sexta-feira, 3 de agosto de 2012

"Nosso povo tem uma vocação pacífica, mas saberá defender-se"

Versão das palavras proferidas pelo general-de-exército Raúl Castro Ruz no ato central pelo dia 26 de julho em Guantánamo.
Fonte: Granma

"Nosso povo tem uma vocação pacífica, mas sempre saberá defender-se", expressou o general-de-exército Raúl Castro, ao dirigir-se aos moradores de Guantánamo reunidos na praça Mariana Grajales, no ato central pelo 59o aniversário do ataque aos quartéis Moncada e Carlos Manuel de Céspedes.

general-de-exército Raúl Castro Ruz Depois do discurso de Machado Ventura no encerramento do ato e aclamado pela população de Guantánamo, Raúl foi ao pódio e assinalou: "Não venho para proferir um discurso, venho para cumprimentar todos os que estão aqui e todos os que estão na província de Guantánamo e no país todo". E acrescentou a seguir: "Este foi um ato exemplar, como deveriam ser todos os atos, com uma magnífica introdução de nossos jovens artistas da província e de todos os que estão nesta tribuna, e apenas durou 55 minutos".

Depois, lembrou as intensas jornadas que caracterizaram estes dias e manifestou: "Já Machado explicou que, na semana passada, tivemos uma atividade muito intensa, não apenas foram três discursos em cada um dos eventos assinalados por Machado, aí não se proferem discursos, salvo no Parlamento; os demais foram discussões, nalguns casos abertamente, no Conselho de Ministros, no Comitê Central, discutindo e aprofundando nos mesmos temas que depois foram legalizar no supremo órgão do Poder do Estado, que é nosso Parlamento, nossa Assembleia Nacional".

Visivelmente empolgado, o presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros expressou: "sentimos um amor profundo por todo nosso país, por toda a América Latina e, naturalmente, por aqueles lugares onde vimos combater o povo, onde vimos cair dezenas de companheiros, onde vibra a terra. Aqui treme a terra, porque não tremem os homens, e apontou: "Isso é uma ousadia. Nem os homens, nem as mulheres em toda Cuba tremem e já demonstramos isso neste mais de meio século que levamos nesta luta".

Lembrou que nessa terra ele combateu junto a todos seus companheiros do Segundo Front Oriental Frank País. Comentou aos cubanos e cubanas que ao aproximar-se de Guantánamo, estava vendo com orgulho as centenas e centenas de quilômetros caminhados por Fidel desde o desembarque do iate Granma, em Las Coloradas, até Guisa. "Também nós nos estendemos rapidamente, com um front que chegou a atingir 12 mil quilômetros quadrados, devido ao trabalho de preparação dos povoadores de Guantánamo".

Depois, com o tom de sua jocosidade disse: "no ano próximo completaremos 60 anos do ataque ao quartel Moncada" e acrescentou: "Nesse dia, deixaremos Machado falar no Parlamento e eu falarei em Santiago de Cuba". E lembrou que antes do Moncada haverá que ir à Marcha das Tochas com os estudantes, com os heróicos estudantes cubanos, desde a Colina Universitária até a Frágua Martiana, em 28 de janeiro, como fez a Geração do Centenário, há 60 anos.

Raúl assinalou a necessidade de continuar para a frente no cumprimento das tarefas e apontou: "Não vou repetir o que foi exposto no Congresso, na Conferência Nacional do Partido, em todas as atividades. Temos que continuar" Temos que continuar para a frente, ao ritmo que decidamos os cubanos, sem pressa, mas sem trégua, aos poucos, aos poucos".

Como exemplo dessa afirmação, lembrou aos assistentes que se continuará perseverando, para ir cumprindo todas as metas que, num dado momento, foram talvez muito ambiciosas pelo desejo de fazer coisas em benefício da população e da Revolução, mas que vão sendo planejadas agora, segundo as possibilidades e os recursos que tenhamos.

O primeiro-secretário do Comitê Central do Partido ressaltou que a direção está informada de todos os problemas que enfrenta o país, que enfrenta a população: que os salários estão baixos, que há muitas dificuldades; mas enquanto não se avance na produção e na produtividade, começando por aquelas tarefas que estão na mão, que se possam atingir, como é a produção de alimentos para poupar bilhões de dólares de importação, não se poderão produzir aumentos salariais.

Disse que num dado momento foi concedido aos professores, não na quantidade que tivéssemos desejado, mas alguma coisa foi feita. Os próprios médicos ganham muito pouco. "Assim estamos todos, mas vivemos e mantemos esta Revolução por mais de meio século, que é a grande proeza do povo cubano".

Fazendo um balanço de nossas lutas pela independência, Raúl descreveu a firmeza do povo, desde os iniciadores da primeira guerra pela soberania do país, em 1868; aos que combateram na Guerra Chiquita; a José Martí, que não claudicou, apesar dos fracassos como o da Fernandina, quando perdeu as armas reunidas com tanto esforço pelos tabaqueiros cubanos nos Estados Unidos, e desembarcou com Máximo Gómez por Cajobabo para a gesta de 1895, enquanto por Duaba o faziam Antonio e José Maceo, e Flor Crombet. Referiu-se à intervenção norte-americana que não deixou que os lutadores pela independência entrassem vitoriosos em Santiago de Cuba, iniciando-se, desde 1o de janeiro de 1899, um domínio total dos Estados Unidos.

Deixaram-nos um hino, um escudo e uma bandeira, "isso foi suficiente para reconquistar o outro", sentenciou. Comentou que se fosse feita uma comparação entre o último censo de população efetuado pela metrópole espanhola e o primeiro dos intervencionistas norte-americanos, aparece uma considerável diminuição da população cubana.

Abundando nessa época de tanta subordinação da burguesia ao império, Raúl apontou que foram "sessenta anos de domínio absoluto!, até o ponto de que a chegada do senhor embaixador dos Estados Unidos era mais importante que a eleição dum presidente. E era real, era mais importante o embaixador americano que o presidente da República, e alguns jornais em suas manchetes, simplesmente nem diziam o nome, nem o país de onde provinha. Simplesmente diziam: "Chegou o embaixador", ou seja, chegou o mandachuva, até que numa data igual, 60 anos depois, à capital da república — depois de ter combatido em todo o país na luta guerrilheira ou clandestina — chegaram os barbudos de Fidel e acabou o desleixo".

Raúl comentou que agora aspiram, com o apoio de seus grupelhos, a que cá aconteça o da Líbia, ou o que querem fazer com a Síria, mas advertiu que esta é uma ilha pacífica, que o povo gosta de dançar, fazer amizade com todos, inclusive com os Estados Unidos, "mas é um povinho forte e se quiserem confronto melhor que seja apenas no beisebol, ou em qualquer outra modalidade de esporte, onde às vezes eles ganham e às vezes nós, mas no demais não, que nos respeitem".

Não se pode dirigir o mundo, e muito menos baseado na mentira repetida, ao estilo do ministro de propaganda de Hitler. No dia que quiserem a mesa está servida, como já lhes foi dito. "Se quiserem discutir, reiterou o presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros, discutiremos, sobre direitos humanos, democracia, sobre todos esses contos que inventaram nos últimos anos. Vamos discutir de tudo, mas em igualdade de condições, porque não somos submetidos, nem fantoches de ninguém. E convocou, também, para debater os problemas de seus aliados, da Europa ocidental, fundamentalmente.

"Entretanto, aqui estamos com mais coisas ou menos coisas, mas sempre com a cavalaria pronta pelas dúvidas". E apontou, contudo, que "mais uma vez proclamo aqui nossa vocação pacífica. Não temos nenhum interesse em fazer dano a ninguém, mas nosso povo sabe defender-se, aqui não temos que dizer para ninguém o que tem que fazer".

E concluiu: "em nome do companheiro Fidel e de todos os líderes do país, alguns dos quais estão aqui — já Machado disse isso —, um abraço a todos os povoadores de Guantánamo".

- "É preciso lutarmos contra o esbanjamento, contra a indolência e as atitudes negligentes ou burocráticas"

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