sábado, 14 de setembro de 2013

Ato em SP exige libertação e homenageia os 5 Heróis de Cuba

Cartazes expostos durante evento no Memorial da América Latina. (Foto: Théa Rodrigues)
Por  Théa Rodrigues do Vermelho

Na noite desta quinta-feira (12), o Memorial da América Latina foi palco de uma atividade, organizada pelo Consulado Cubano e pelo Movimento Paulista de Solidariedade a Cuba, em homenagem aos cinco antiterroristas presos há 15 anos nos EUA. Além da exibição de vídeos, uma exposição de cartazes chamou a atenção para o fim da injustiça contra Antonio Guerrero, Gerardo Hernández, Ramón Labañino, Fernando e René González – os Heróis da República de Cuba.

Em 1998, “Os Cinco”, que faziam parte da Rede Vespa, um seleto grupo de agentes infiltrados que combatia os atos terroristas das organizações anticastristas da Flórida, foram presos em Miami, acusados de conspiração e espionagem. Todos os anos, desde que foram levados pelo FBI, são realizados atos de apoio em todo o mundo e, no Brasil, não poderia ser diferente.

“Essa é uma campanha internacional que existe desde a prisão deles, há 15 anos, que é bastante tempo para uma pessoa ficar presa longe da sua família e do seu povo. É uma demanda urgente não só dos brasileiros, mas de todos”, disse Ricardo Alemão Abreu, secretário de Relações Internacionais do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que levou seu apoio à causa.

Em entrevista ao Vermelho, Alemão ressaltou que “nesse momento a iniciativa pela libertação enfoca a pressão sobre o governo estadunidense para que ouça a opinião daqueles que são solidários aos ‘Cinco’”.

Segundo ele, “as condenações simbolizam o absurdo que é a prisão” dos antiterroristas. Gerardo Hernández foi acusado pelo governo norte-americano de conspiração para cometer homicídio e, por isso, ele responde à pena de duas perpétuas. O grupo de antiterroristas foi condenado por 26 crimes no total. Guerrero e Labañino foram condenados também à prisão perpétua; para Fernando a pena foi de 19 anos; e René Gonzáles cumpriu 15 anos – sendo ele o único que já está em liberdade e de volta a Cuba.

Para Socorro Gomes “deve haver a correção de uma injustiça, porque todas as falsas acusações feitas durante o julgamento dos patriotas cubanos foram uma demonstração do ódio e preconceito dos EUA com o povo de Cuba”, disse a presidenta do Conselho Mundial da Paz (CMP) e do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos em Luta pela Paz (Cebrapaz) ao Vermelho, durante o evento.

“Ao fazer uma investigação contra o terrorismo imperialista, os ‘Cinco’ se tornaram mantenedores da paz, ou seja, eles não são heróis só de Cuba, mas de todos que lutam pela paz no mundo”, acrescentou Socorro que sugeriu também que os brasileiros contribuam com a campanha pela libertação “colocando em suas rede sociais #ObamadevolvaosCinco ou #LiberdadeparaosCinco, todos os dias 5 de cada mês”.

Dentre as iniciativas para divulgar a história de Antonio, Gerardo, Ramón, Fernando e René, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) definiu que a campanha internacionalista deste ano será voltada para o caso dos cubanos que ainda estão presos. Segundo Cassia Bechara, do coletivo de Relações Internacionais do MST, “a primeira ação mais concreta da campanha será com as crianças do ‘Sem Terrinha’, que escreverão cartas que serão enviadas às famílias dos cinco heróis”.

Durante o evento, o Vermelho conversou também com Ivette Martinez, cônsul geral de Cuba em São Paulo, leia abaixo a entrevista:

Vermelho: Como o evento de hoje contribui para a luta pela liberdade dos ‘Cinco’? E como o Brasil está se articulando em colaboração ao retorno dos heróis de Cuba à sua pátria?
 

Ivette Martinez Leyva: No décimo quinto aniversário da injusta prisão de nossos heróis, Cuba está lhes prestando uma homenagem, assim como faz todos os anos desde que foram presos. O Consulado de Cuba e o Movimento Paulista de Solidariedade a Cuba (MPSC) articularam uma exposição com cartazes, frases e declarações de personalidades dos EUA e de Cuba favoráveis à libertação. A ideia é tornar a exposição itinerante e levá-la a várias associações culturais do Brasil. A campanha acontece nos sete estados do país onde há consulados cubanos, com diversas atividades, até outubro. No Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul foram feitas apresentações em vídeo com a atualização do caso, do processo, da documentação e da história dos ‘Cinco’ na Assembleia Legislativa.

Qual a principal crítica à prisão dos ‘Cinco’?
Os Heróis da República de Cuba foram catalogados como espiões e não são mais do que pessoas que se infiltraram em organizações terroristas anticastristas para impedir as ações desses grupos e denunciar suas manobras contra o seu país. Eles não buscavam informações sobre questões de segurança nacional dos EUA e, mesmo assim, foram sentenciados a condenações inumanas e foram processados injustamente.

Como o governo dos EUA atuou no caso?
O governo norte-americano pagou, com recursos federais, para que jornalistas de vários grupos de comunicação de Miami criassem um ambiente desfavorável antes, durante e depois do julgamento. Isso ajudou a formar a opinião pública contra eles e condená-los a largas penas de prisão.

Como o atual governo dos EUA deveria atuar neste momento?
Hoje temos que romper o silêncio midiático que há nos Estados Unidos para que o povo pressione o presidente Barack Obama, que é único que tem recursos para mudar essa história. Obama não teve responsabilidade direta neste caso, mas tem a possibilidade de revertê-lo, tem a prerrogativa constitucional para libertá-los. Caso isso ocorra, o presidente norte-americano estaria, em parte, fazendo um bom uso de seu prêmio Nobel da Paz.

Como podemos ajudar a pressionar por uma decisão favorável aos ‘Cinco’?
René Gonzáles disse uma vez que “nós sabemos a verdade está do nosso lado, mas para que a justiça seja feita com verdade, precisamos de milhões de juízes no mundo”, ou seja, necessitamos que milhões de pessoas divulguem a história dos “Cinco”. O povo brasileiro é um povo irmão que sempre apoiou a causa, mas precisamos que continue se pronunciando através das redes sociais, para que o nosso discurso chegue aos norte-americanos, para que juntos possamos exigir a soltura dos nossos compatriotas.

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