quarta-feira, 25 de abril de 2012

Cuba trilha caminho para aprofundar Revolução, diz dirigente.


Fonte: VERMELHO

Em debate realizado na noite de segunda-feira (23) na sede do Partido Comunista do Brasil, em São Paulo, membro do Departamento de Relações Internacionais do Partido Comunista de Cuba, Francisco Delgado, afirmou que o seu país está aprofundando as reformas delineadas no 6º Congresso do PCC, para fazer o que os cubanos chamam de "Transição para o Socialismo".

Realizado no 6º andar da sede nacional do PCdoB em São Paulo, o debate foi mediado pelo secretário de Relações Internacionais do Partido, Ricardo de Abreu "Alemão", teve a presença de membros e militantes, dirigentes sindicais, representantes de organizações civis e juvenis. Além de Delgado, também participou do debate Lázaro Mendes, cônsul-geral de Cuba em São Paulo.

Em sua explanação, Delgado chamou a atenção para o trabalho que acadêmicos têm feito nos últimos anos no sentido de desenvolver o socialismo no país. Segundo ele, os critérios básicos para isso foram delineados no 6º Congresso do PCC, realizado no ano passado. 

"O que entendemos por Transição para o Socialismo envolve critérios básicos, como a igualdade de oportunidades, o respeito aos direitos sociais, a Justiça social, o desenvolvimento da educação para suplantar o subdesenvolvimento", explicou Delgado.


Além desses critérios, há também a necessidade de uma economia sólida, uma estrutura econômica bem formada. "Sem ela a transição se torna impossível", relatou. "Isso interfere na eficiência da economia, que se torna maior. A questão do meio ambiente também é importante na estruturação da economia", continuou.

Porém, tudo isso deve estar subordinado a um princípio básico, ressaltado pelo partido no congresso, que é a proeminência do ser humano sobre todos os princípios. "Para se chegar ao resultado, deve-se avaliar que benefício terá o ser humano. Somente assim, se o benefício for real, a mudança será aplicada", relatou Delgado.

Após a leitura do documento – que será apresentado na íntegra em português na próxima edição da Revista Princípios – por Francisco Delgado e uma rápida explanação de Lázaro Mendes sobre a construção do socialismo em Cuba, Ricardo "Alemão" abriu o debate para o público presente em nome do PCdoB.

"Bombardeado" por perguntas de todos os gêneros, Delgado respondeu a todas elas, explicando em detalhes questões como a presença da mulher nos orgãos de poder, a participação do PCC no governo do país, as mudanças na legislação para aumentar a produção agrícola do país e também a influência da religião em Cuba.

Sobre a propriedade em Cuba, Delgado afirmou que existem três tipos no país, a estatal, a mista e a privada. A mista surge durante o período denominado de "Especial", quando ocorre a desaparição do bloco socialista, aliado econômico de Cuba e o país se vê diante de uma situação econômica grave, piorada ainda mais com o bloqueio selvagem imposto pelos Estados Unidos.

Delgado revela também que a propriedade privada é algo que existe desde o período revolucionário, sendo que aproximadamente 15% das terras aráveis são privadas, devido aos decretos emitidos na época pelo governo revolucionário. Ressaltou também que o governo repassa hoje terras aos trabalhadores que manifestam a intenção de trabalhar no campo.

Indagado sobre a situação da mulher em Cuba, Delgado revelou que cerca de 60% das pessoas graduadas no país são mulheres, mas isso não se reflete na política ou no poder. "É preciso estudar uma nova política de quadros que reflita melhor o papel da mulher na sociedade cubana", afirmou.

"O país herdou alguns prejuízos da época pré-revolucionária, e o machismo é um deles", lembrou. 

Indagado sobre a importância da religião no país, Delgado afirmou que, segundo a própria Igreja Católica, apenas 1% dos cubanos frequentam as missas no país. Também lembrou que a presença de islamitas ou judeus é "insignificante" ou muito pequena. 

Mesmo assim, o Estado cubano modificou sua constituição na década de 1990 – com mais de 95% de aprovação popular, lembra Delgado – retirando o caráter ateu do Estado, modificando-o para o caráter laico. "Isso destaca a liberdade religiosa existente na Ilha", já que o Estado não pode, filosoficamente falando, defender uma postura a favor ou contra uma religião, segundo afirmou Delgado.

Outro aspecto questionado pelos presentes é a situação salarial dos trabalhadores cubanos. Delgado afirmou que existem estudos para modificar o "igualitarismo" que se manifesta nos salários, em que há trabalhadores com desempenho melhor que outros mas mesmos salários, produzindo o que Delgado chamou de "desigualdade social".

Segundo ele, os atuais níveis salariais estão "abaixo da necessidade dos trabalhadores", o que motiva a existência também de um aspecto da sociedade largamente combatido em Cuba, o da corrupção.

Da redação

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