Guantânamo
Guantânamo
Abriremos tuas portas
Arrancaremos teu arame farpado
Derrubaremos teus muros
Destruiremos tuas grades
E o teu nome
Será pisoteado
Pelo peso da justiça
E da liberdade
Sabemos que os gritos
Dos prisioneiros
Permanecerão flutuando
Como um eco
De estrelas infinitas
Sabemos que a dor
Impregnará o silêncio
Das noites mais profundas
Sabemos que o teu nome
Insistirá
Entre escombros
Navio fantasma
No horizonte
Da memória
Acaso
O arco-íris
Alguma vez pintou
Os teus muros altos?
Acaso
A brisa do Caribe
Roçou tuas grades
Pelo menos
Um instante?
Ou acaso
O sol do crepúsculo
Alguma vez desceu
Em teus olhos
De carrasco?
Na última foto
Que tirem de Guantânamo
Caberão todos os gestos
Daqueles que no mundo
Sempre se opuseram
A este intruso
Em solo cubano
Na última foto
Que tirem de Guantânamo
Caberão todos os corpos
Torturados
Todos os dias e noites
E silêncios
Gravados nos desenhos
Das paredes úmidas
De sangue
Mas talvez
Alguma flor
Possa surgir
No teu solo ensangüentado
Quando
Algum dia
Alguém se plante
Frente ao mundo
E diga:
“Guantânamo hoje
Será derrubado”.
Carlos Pronzato (in Ode à Revolução)
Lindo...
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