A história não se faz por condicionantes. Mas não há como deixar de cogitar sobre o mundo que hoje estaríamos vivendo caso, no lugar o corrupto e abjeto Leonid Brejnev, a União Soviética tivesse tido como liderança de Estado os irmãos Castro.
E por que da questão? Porque não há como deixar de levar em conta o papel das lideranças política na condução de um processo histórico. Condições objetivas não são nada se não se gerarem as decisões subjetivas, as opções capazes de proporcionar os saltos de qualidade que não se produzem por ordem natural das coisas.
O que os irmãos Castro - com Raul se igualando a [Fidel] Castro pela extrema competência mostrada nesses poucos mas produtivos anos em que sucedeu o irmão, ícone da Revolução - mostraram de especial para que suas lideranças nunca sofressem abalo significativo depois de tantas décadas de governo? Por favor; não me venham com a vulgaridade minimalista do “poder ditatorial”. Não há ditadura que resista, por mais violenta e poderosa que seja, a tanto tempo de poder, sem nenhuma contestação de massas opositoras. Principalmente se este governo está instalado num território onde a população está entre as mais alfabetizadas, cultas e saudáveis do Planeta.
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O que os irmãos Castro propiciaram foi a concretização de um processo revolucionário onde, ao lado das imensas conquistas sociais, um altíssimo grau de politização e consciência de classe esteve sempre presente.
Não por acaso, portanto, a chamada dissidência ao regime, se conta nos dedos: Yoany, Elisário, as divididas Damas de Branco. Todos circulando livremente enquanto se mantêm nos limites das manifestações e declarações com ampla cobertura na mídia internacional. Todos sabidamente financiados por fontes de recursos internacionais, originários sempre de serviços oficiais ou ONGs de linha ultraconservadora.
Cuba dá mais um salto qualitativo com a decisão que o governo Obama toma, por inevitável diante de pressões mundiais crescentes. Os bloqueios externos a Ilha foi submetida, sem se render a despeito de todas as dificuldades materiais, até de consumo de medicamentos e produtos elementares da vida doméstica, não á totalmente extinto, mas sofre redução significativa. Abrindo espaço para uma experiência de novo tipo, cujo exemplo já tem seguidores em governos importantes da América Latina, e que certamente fortalecerão corações e mentes daqueles que acreditam que outro mundo, de justiça social e democratização permanente, possa se sobrepor à hegemonia da barbárie individualista, competitiva e anti-solidária que compõe a essência do regime capitalista.
Luta que Segue!!!
Milton Temer é jornalista e ex-deputado federal do PT. Atualmente é militante do Partido Socialismo e Liberdade - PSOL.
Retirado do facebook do autor.
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