Cartaz do XIX Convenção de Solidariedade a Cuba | Arte: MPSC |
Do Jornal A Verdade
Era um sábado, 15 de abril de 1961, quando seis aviões B-26 atacaram simultaneamente os aeroportos de Santiago de Cuba, San Antonio de los Baños, da Força Aérea Rebelde e a pista de Ciudad Libertad, na Capital. Os aviões tinham partido da Nicarágua e, para enganar a população cubana, tinham a fuselagem pintada com as cores de Cuba, como se fossem da força aérea do país. Era o início da tentativa dos EUA de derrotar militarmente a Revolução Cubana. No dia seguinte, Fidel Castro, à frente das milícias populares organizadas para defender a população, declara o caráter socialista da Revolução. Os mercenários que tentaram desembarcar pela Praia Girón foram derrotados e presos e, em menos de três dias, ocorreu a primeira derrota do imperialismo ianque na América Latina.
Solidariedade: XIX Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba
Para comemorar os 50 anos desse feito tão importante para os povos de todo o mundo, o Movimento Paulista de Solidariedade a Cuba (MPSC) e diversas entidades e partidos estão organizando, de 23 a 26 de junho, no Memorial da América Latina, em São Paulo, a 19ª Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba.
A história de solidariedade brasileira com a Revolução Cubana já acumula décadas. Antes mesmo de seu triunfo, em 1959, já existiam no Brasil iniciativas de solidariedade à luta pela libertação em Cuba. Depois da vitória e, mais ainda, depois da declaração do caráter socialista, círculos e comitês de solidariedade se espalharam por vários países e, aqui no Brasil, não foi diferente. Hoje, em vários estados existem entidades que se dedicam a organizar iniciativas de solidariedade e que, todos os anos, reúnem-se na Convenção Nacional de Solidariedade. Ano passado, tivemos uma exitosa convenção realizada em Porto Alegre e, este ano, a capital da solidariedade a Cuba será São Paulo.
Nunca é demais lembrar o significado da desta revolução em nosso continente. Um povo valente, habitando uma pequena ilha, que ousou desafiar os interesses dos EUA e trouxe para milhares de revolucionários a certeza de que a luta pelo socialismo vale a pena, e de que lutar por uma revolução deve ser parte cotidiana de nossa vida. Muitos dos que morreram na luta pela construção da revolução socialista em seus países se inspiraram na bravura do povo cubano.
Mas um dos maiores exemplos que a Revolução Cubana nos dá, sem dúvida, é a solidariedade e o internacionalismo. Jamais esqueceremos o esforço de Cuba e de Che Guevara na organização da luta armada contra o imperialismo no Congo e em diversas colônias africanas, no envio de pelo menos 40 mil combatentes a Angola, durante a Operação Carlota[1] o acolhimento de milhares de perseguidos políticos de toda América Latina, o treinamento militar e o apoio a organizações revolucionárias, as brigadas médicas internacionalistas em vários países pobres pelo mundo[2]. Essas são apenas algumas das enormes contribuições que Cuba tem levado aos povos oprimidos de todo o mundo e, por isso, nossa retribuição deve estar à altura.
Em Cuba, fazer a revolução significou socializar as riquezas para o povo, estabelecer novas relações de produção e, consequentemente, novas relações sociais, novo sistema de educação. Significou a nacionalização de todas as grandes indústrias estrangeiras, o livre acesso à universidade, a democratização da prática esportiva e da produção artística. Significou o julgamento popular de todos aqueles que mataram e torturaram os lutadores no processo revolucionário.
O bloqueio imperialista a Cuba
Por todos esses motivos, os EUA não perdoam Cuba e, há 52 anos, intensificam as políticas de agressão àquele povo, seja com armas convencionais, tentando aniquilar os líderes revolucionários; seja com as armas midiáticas, mobilizando todos os meios de comunicação burgueses para ofender e mentir sobre o que ocorre em Cuba; seja com armas biológicas, que são despejadas em plantações cubanas, disseminando várias doenças e, é claro, com as armas econômicas.
O bloqueio econômico que os EUA impõem contra Cuba é uma afronta aos direitos humanos, é uma política genocida que tem como objetivo assassinar a população cubana. É uma política tão perversa que nem mesmo os outros países imperialistas a apoiam integralmente. Uma evidência disso é que na última votação pelo fim do bloqueio, na Assembleia Geral da ONU[3] dos 192 votos, apenas dois foram favoráveis à manutenção do bloqueio: o dos EUA e o de Israel. Essa foi a 19ª vez consecutiva que se votou na ONU pelo fim do bloqueio econômico contra Cuba.
Cuba está a aproximadamente 145 km dos EUA. Para se ter uma ideia, do Recife a João Pessoa são aproximadamente 120 quilômetros e do Rio de Janeiro a São Paulo são 440 quilômetros. Isso significa que as ameaças estão muito próximas e que uma agressão militar não pode ser descartada. Em 2007, o então presidente dos EUA, George W. Bush, chegou a anunciar mais um plano para "democratizar" Cuba, do qual constava até o nome do novo presidente!
Milhões de dólares foram aprovados no Congresso dos EUA e boa parte desse dinheiro é utilizado para financiar mercenários e contrarrevolucionários. Não é por acaso que surgem pessoas, como a "escritora" Yoani Sánchez, que lançou livro no Brasil e que depois foi desmascarada como uma grande farsa criada pelos EUA. Ou como as "Damas de Branco", os prisioneiros comuns que da noite para o dia estão na capa de grandes jornais no mundo todo como prisioneiros políticos. E, como ainda não conseguiram afirmar que em Cuba existem "armas de destruição em massa", como fizeram no Iraque, precisam criar outra mentira para invadir Cuba: trata-se então de uma grande campanha de mentiras para reduzir o prestígio de Cuba pelo mundo e facilitar uma agressão militar.
A Convenção
Diante do desespero em que vive o imperialismo por conta do constante agravamento de suas crises econômicas, solidarizar-se com Cuba e defender as conquistas da sua revolução é tarefa dos movimentos populares, dos partidos de esquerda e principalmente dos comunistas.
Para Vivian Mendes, do Movimento Paulista de Solidariedade a Cuba e uma das coordenadoras do evento, a programação da Convenção terá diversas palestras com a delegação cubana que vem especialmente para participar do encontro. Terá também lançamento de livros, mostra de cinema cubano, minicursos para ampliação dos conhecimentos sobre a realidade cubana e a Revolução, grupos de trabalho - nos quais se discutirão diversas ações para impulsionar as campanhas nacionais - e, é claro, várias apresentações culturais. Uma delas será a apresentação da bateria da escola de samba União da Ilha da Magia, vencedora do Carnaval de 2011 em Florianópolis com o tema "Cuba sim, em nome da verdade".
Haverá ainda um ato político com dezenas de organizações nacionais, partidos políticos, centrais sindicais e também com o embaixador de Cuba no Brasil, Carlos Rafael Zamora Rodríguez e do cônsul-geral de Cuba em São Paulo, embaixador Lázaro Méndez Cabrera. "O ato político deve expressar ao máximo a representatividade e a unidade das forças políticas de esquerda de nosso país na luta pelo fim do bloqueio, pela libertação dos cinco patriotas cubanos presos injustamente nos EUA e em defesa da Revolução Cubana. "Espera-se a presença de cerca de mil pessoas nesse momento da Convenção, que contará com a participação de importantes representantes da esquerda brasileira", afirmou Vivian Mendes ao jornal A Verdade.
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