Ideais de Martí, fundador do partido Revolucionário Cubano, ainda orientam política atual de Cuba; escreveu diversos manifestos, poemas, romances e artigos
Monumento de José Martí em Cienfuegos/Wikicommons |
Morre em 19 de maio de 1895 José Martí, político, pensador, jornalista, filósofo e poeta cubano. Os ideais de Martí, junto com o marxismo-leninismo, orientam a política de Cuba até hoje.
Quando o poeta nasceu, em 28 de janeiro de 1853, em Havana, Cuba era uma das últimas províncias ultramar da Espanha. Aos 16 anos, influenciado pelas idéias separatistas de seu professor, o poeta Rafael de Mendive, publicou seu primeiro drama patriótico em versos, o Abdala, no único número do jornal La Pátria Libre. Este período é marcado pelo início da primeira luta pela soberania de Cuba, conhecida como a Guerra dos Dez Anos (1868-1878), que Martí apoiou publicamente.
O fazendeiro Manuel de Céspedes liberta seus escravos e fornece armas para lutarem, junto aos cubanos brancos contra o domínio espanhol. A revolta armada partiu da fazenda de Céspedes, La Demajagua, em 10 de outubro de 1868, em direção à região central da ilha. Os líderes desta primeira fase das três guerras que levaram à emancipação da ilha foram Antonio Maceo, seu irmão José Maceo e o general Máximo Gomes.
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Martí é preso por seus ideais revolucionários e condenado a seis anos de trabalhos forçados por sua participação política numa pedreira perto de Havana. Devido a problemas de saúde agravados no cárcere, consegue o indulto e é deportado para a Espanha em 1871, aos 18 anos. Depois, Martí publica “El Presídio Político” en Cuba, o primeiro de muitos manifestos sobre a independência em que conta os horrores que passou na prisão. Articula com outros cubanos exilados em favor da independência de Cuba. Termina seus estudos na Universidade de Zaragoza em 1874, diplomando-se em Direito, Literatura, Filosofia e Letras. Muda-se para a França, em 1875 para o México e em 1877 vai para a Guatemala.
Volta a Cuba em 1878, com o fim da Guerra dos Dez Anos, mas é novamente deportado no ano seguinte por suas atividades revolucionárias na chamada Guerra Chiquita, que durou até 1880. Vai para os Estados Unidos e vive entre 1881 e 1895 em Nova York. Trabalha como jornalista em The Hour e The Sun. Colabora com o La Nación da Argentina em 1882, e publica o poema Ismaelillo, considerado o precursor do modernismo hispano-americano.
Funda o Partido Revolucionário Cubano e no mesmo ano cria o jornal diário, Patria. Viaja por diversos países da América Central e Antilhas e estabelece contato com Máximo Gómez e Antonio Maceo.
Identidade latina
Neste período, quando o imperialismo norte-americano dá seus primeiro sinais, percebe a urgência de formar uma identidade latino-americana e passa a usar o termo Nuestra América. Escreve para dezenas de periódicos sobre literatura, políticas e artes. Passa a dirigir a revista La América. No ano seguinte escreve, junto com o general Máximo Gómez, herói da independência, o Manifiesto de Monticristi, na ilha de Santo Domingo, em que propõe a guerra sem ódio. Volta a Cuba para articular a luta.
A segunda etapa da guerra, iniciada em 1895, foi liderada por José Martí, Antônio Maceo e Calixto García. A luta ganhou força e fez com que os espanhóis assinassem, em fevereiro de 1878, o Pacto de Zangón. O documento previa maior liberdade comercial e a abolição da escravatura. As decisões não foram cumpridas e a revolta se acirrou. Martí encarregou-se de reagrupar os revoltosos. Os escravos libertos, sem conseguir emprego, engrossavam as fileiras da insurreição.
A luta armada é coordenada por Máximo Gomes e Antônio Maceo. Os combates são muito violentos. José Martí morre lutando em 19 de maio de 1895 após seu pequeno contingente de revoltosos depararem-se com as tropas espanholas no vilarejo de Dos Ríos. É mutilado pelos soldados e exibido à população. É sepultado em Santiago de Cuba. O levante prosseguiu mesmo sem seu mentor intelectual. Maceo também morreu em combate em dezembro de 1896.
Como escritor, José Martí foi um dos precursores do modernismo ibero americano. Publicou centenas de poemas, novelas e dramas, além de cartas e artigos de jornal. Entre os mais famosos estão o Ismaelillo (1882), os Versos Sencillos (1891) e os Versos libres (1892). Publicado em 1891, Versos Sencillos é um grande poema de amor à mulher e à pátria. Foi escrito entre 1889 e 1890 quando Martí estava doente. A letra da música Guantanamera, conhecida internacionalmente como símbolo da ilha, foi retirada deste poema.
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