quinta-feira, 26 de maio de 2011

Agressão à Líbia é crime internacional, denuncia Cuba no MNOAL

Fonte: PRENSA LATINA

Bali, Indonésia, 26 mai (Prensa Latina) Cuba qualificou hoje aqui de crime internacional e ato de agressão manifestada os abusos cometidos pelos Estados Unidos e a OTAN contra a Líbia, na aplicação da resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU.

Em seu discurso na XVI Conferência Ministerial do Movimento de Países Não Alinhados (MNOAL), que acontece nesta ilha, o vice-ministro cubano de Relações Exteriores Abelardo Moreno afirmou que o que hoje ocorre na Líbia atinge a todos.

"Mas, o que acontece hoje na Líbia? Não poderia acontecer o mesmo em outras nações membros de nosso Movimento? Será que não é evidente a capacidade cada vez mais efetiva dos Estados Unidos e da OTAN para impor ações nas Nações Unidas a todos os níveis, contrárias às razões que deram origem a dita organização? -perguntou o diplomata.

De acordo com o vice-ministro, o conceito estratégico da OTAN, atualizado em 19 de novembro de 2010 na cúpula de Lisboa, não só redefine unilateralmente o que considera "riscos" para os países do bloco, como também postula que o acesso à energia constitui um objetivo estratégico a ser conseguido.


Esse documento da organização, citou, assinala que as crises e os conflitos fora das fronteiras da OTAN podem supor uma ameaça direta para a segurança do território e as populações da Aliança. Por este motivo a OTAN vai envolver-se onde for possível e quando for necessário.

"Tudo está claro, não requer comentário algum", enfatizou Moreno e depois disso destacou que o povo cubano tem feito muito pela vida e compartilha a preocupação e a dor pela morte de pessoas em qualquer lugar e circunstâncias, mas não pode aceitar o uso de todos os meios ao alcance para a suposta proteção de civis.

Todos sabemos -disse- que é o caminho à agressão militar e ao assassinato de pessoas inocentes, para servir a interesses específicos de um país ou grupo de países.

"Não podemos aceitar a hipocrisia dos que invadem supostamente para proteger civis, enquanto chamam danos colaterais o um milhão de mortos que provocou em anos recentes", acrescentou.

O diplomata alertou sobre a maneira que são impostos conceitos como soberania limitada, intervenção humanitária, guerra preventiva e responsabilidade de proteger, que são contrários, em sua própria essência, aos princípios mais sagrados do MNOAL e das Nações Unidas.

Tais conceitos, indicou Moreno, "estão concebidos como veículos para violar a soberania, apoderar-se dos recursos e mutilar nossa independência, dos países pobres, nunca poderosos".

O vice-ministro também assinalou que o avanço do desarmamento nuclear e do desarmamento geral e completo sob um estrito e eficaz controle internacional são também propósitos ainda não alcançados pelo MNOAL.

"A existência das armas nucleares junto à mudança climática constituem o principal e mais urgente perigo para a sobrevivência da espécie humana", acrescentou, depois do qual argumentou que só o uso de uma parte ínfima do enorme arsenal atômico mundial provocaria o inverno nuclear que aniquilaria quase todas as formas de vida no planeta.

Lutar por um mundo livre de armas nucleares, ainda que pareça inalcançável, é a única garantia de que estas não sejam utilizadas, afirmou em referência a uma mensagem do líder da Revolução Cubana, Fidel Castro, denominado "Em uma guerra nuclear o dano colateral seria a vida da humanidade".

Ao abordar a atuação do MNOAL em seus 50 anos de vida, o vice-chanceler cubano disse que o fórum superou as tentativas de dividi-lo e os desafios de sua própria existência, e enfrentado com sucesso a unipolaridade que se pretendeu lhe impor.

"Decidimos assumir os novos desafios desta época difícil e sabemos que nossa tarefa essencial, após quase concluída a descolonização, está ainda por ser feita.

Moreno contrastou que apesar dos países do MNOAL serem uma comunidade de 3,6 bilhões de pessoas e terem todos os recursos naturais, seu Produto Interno Bruto é de somente 11,9 por cento do mundial e recebe unicamente 20 por cento da riqueza.

"Temos independência, mas não soberania sobre nossos imensos recursos", apontou.

O vice-ministro recordou que há quase 40 anos o MNOAL lançou a iniciativa da Nova Ordem Econômica Internacional, no entanto a brecha entre países ricos e pobres cresce, a dívida externa paga várias vezes se multiplica e impede muitos países do Sul de crescer e se desenvolver.

"Com menos da metade dos recursos que hoje são dedicados às armas, se poderia eliminar a pobreza extrema da qual padecem 1,4 bilhão de pessoas, salvar 11 milhões de crianças que morrem a cada ano por causa da fome e de doenças previsíveis ou ensinar a ler e escrever aos 759 milhões de adultos analfabetos", disse.

mv/et/bj

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