quinta-feira, 12 de setembro de 2013

"O sacrifício foi pela vida", diz herói cubano preso nos EUA

Por Théa Rodrigues do Vermelho

O antiterrorista cubano Ramón Labariño, condenado injustamente a 30 anos de prisão nos Estados Unidos, afirmou para a agência de notícias Prensa Latina que sacrificou tudo em prol da vida. “Isso dá uma enorme força de vontade e coragem contra todas as adversidades e adversários”, disse ele.

"Os Cinco" são agentes de inteligência cubanos, antiterroristas, que estavam nos Estados Unidos para observar e infiltrar grupos cubano-americanos de oposição ao regime de Fidel Castro
Ao responder um questionário, às vésperas do décimo quinto aniversário da prisão dos “Cinco” – como ele e seus companheiros Gerardo Hernández, Antonio Guerrero, René e Fernando González são conhecidos em Cuba – Labariño afirmou ter convicção de estar fazendo o que é correto.

Os Cinco são agentes de inteligência cubanos, condenados em Miami por conspiração para espionar e assassinar, entre outras acusações. Os antiterroristas estavam nos Estados Unidos para observar e infiltrar grupos cubano-americanos de oposição ao regime de Fidel Castro (Alpha 66, os Commandos F4, a Fundação Nacional Cubanoamericana, e Brothers to the Rescue), quando foram presos em 12 de setembro de 1998.

Segundo disse Labariño, ele e seus compatriotas “dedicaram a vida para defender uma causa humana e jamais fizeram mal a nada, nem a ninguém”.

Para ele, que completou 50 anos de idade no presídio federal de Ashland, no Kentucky, o tempo é relativo: “Se penso em mim, acredito que o tempo não passou. Mas quando vejo as minhas filhas adultas, ou quando me vejo nos olhos da minha amada Eli, o tempo se faz infinito, duro e implacável”.

Por isso, ele afirmou preferir recorrer a outro método de contagem do tempo: “ao dos risos, das alegrias, do retorno e da felicidade, ao tempo precioso de nosso futuro livre em Cuba”. “Sou um eterno otimista, o que posso fazer”, completou o Herói da República Cubana, título que compartilha com seus companheiros de luta.

As origens de Rámon Labariño

O filho de Nereyda Salazar e Holmes Labariño nasceu no dia 9 de junho de 1963, no bairro de Marianao, na capital cubana. Quando criança, “era risonho, tímido e sempre apaixonado pelos esportes e estudos”, contou Ramón Labariño, que se graduou com Diploma de Ouro em Economia, na Universidade de Havana.

Seus maiores tesouros são as filhas Aili, do primeiro casamento, Laura e Lizbeth, da atual esposa Elizabeth Palmeiro. Em fevereiro de 1992, quando saiu de casa para trabalhar no exterior, sua mulher ainda estava grávida de Laura. Dos 23 anos de casado, Ramón Labariño só viveu dois junto à Elizabeth.

Ele se refere à sua família, constituída à distância, com carinho: “minhas belas mulheres”. Labariño, que se classifica como uma “eterna criança”, contou que é “assim também me definem minha esposa Elizabeth, minhas filhas e os que me conhecem”.

Sonhos e inspirações

O agente antiterrorista comentou ainda que, a Universidade foi um período de aprendizado, mas, sobretudo, de crescimento. “Isso me ajudou a construir minhas convicções em todos os sentidos. Agradeço a Cuba, a nossa Revolução, ao nosso sistema socialista”, disse.

Ao responder para a Prensa Latina, com quem gostaria de se parecer, Labariño manifestou: “Trato de ser eu mesmo, guiado pelo exemplo dos grandes, porque é impossível alcançar ícones como Ernesto Che Guevara”.

Ele citou também Antonio Maceo, um dos principais senhores das guerras libertárias na ilha de Cuba durante o século 19, lembrou ainda de José Martí e do líder histórico da Revolução, Fidel Castro, além do ex-presidente venezuelano, Hugo Chávez. “Eles são os meus exemplos cotidianos”, concluiu.

Poesia por Ramón Labariño

“Yo soy un tipo así
exactamente como ves
sin derecho ni revés
simple y sin frenesí.
Con Cuba libre aprendí
Que amar luchando es el caminho
Y esta pelea que hoy conmino
Es por la verdad que conocí
Y seguiré siendo así
Un tipo simple pero con decoro
Que vale mucho más que el oro
A quien le honra morir como viví"

Tradução

“Eu sou um tipo assim
exatamente como vês
Sem direito nem revés
Simples e sem Frenesi
Com Cuba livre aprendi
Que amar lutando é o caminho
E esta briga que hoje travo
É pela verdade que conheci
E Seguirei sendo assim
Um tipo simples mas com decoro
Que vale muito mais o ouro
A quem honra morrer como eu vivi”

Com informações da Prensa Latina.

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