segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Os Cinco cubanos: heróis, de facto!!!


Do jornal Avante!
José Casanova
                           
Há dias, e uma vez mais em vinte anos, a ONU, por esmagadora maioria – e apenas com os habituais votos contra dos EUA e de Israel – condenou e exigiu o fim do bloqueio dos EUA a Cuba

«Eles não são criminosos. São heróis», escreveu Noam Chomsky referindo-se aos Cinco cubanos presos nos EUA há mais de treze anos.

E assim é: António, Fernando, Gerardo, Ramón e René são heróis, de facto.

Não daqueles heróis made in USA – super-homens, homens-aranha e etc. que, sozinhos e graças a poderes inumanos, vencem tudo e todos para regalo de espectadores distraídos e consciências adormecidas – mas heróis de carne e osso, de dignidade e coragem assumidas pela dedicação das suas capacidades, das suas inteligências, das suas vidas à luta por causas justas, pelo bem colectivo, pela sua pátria.


E abundam as provas dessa heroicidade dos Cinco: eles lutaram contra o terrorismo infiltrando-se corajosamente nos grupos terroristas anticubanos e revelando ao governo dos EUA os crimes que, contra Cuba, estavam a ser preparados em Miami; presos, eles foram submetidos a brutais interrogatórios e fechados em celas individuais durante 17 meses; o julgamento de que foram vítimas – em Miami, num ambiente claramente hostil, porque lhes foi recusado o pedido para serem julgados noutra cidade – durou mais de seis meses (foi o julgamento mais longo de sempre nos EUA) e constituiu uma autêntica farsa, em muitos aspectos fazendo lembrar os julgamentos dos tribunais plenários fascistas em Portugal; as condenações, apesar da ausência de provas – e não obstante as provas em contrário – foram extremamente pesadas, somando quatro prisões perpétuas mais 77 anos; o cumprimento das penas tem vindo a ser feito em celas de segurança máxima em cinco prisões separadas, com total isolamento – e sempre com a recusa, por parte das autoridades dos EUA, dos vistos às esposas de dois dos presos.

A tudo isso, os Cinco resistiram com firmeza e dignidade extremas. Heroicamente, portanto.

E enquanto assim resistiam – e venciam – o brutal e desumano aparelho repressivo da auto-proclamada «pátria da liberdade, da democracia e dos direitos humanos», eles rechaçavam inequivocamente as pressões e chantagens de todo o tipo a que eram sujeitos, recusando vender a dignidade e a honra em troca da libertação.

Portanto, insista-se, heróis, de facto, estes Cinco cubanos.

E, por isso, dignos representantes do heróico povo de Cuba.

E, por isso, merecedores da nossa solidariedade activa – que nunca será demais.

A prisão do silêncio

Acresce, ainda, que os Cinco estão submetidos a uma segunda prisão: a do silenciamento total sobre a sua situação por parte dos chamados órgãos de informação dos EUA e da imensa rede de sucursais destes espalhada por todos os países do planeta e que, em todo o lado, desinformam, manipulam, deturpam, silenciam os factos, ao sabor dos exclusivos interesses do grande capital, seu dono e senhor.

Este é um caso em que a «liberdade de informação» tão proclamada por esses media mostra a sua verdadeira face: silenciando a clamorosa injustiça que é a prisão dos Cinco heróis cubanos e as brutais condições prisionais a que eles estão sujeitos, esses media afirmam-se, também, como seus carcereiros, tarefa que, aliás, cumprem com um zelo de fazer inveja aos guardas prisionais…

E como incisivamente sublinhou Ricardo Alarcon, presidente da Assembleia Nacional do Poder Popular de Cuba, esse silenciamento dos media dominantes em relação aos Cinco, «é a demonstração mais evidente de que Gerardo, Ramón, António, Fernando e René são absolutamente inocentes» – e fundamenta: «se eles tivessem feito, ou tentado fazer, algo contra os interesses dos Estados Unidos ou contra o povo norte-americano, o seu caso não seria tão cuidadosamente escondido pela grande imprensa. Teria sido exactamente ao contrário. Falariam deles dia e noite (…), mesmo que fosse para mentir, para falsificar a realidade ou para inventá-la como vêm fazendo há mais de meio século contra a sua Pátria».

E a confirmar que os que controlam a informação estão vigilantes, veja-se a eficácia com que esses media dominantes escondem a actividade do movimento pela libertação dos Cinco – um movimento que existe, de forma organizada, em mais de trezentos Comités nacionais, e que continua a crescer; um movimento que conta com o apoio de milhares e milhares de cidadãos anónimos, homens, mulheres e jovens oriundos de praticamente todos os países do mundo, inclusivamente dos próprios Estados Unidos, e aos quais se juntaram milhares de intelectuais e artistas, milhares de altas personalidades de todo o mundo, designadamente dez prémios Nobel: um movimento que, registe-se, tem a sua expressão no nosso País na existência e na actividade do Comité Português para a Libertação dos Cinco – uma existência e uma actividade que os media dominantes em Portugal silenciam cirurgicamente...

Como afirmou Leonard Weinglass, advogado norte-americano dos direitos civis, «o pior que pode acontecer a alguém dentro do sistema de justiça norte-americano é estar sozinho. A solidariedade é necessária, não para intimidar os tribunais, mas para mostrar que o mundo está vigilante e que a lei deve ser cumprida».

Assim sendo, a intensificação das acções de solidariedade para com os Cinco apresenta-se como uma exigência premente.

Romper o silêncio

A luta pela libertação dos Cinco é parte integrante da solidariedade para com o povo cubano na sua resistência heróica face ao criminoso bloqueio, instrumento com o qual sucessivos governos do EUA vêm tentando, há meio século, liquidar a Revolução cubana e integrar Cuba no dócil rebanho das países lacaios-para-todo-o-serviço do imperialismo norte-americano – um bloqueio ao qual o povo cubano continua a responder com uma dignidade e uma coragem singulares.

Sem dúvida vivendo muitas dificuldades; sem dúvida sofrendo na pele as muitas e graves consequências decorrentes desse bloqueio – mas resistindo, resistindo sempre. Heroicamente.

E sempre contando com a solidariedade dos trabalhadores e dos povos do mundo, de todos os que têm a Revolução Cubana como referência fundamental.

Há dias, e uma vez mais em vinte anos, a Assembleia Geral da ONU, por esmagadora maioria – e apenas com os habituais votos contra dos EUA e de Israel – condenou e exigiu o fim do bloqueio dos Estados Unidos a Cuba

Sublinhe-se que este isolamento internacional daquele que é o principal e mais perigoso inimigo de Cuba, é bem a prova da razão de Cuba e do seu povo.

É certo que para Obama – como, antes, para Bush-filho, Clinton, Bush-pai, etc, etc. – a opinião da imensa maioria dos países do planeta só conta se ela for favorável aos insaciáveis interesses dos EUA, interesses que o império defende a ferro e fogo, se necessário recorrendo à barbárie como acaba de acontecer na Líbia.

Mas não é menos certo que, como a História nos tem mostrado, a luta dos trabalhadores e dos povos do mundo é capaz de obrigar o imperialismo norte-americano a encolher as suas garras.

E é nessa luta – constante e persistente – que está o caminho para um futuro de justiça social, de democracia, de liberdade e de paz para toda a humanidade.

Heróis, de facto, e parte integrante do heróico povo de Cuba, os Cinco – António, Fernando, Gerardo, Ramón e René – precisam e merecem a solidariedade de todos os que não desistem de lutar por um mundo novo – uma solidariedade massiva, que rompa o cerco de silenciamento dos media dominantes em todo o planeta, que atravesse fronteiras, que galgue mares e oceanos e que, chegando até à opinião pública dos Estados Unidos e em uníssono com ela, se transforme numa enorme e imparável vaga libertadora.


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