Che Guevara | Efe |
Por Taylan Santana Santos
“Não está morto quem peleia”, assim diz um famoso ditado gaúcho. Há 50 anos da morte física do revolucionário Ernesto Guevara de La Serna, o ato político de lembrar-se desse sujeito histórico nos remete ao fato de que embora tenha sido capturado e covardemente fuzilado, Che Guevara segue como um expoente vivo da luta revolucionária contra a exploração do homem pelo homem na humanidade.
Nascido em 14 de junho de 1928 na Argentina, filho de uma família classe média e dona de terras, Che em sua juventude se desraigou do seio familiar para cruzar a América Latina em viagens cruciais para a sua formação humana. Essas aventuras motivaram o rompimento dos seus laços nacionalistas, lançando-se enquanto um revolucionário internacionalista dos povos oprimidos. Graduado em medicina, Che Guevara optou em exercer seu oficio a serviço dos mais pobres, inserido em comunidades populares na Guatemala, Costa Rica e México. Tais experiências foram fundamentais para a consolidação de sua consciência revolucionária, assim como o seu engajamento na luta política ao lado dos explorados latino-americanos.
Em defesa de uma radical transformação da sociedade, o projeto político de Che perpassava pela derrubada dos donos do poder em prol da emancipação do proletariado- trabalhadores urbanos e camponeses, que compõem a base social da pirâmide capitalista. Seu caminho por essa Revolução tem Cuba como primeiro cenário de vitória. Após conhecer no México os irmãos cubanos Fidel e Raúl Castro, Che ingressa na guerrilha revolucionária de Cuba em nome da Revolução popular. Naquele contexto, Cuba era uma síntese exemplar do imperialismo dos EUA no mundo: um território “colonizado”, governado por uma ditadura burguesa de Fulgencio Batista, serviçal da política norte-americana. A destituição desse governo representaria, portanto, a libertação de Cuba em favor da autonomia e soberania popular do povo cubano.
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E assim foi feito, protagonizado especialmente pelo Comandante Ernesto Che Guevara, sobrevivente do massacre no desembarque em dezembro de 1955 em Cuba. Assim, com apoio expressivo da população campesina, Che influenciou sobremaneira a vitória do Exército guerrilheiro conquistado pelas sucessivas batalhas em Sierra Maestra, Santa Clara e finalmente em janeiro de 1959 durante a efetiva tomada do poder em Havana pelos revolucionários. Após algumas passagens como quadro dirigente do governo socialista cubano, Che assumiu uma importante decisão em 1964: despede-se de Cuba e prossegue no rumo revolucionário internacionalista. Seu intento era fazer uma revolução sem fronteiras, lutando pelo sonho de uma América livre das correntes imperialistas.
Em sua nova campanha guerrilheira, Guevara apoiou o processo de descolonização africana, além de viajar para a Bolívia em 1967, com o plano político de deflagrar uma guerra de guerrilhas capaz de construir uma nova América, unida e emancipada. Capturado pelo exército boliviano em operação com a CIA no fatídico 08 de outubro de 67, Che foi sentenciado ao fuzilamento pelo governo da Bolívia no dia seguinte sem qualquer tipo de defesa. Aos 39 anos, Ernesto Che Guevara foi assassinado, tendo suas mãos decepadas e o cadáver vilipendiado. Seu corpo sofreu torturas durante o martírio final de sua vida e após a sua morte, sendo lançado em uma vala comum destinada ao esquecimento, a fim de extirpar o mito revolucionário de um homem que entregou a sua própria vida em defesa da Revolução. Ademais, o objetivo dos seus assassinos consistia em evitar qualquer foco revolucionário em menção a memória de vida e luta de Che.
Mas isso não foi possível. Guevara é grande demais para ser totalmente morto e apagado. Assim, ao longo dos 50 anos de sua morte, Ernesto Che Guevara tem ressurgido a cada luta dos trabalhadores e trabalhadoras, a cada movimento de libertação nacional e a cada resistência das classes populares frente aos poderosos.
Na América Latina de José Marti e Simón Bolivar, Che Guevara é um símbolo vivo na luta pela emancipação do povo latino-americano. A validade de seus ideais e a experiência histórica de sua vida reiteram as suas próprias palavras de que “os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a primavera inteira”. Portanto, seguimos vivos e combativos, por um mundo sem opressões, Hasta La Victoria Siempre, companheiro Che Guevara!
Taylan Santana Santos é historiador, mestrando pela UNEB.
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