terça-feira, 16 de agosto de 2011

Sumbe: preservar a memória do sacrifício

por Susana Mendez 
Tradução de Guilherme Coelho.

Sumbe, o filme cubano dirigido por Eduardo Moya, foi estreado em Agosto na sala Charles Chaplin do Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográfica ( ICAIC ). 

Por esta razão, foi realizada uma reunião entre os realizadores do filme e a imprensa nacional na galeria Servando Cabrera da capital, com a participação de Moya, também roteirista de Sumbe, Humberto Hernandez, que teve a seu cargo a produção, o actor Alden Knight, que interpretou o personagem do brigadeiro da UNITA Chendababa e o Coronel (R) Juan A. Castillo Vazquez, participante da gesta narrada no filme e assessor militar do mesmo. 


Em 25 de Março de 1984 um pequeno grupo de trabalhadores, professores, médicos, técnicos e assessores cubanos com escasso armamento, junta-se aos angolanos para defender a cidade do Sumbe, capital da Província de Kwanza Sul, Angola, do ataque das forças de elite da UNITA com o objectivo principal de causar um impacto internacional e capturar prisioneiros estrangeiros entre os colaboradores de vários países que ali se encontravam. Sitiados e isolados, resistem ao ataque por quatro horas, enquanto esperam pelas tropas da Forças Armadas Revolucionárias Cubanas. 


Moya começou por dizer que este filme pertence aos combatentes de Sumbe e é um filme colectivo, onde o protagonista essencial é a massa de combatentes, tanto civis como militares, que produziu um facto matemático incomum que demonstra os princípios humanos, éticos e políticos dessas pessoas, cujos testemunhos dramáticos foram o argumento e são reflectidos de uma forma sintetizada: "a imaginação não teve que trabalhar muito, porque os testemunhos eram muito fortes e a muitos houve que baixar o tom dramático", disse Moya. 

Explicou ainda: "No mundo de hoje quando se lida com o drama de guerra, é sempre a partir da ideia de que a guerra é um espectáculo e para mim, pelo contrário, a guerra não é um espectáculo, a guerra é uma desgraça, que causa dor, morte, incerteza e, por vezes, confusão. Propus-me a que o filme fosse uma reportagem histórica, para ficar um pouco mais perto da realidade, eu queria alcançar uma visão de repórter de guerra. 

"Este drama bélico é um tributo à memória histórica relativa á generosidade, heroísmo e sacrifício do povo cubano em Angola. Esse era o propósito, a intenção, preservar e conservar essa memória", disse o director. 

Moya também considerou que Sumbe é um filme não concluído, uma vez que carece do processo de passagem de suporte digital para celulóide, o que lhe daria uma imagem de maior qualidade, mas decidiu-se estreá-lo já porque é uma produção do ano passado, de 2010. 

Os principais locais de filmagem foram Brisas del Mar, Reparto Guiteras, Jibacoa e San Antonio de los Baños e as actuações mais importantes foram entregues a Fernando Hechevarria, Alden Knight, Jorge Martinez, Roberto Perdomo, René de la Cruz e Enrique Bueno. 

A equipe técnica é composta na direcção de arte por José Manuel Villa, Nieves Laferté na cenografia e Kenia Velazquez na edição; o trabalho de efeitos especiais e pirotecnia foi assumido por Omar Valdés e a música é de destacado compositor e intérprete José Maria Vitier. 

O actor Alden Knight fez uma interessante reflexão sobre o personagem que interpreta, que é o brigadeiro da UNITA Chendababa, sobre o qual disse: "Eu defendi-o a partir de o conceber como um patriota; sentia-se um patriota para proteger a sua terra de gente vinda de fora da Europa e América para apoderar-se da sua nação. Esta verdade do personagem é um ponto de vista muito importante quando se faz um filme como este (....) E realmente ajudou muito a que não houvesse clichê". 

Por sua parte, o coronel Juan A. Castillo Vazquez, que testemunhou o evento que é recriado no filme, comentou: "Aqueles que tiveram a oportunidade de viver esses momentos sentem sempre a grande preocupação de perder a memória desse facto. Eu estive basicamente na luta da igreja, mas houve mais operações testemunhadas por outros companheiros, o que permitiu dar a essas 30 horas que narra o filme, uma visão real, sem ser um testemunho e recolha do que aconteceu, como os cubanos estavam na missão, as contradições e fraquezas que existiam, (...) pudemos reconstruir uma versão bastante precisa do que foi essa batalha, que foi muito forte, na qual morreram nove companheiros e houve mais de vinte feridos. Que este filme permaneça como um testemunho para as gerações futuras é a melhor homenagem que podemos esperar. " 

A ante-estreia de Sumbe realiza-se a partir de sábado, 13, até quarta-feira, 17 de Agosto, no cinema Chaplin nas sessões habituais das 5 da tarde e 8 da noite e dia 18 vai estrear na capital e todas as províncias. 
11/Agosto/2011
O original encontra-se em www.cubarte.cult.cu/ . Tradução de Guilherme Coelho. 

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

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