quarta-feira, 9 de abril de 2014

ZunZuneo: os zumbidos do Pentágono contra Cuba


As revelações sobre os planos estadunidenses para criar um Twitter cubano denominado ZunZuneo, com fins subversivos contra a ilha caribenha, estão de acordo com os regulamentos do Pentágono para a guerra cibernética, confirmam documentos oficiais.

Nesse sentido, o Departamento de Defesa estadunidense conta com toda uma estrutura oficial, recursos milionários e pessoal especializado sob às ordens do chamado Cibercomando, liderado pelo general Keith Alexander, também chefe da polêmica Agência de Segurança Nacional (NSA).

Alexander tem pressionado o Congresso para que centenas de militares e civis sob seu comando em Fort Meade, estado de Maryland, recebam mais recursos financeiros e, para isso, vai às audiências no Capitólio, onde procura convencer os legisladores sobre a importância deste tipo de guerra.

O orçamento do Departamento de Defesa para o ano fiscal 2015, apresentado em 4 de março deste ano, ascende a mais de 496 bilhões de dólares e inclui uma parcela de cinco bilhões para as atividades do Pentágono no ciberespaço.

Para cumprir suas funções nesse campo, os militares possuem mais de 15 mil redes e sete milhões de equipes de computação em centenas de instalações, em dezenas de países, afirma a Estratégia do Departamento de Defesa para operar no Ciberespaço, aprovada em julho de 2011.

Com esses meios, a referida agência federal apoia o desenvolvimento de todo o espectro das operações militares convencionais e não convencionais, bem como as missões de inteligência e subversão em todo o mundo em cooperação com outras instituições.

O aumento ininterrupto dos sistemas de redes e plataformas de informática implica que o ciberespaço é parte de um crescente número de atividades que cumprem as forças armadas estadunidenses em âmbito global, acrescenta a Estratégia.

As ações para garantirem as comunicações rápidas e a obtenção de informação de inteligência são elementos vitais para o cumprimento das missões nesse campo, que proporcionam vantagens estratégicas aos Estados Unidos, assinala o texto oficial.

A meta principal é atingir a superioridade no ciberespaço, definida pela Publicação Conjunta JP-3-12 como o grau de domínio que tem uma força que lhe permite a realização segura e confiável de suas missões e as dos agrupamentos terrestres, aéreos, marítimos e espaciais que as apoiam.

Em novembro de 2012, o presidente Barack Obama firmou a Diretiva Presidencial número 20, que ordena mais agressividade dos militares nas redes de informática globais.

Funcionários não identificados revelaram ao diário The Washington Post que este é o esforço mais intenso da Casa Branca para atualizar "a luta no plano da ciberguerra e o ciberterrorismo".

Pela primeira vez, um documento constitucional fez uma distinção explícita entre a defesa das redes e as operações cibernéticas ofensivas sob o argumento de que estas se realizam para proteger os sistemas computadorizados do país.

A diretiva do chefe da Casa Branca é uma tentativa de impor determinadas regras em um debate que existe há vários anos, a respeito de quem está autorizado a tomar determinadas medidas no ciberespaço.

De igual forma, a Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos, em sua versão atualizada em 2013, "reafirma que os militares têm a responsabilidade outorgada pelo Presidente" para se envolver em operações ofensivas nesse campo. "Não podemos deixar que nos peguem de surpresa agentes estatais e não estatais que escolham o jogo da ciberguerra contra nós (...) e por isso os Estados Unidos está comprometido com a expansão do recrutamento, treinamento e desenvolvimento de especialistas em cibersegurança", afirma o texto.

Ainda que quase todos estes programas militares estadunidenses permaneçam no mais estrito segredo, as informações anteriores revelam a existência de uma maquinaria ampla, agressiva e com numerosos recursos que utiliza no ciberespaço, como campo de batalha para a conquista dos objetivos estratégicos de Washington.

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