sábado, 9 de julho de 2011

Cuba: A diáspora e silêncios da história oficial.


Santiago de Cuba (Prensa Latina) Com sua dissertação sobre o diálogo entre a diáspora de Estados Unidos e Cuba, o historiador Geoffroy de Laforcade cativou aos espectadores do Encontro de Comunicadores Sociais do Caribe, um dos principais fóruns da XXXI edição da Festa do Fogo.

Laforcade, coordenador acadêmico de programas internacionais da Universidade Estatal de Norfolk, em Virginia, fez declarações exclusivas à Prensa Latina sobre o objetivo de sua viagem e as concepções em torno do tema da afrodescendência.

O também professor e jornalista se autodefine como "um francês radicado em Estados Unidos, com o coração cubano", por isso desde há mais de uma década vem à Ilha com freqüência e nesta oportunidade, decidiu visitar a Santiago de Cuba com o fim de participar pela primeira vez no Festival do Caribe.


Nesta ocasião, dimensionou, viaja acompanhado por um grupo de 14 estudantes de sua universidade, que recebem, em Havana, cursos de formação auspiciados pela Casa das Américas e quer compartilhar com eles "a paixão pelo conhecimento".

Em sua conferência Laforcade abordou o tema da diáspora de origem africana desde uma perspectiva histórica, destacou o papel da identidade e da multiculturalidade e acrescentou que, para entender os processos atuais, é preciso ir às raízes, por isso: "reescrever a história da afrodescendência é uma necessidade", sentenciou.

Analisa fatos que revelam o protagonismo das relações entre a diáspora de Estados Unidos e de Cuba, ainda que, como assinalou o pesquisador, a história oficial norte-americana eluda tais acontecimentos e subestime a importância de seus atores.

Enfatizou que, em ocasiões, os estudiosos fazem óbvia a participação dos afrodescendentes em fatos históricos da região porque desconhecem o ocorrido.

Enquanto, em outros casos, como o intercâmbio mútuo entre associações negras cubanas e norte-americanas de Nova Orleáns e a Flórida , nos séculos XVIII e XIX , o silêncio da história oficial funciona como uma estratégia do poder para silenciar a contribuição dos grupos de ascendência africana.

Para criar novas solidariedades, assevera, há que resgatar o passado, porque não se pode acabar definitivamente com a segregação negando sua história, "não pode ser abolida a memória histórica, o que há de ser abolido é a segregação", recalcou. A luta contra qualquer manifestação de racismo ou xenofobia é ponto permanente em a agenda de Geoffroy de Laforcade; por isso, explicou que na atualidade trabalha, junto a outros pesquisadores interessados em o assunto, na criação de uma organização para estudar a diáspora.

Finalmente Laforcade destacou que há problemas universais nos quais todos podemos contribuir, desde as famílias até os estados, e considerou que, nesse sentido, por seu alcance universal, o relacionado com a afrodescendencia é um dos mais significativos.

mem/oac/cc

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