terça-feira, 23 de julho de 2013

Juan Carlos Raxach: Carta de um médico cubano

Fonte: VERMELHO

Foi publicado recentemente no blog VioMundo, o depoimento de um médico cubano que vive e trabalha no Brasil. Para fomentar o debate sobre a proposta do governo brasileiro de melhoria do atendimento médico às camadas mais carentes da população, por meio do Programa Mais Médicos, o Portal Vermelho reproduz o texto abaixo:

Carta de um médico cubano: Simplesmente respeito, solidariedade e ética

“Meu nome é Juan Carlos Raxach, cubano, que desde 1998 escolhi o Brasil como meu país de residência, e sinto o maior orgulho de ter me formado, em 1986, como médico em Havana, Cuba.

É com tristeza e dor que vejo as notícias publicadas pela mídia e nas redes sociais, a falta de respeito e de solidariedade proveniente de alguns colegas brasileiros, profissionais ou não da área da saúde, que atacam e desvalorizam os médicos formados em Cuba como uma forma de justificar a sua indignação às medidas tomadas pelo governo brasileiro no intuito de melhorar a qualidade dos serviços do SUS.

A qualidade humana e a alta qualificação dos profissionais de saúde cubanos têm permitido que ainda hoje, quando o país continua a enfrentar graves problemas econômicos que se alastram desde os anos 90, após a queda do campo socialista da Europa do leste, os índices de saúde da população cubana seguem colocados como exemplo para o mundo.

São índices de saúde alcançados através do trabalho interdisciplinar e intersetorial desses profissionais.

Por exemplo, em 2012 a mortalidade infantil em Cuba continuava sendo 4,6 por cada mil nascidos vivos, menor que o índice de Canadá e dos Estados Unidos.

A expectativa de vida é de 78 anos para os homens e 80 para as mulheres.

E já em 2011 existia um médico a cada 143 habitantes.

Em 2012, a dra. Margareth Chan, diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), reconheceu e elogiou o modelo sanitário de Cuba e destacou a qualidade do trabalho que realizam os profissionais de saúde e os cientistas cubanos, e felicitou às autoridades cubanas por colocar o ser humano no centro da sua atenção.

Não é desprestigiando nossos colegas de profissão, seja qual for o seu país onde tenha se formado, que vamos colocar em pauta e debater as verdadeiras causas da deterioração da qualidade dos serviços de saúde no Brasil.

Na hora de nos manifestar, o respeito, a solidariedade e a ética são necessários para estabelecer o diálogo e ir ao encontro da solução dos problemas.

Solidariamente,

Juan Carlos Raxach*

*É ainda assessor de projetos da Associação Brasileria Interdisciplicar de AIDS – ABIA.

Um comentário:

  1. Parabéns Juan Carlos. Estou muito revoltado com a atitude de alguns médicos . É verdade, o médico cubano não tem o computador na sua mesa de trabalho, mas tem o que deve de ter, o conhecimento e as capacidades necessárias para enfrentarse a qualquer problema de saúde. E.., o que vemos aqui?. Muito deles não tem o conhecimento que devem ter para exercer a profissão, se tirar o computador de sua mesa de trabalho, com certeza que não podem trabalhar. Será que eles aprovam o exame que exigem aos médicos extrangeiros para receber o CRN? Tem muito médicos a quais não lhes importa a saúde do povo. Estes médicos o se acham que são a elíte, o se vendem a esta. Não há justificação possível para impedir que agora, nestes momentos, o Brasil importe médicos. Esses médicos fazem um jogo sujo, que não corresponde a uma profissão tão humana. Parabéns Juan Carlos pela sua valentia, me imaghino todo lo que já devem estar escrevendo cotra você.

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