicção de que a Solidariedade não é só uma conquista, mas também a prática de combater o imperialismo capitalista e patriarcal em todo momento e em todo lugar. Por isso, chamamos a todas as futuras brigadas a assumir reciprocamente a tarefa de denunciar a destruição que significa o capitalismo em seus respectivos países e no mundo, uma vez que conhecerão a experiência verdadeiramente alternativa que significa a Revolução Cubana.

Para finalizar, esta brigada adere e convoca a todos os povos de nossa América a redobrar os esforços de luta patriótica anti-imperialista para o 9º Encontro Continental de Solidariedade com Cuba, que será realizado na Nicarágua em julho de 2018.

Pátria é humanidade,
Pátria ou colômia,
Pátria ou morte.
Venceremos!
Brigada foi destaque na TV cubana:


Tradução e adaptação: Sturt Silva.

Leia também:

Nenhum comentário:

Postar um comentário