sábado, 28 de janeiro de 2012

Terceiro dia em Cuba


Hoje vamos nos juntar a todos os companheiros e companheiras da Brigada Voluntária Sulamericana de Solidariedade a Cuba que já chegaram. As brigadas foram criadas por Che em meados dos anos 60 para trazerem pessoas do mundo inteiro e as fazerem ver com os próprios olhos como vivem os cubanos. O Instituto Cubano de Amizade aos Povos (ICAP) fica a cargo de todo o planejamento e organização.  E ao melhor estilo “Che” os brigadistas participam durante esse tempo de diversas atividades como: trabalhos no campo, visitas a escolas, hospitais, conversas com representantes de movimentos sociais locais, jornalistas locais e cuidar da organização de festas temáticas sobre seu país de origem.


Começo da Rua Obispo onde há comércio de livros, broches, cartão postal e muito 

mais
Ao longo do ano Cuba recebe milhares de pessoas do mundo inteiro. Quando acaba uma brigada, já tem outra para começar com pessoas de lugares completamente diferentes. (tanto que quando chegamos ao acampamento ainda tinha um pequeno grupo de canadenses que estavam no fim da brigada que vieram integrar). 

Na Brigada em que participei éramos em 300 pessoas todas da América do Sul dividas entre Brasil, Chile, Argentina e Uruguai. Os brasileiros eram o maior grupo com 100 representantes de estados como: São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraíba e Maranhão. Para abrigar a todos, o ICAP dividiu em dois grupos de 150 pessoas. Metade ficou no acampamento na cidade de Caimito (próximo a Havana e que sempre é usado para essas atividades) e outra metade percorreu o país para conhecer o interior hospedando-se em hotéis. Depois as programações foram invertidas. Entre esses dias todos se encontraram para participar de festas e haver total integração. Foram 15 dias com a programação da Brigada, viajamos por mais ou menos mil quilômetros e o custo foi de apenas 355 doláres com todas as despesas de estadia, transporte e alimentação inclusas no preço.


Antes encontrar com os brigadistas fui na livraria onde a Maria indicou e é realmente muito barato. A loja fica na Rua Obispo, uma rua famosa por diversas lojas destinadas aos turistas e ao comércio local. Comprei 6 livros por 60 pesos cubanos (cerca de 5 reais). - Fala sério em que país o povo paga tão barato para ter acesso a cultura? -  Perambulando pela livraria notei que a maioria dos autores são os próprios cubanos. 

Com dois andares os livros são divididos por categorias e tem para todos os gostos, desde infantil a adulto, e até uma coleção de dvd’s para alugar. Lembrando que essa loja por pagar em pesos cubanos são os próprios cubanos que a mais freqüentam. Como essa livraria existem centenas pelo país e cada família cubana tem uma biblioteca particular em casa. 

 Na volta ainda na Rua Obispo parei numa mesa no meio da rua onde um jovem de cabelos compridos e óculos escuros de nome Alvaro que vende livros e centenas de broches, a maioria da antiga União Soviética. Conversando com ele soube que já fazem 15 anos que ele comercializa broches, e custam desde 5 dólares até 10 dólares cada.

Voltei para casa, comprei duas caixas de charuto Cohiba com a irmã de Nelson, me despedi como se fossem meus parentes e fui encontrar-me com o restante do grupo para começar nossa participação na Brigada. 

Conversando com os companheiros e companheiras soube de lugares muito baratos para comer onde paga-se cerca de 1 real (10 pesos cubanos) por um prato de macarronada e menos de 10 centavos (1 peso cubano) por um bolinho de bacalhau e ambos estavam deliciosos segundos o pessoal que comeu. 

Saímos todos com um ônibus (novo, é sempre bom lembrar) fretado pelo ICAP desde a Casa de Amizade aos Povos, em Vedado, Havana até o acampamento que fica em Caimito, há 45km da capital cubana. Pegando a estrada vi a diferença do Brasil por haver muito menos trafego e também gostei do estado do asfalto que não era todo esburacado como a maioria das ruas, avenidas e estradas brasileiras. Chegamos ao nosso destino a noite, pagamos o custo do nosso intercambio de 355 dólares, os brasileiros ficaram divididos em dois grupos e como sou de SP fiquei no grupo com o RJ, BH, RS, MA e PI. E também com os argentinos e chilenos. A programação para nosso grupo se destinava a conhecer o interior do país e o restante continuou no acampamento para as atividades locais, as quais participamos depois. 

No centro em pé de camisa branca e colar o "comandante" Polin numa das noites
no acampamento

Ainda naquela noite aconteceu a Festa Cubana. Uma festa de bem vindas regada a rum, charuto, comida típica e muita musica cubana. Na total integração entre brigadistas e cubanos fizemos amizade com o chef de cozinha Polin que é o comandante da cozinha do acampamento. Polin é um cubano negão (como dizemos no Brasil) de quase 1,90 de altura, gordão, careca e com um ótimo senso de humor. Com apenas 25 anos ele comanda há 3 anos esse cargo de chefia e sempre demonstrou muito contentamento e satisfação por fazer o que faz e principalmente por viver em Cuba. Essa noite ficou marcada como uma das noites mais divertidas e que mais dancei em toda minha vida. Coisas que acontecem apenas em Cuba, uma Ilha mágica.

Nenhum comentário:

Postar um comentário