Os amigos e amigas de Cuba se encontram na ocasião da 19ª Convenção de Solidariedade a Cuba, no Memorial da América Latina, em São Paulo ao redor do busto de Simón Bolivar, símbolo da unidade latino-americana. Memorial de nossos povos ancestrais, de nossa cultura, de nossas lutas e por isso, nossa Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba toma outros significados. Nesses dias, estivemos reunidos, discutindo, organizando, aprendendo e ensinando, relembrando não só a história do povo de Cuba, mas de todo um continente, que desde a colonização européia resiste contra a dominação e luta por sua soberania e liberdade.
Nossa Convenção reuniu centenas de pessoas, representando 16 estados de nossa federação para discutir e organizar a defesa de um dos processos mais belos e mais avançados da história da humanidade. A revolução cubana, vitoriosa em 1959, nos mostra que é necessário vencer todos os dias, nos mostra que todas as formas de luta são importantes e necessárias para a vitória de um povo, e que o Socialismo é o caminho que tem produzido o exemplo mais firme e vivo de uma nação que encara a difícil tarefa de ser livre, digna, culta, organizada, solidária, internacionalista e corajosa.
Cuba não apenas não se alinhou às forças imperialistas como se tornou uma trincheira na batalha ideológica. Evidencia-se a importância do internacionalismo e a palavra solidariedade toma uma dimensão para além da semântica: é concreta. Destaca-se o trabalho dos médicos e professores cubanos principalmente na América Latina e África, que não repartem migalhas, mas pelo contrário, compartilham todo seu conhecimento e acúmulo, fruto de 50 anos de Revolução Socialista.
Defender o exemplo de Cuba e o Socialismo é defender a necessidade de se fazer a Revolução Socialista no Brasil. Este é o motivo pelo qual Cuba consegue unificar tantas forças políticas no país. E essa unidade deve significar ação organizada por nós brasileiros. Os ataques que Cuba sofre por parte dos EUA não devem passar impunes. Reconhecendo o significado geoestratégico e histórico que o Brasil tem no mundo, nossa ação política deve estar à altura do nosso discurso.
Encerramos essa convenção com a certeza de que avançamos nacionalmente nos últimos anos com relação à solidariedade a Cuba, porém, diante das ameaças do império, os que apoiam a Revolução devem estar cada vez mais organizados para sua defesa e para isso nossas campanhas de informação, ações de rua e parlamentares precisam avançar. Assim como o trabalho nacional de solidariedade, aperfeiçoando os trabalhos locais para incluir e organizar aqueles que desejam ampliar as ações neste campo.
A mídia burguesa mente e frauda informações sobre Cuba. Vemos uma campanha de desinformação sobre a realidade desse país. Por isso, vemos a necessidade de ações que rompam com o bloqueio midiático, para rompermos também com o bloqueio econômico e exigirmos já a Libertação dos Cinco Heróis presos pelo Império há 12 anos.
Os inimigos de Cuba diziam que com o fim da União Soviética, Cuba tinha seus dias contados. Hoje, mais de dez anos depois, Cuba demonstra sua capacidade de organizar e planejar sua revolução, sem se ajoelhar diante do Imperialismo e sem trair nenhum princípio revolucionário.
Ano após ano, vemos a derrota dos EUA nas votações da ONU pelo fim do bloqueio a Cuba. O mundo é unânime ao denunciar a crueldade que o capitalismo é capaz para derrubar uma revolução. O bloqueio a Cuba não é uma abstração, ele se traduz no dia-a-dia da sobrevivência de seu povo. Através dele, tentam aniquilar e isolar o povo cubano, que resiste e mesmo com muitas dificuldades, mantém vivo o internacionalismo e a solidariedade.
A luta contra o bloqueio não pode cessar nenhum minuto.
O campo de ação da solidariedade e defesa de Cuba é amplo. Durante nossas discussões, identificamos a centralidade da luta pela libertação dos Cinco Heróis, que nunca cometeram nenhum crime, mas que estão injustamente presos por tentarem impedir ações terroristas contra seu povo.
Para Cuba, é urgente fortalecer a luta pela libertação de Antonio Guerrero, Fernando González, Gerardo Hernández, Ramon Labañino e René González. Não podemos fechar os olhos diante dessa grande injustiça que se repete com vários lutadores do mundo, por isso, a coordenação de uma campanha nacional pela libertação dos Cinco Heróis é urgente.
Outro aspecto central para os movimentos de solidariedade no Brasil é seguir e ampliar a luta pela revalidação dos diplomas dos médicos formados na ELAM, bem como envolve-los na nossa luta, reforçando o caráter humano e socialista que adquiriram da formação cubana.
Por conta da coerência da Revolução Cubana, as ações em sua defesa ocorrem no mundo todo e, nos últimos anos, temos dado pouca atenção aos encontros e reuniões de articulação Continental da Solidariedade a Cuba. Por isso, a participação no VI Encontro Continental de Solidariedade com Cuba, que ocorrerá de 6 a 9 de outubro no México, está na pauta das organizações solidárias. É também nossa tarefa acompanhar e cobrar o posicionamento do Brasil na Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos, que será fundada em 5 de julho deste ano, em Caracas, quando se comemora o bicentenário da Independência de muitos países latino-americanos.
Temos a tarefa de fortalecer nosso trabalho, principalmente neste cenário em que a mídia burguesa deturpa os realinhamentos na política econômica, discutidos amplamente com o povo cubano e referendados no VI Congresso do Partido Comunista Cubano.
Para defender uma revolução, é necessário conhecê-la. As atividades de formação sobre a realidade Cubana, seminários, cursos e difusão em meios de comunicação devem avançar.
As mais de quinhentas pessoas, dos estados Amapá, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo reunidas durante esses três dias consecutivos de debate e reflexão reafirmam: Cuba não está só!!!
São Paulo, 25 de junho de 2011.
SÍNTESE DOS GRUPO DE TRABALHO DA XIX CONVENÇÃO NACIONAL DE SOLIDARIEDADE A CUBA
Os pontos centrais dos debates e encaminhamentos sobre a relação de solidariedade entre Brasil e Cuba, e das formas possíveis para avançar nesse processo, foram:
•Necessidade de organização, manutenção e ampliação de uma Memória Histórica sobre as distintas práticas de solidariedade entre os povos desses países. Não somente o levantamento dessas informações serve para estreitar os laços entre os povos desses países e contribuir nas organizações estaduais de solidariedade a Cuba, como também para combater a campanha de desinformação existente contra Cuba;
•Necessidade de fortalecimento e ampliação das diversas organizações brasileiras que praticam atividades de solidariedade a Cuba, tanto para outros estados e para outras cidades, como também com outras pessoas. Pensar para além dos muros das associações e realizar atividades vinculadas diretamente com as causas sociais é importante para o fortalecimento das organizações, como também para que a história de solidariedade possa chegar ao povo que não conhece Cuba. Nesse sentido é importante que as organizações de solidariedade contribuam nessas duas frentes, ampliando os horizontes da solidariedade e prestando apoio e fomento à criação de novas organizações;
•Necessidade de combater, de forma unificada, a condenação injusta aos 5 heróis cubanos presos ilegalmente nos EUA. As organizações precisam articular-se, padronizar campanhas e materiais de divulgação, utilizar os mais diversos meios de comunicação e envolver entidades e organismos, nacionais e internacionais com essa finalidade;
- Criar e fortalecer os comitês dos 05
- Criar um dia nacional de mobilização e ação pela libertação dos 05 (foram sugeridos os dias 05 e 12 de setembro)
- Realizar abaixo-assinado unificado pela libertação dos 05
•Necessidade de formação acompanhada para os integrantes das Brigadas de Solidariedade a Cuba para que eles, antes de viajar, tenham conhecimento sobre a realidade desse país e de seu sistema social, como também, após regressar, possam contribuir ativamente em práticas de solidariedade.
•Estimular ações e campanhas que contribuam para o fortalecimento das relações entre os povos e os estados brasileiro e cubano, combatendo assim o bloqueio imposto pelos EUA a Cuba.
- Criar e fortalecer as frentes parlamentares
- Estimular a visitação dos brasileiros a Cuba (sempre antecedida por formação política)
- Divulgar e fortalecer os meios de comunicação cubanos (Gramma, Prensa Latina, Cubadebate, entre outros), além dos meios de comunicação populares brasileiros.
- Realizar atividades de agitação e propaganda (cine-debates, “twitaços”, panfletagens, colagens, cartilhas), nas universidades, bairros, praças, para contribuir com a desmistificação e combater desinformação acerca da realidade cubana.
Movimento Paulista de solidariedade a Cuba
www.solidariedadeacuba.org.br
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