quinta-feira, 17 de março de 2011

Mulher, socialista, cubana

Aleida Guevara emocionou uma platéia de estudantes, sindicalistas e lideranças do movimento social em Florianópolis

Fonte: Sindprevs/SC

“Quando uma mulher participa de um processo revolucionário, significa muito mais que uma ideologia política, ela defende o fruto do seu próprio ventre, ela defende o futuro de um país”, afirmou Aleida Guevara, filha mais velha de Che Guevara, durante um debate sobre o Papel da Mulher na transformação social.

O debate, realizado no dia 9 de março pela Fundação Cultural José Martí, em conjunto com entidades sindicais e sociais e com apoio de parlamentares catarinenses, marcou as atividades do Dia Internacional da Mulher em Florianópolis.

Aleida que estava na cidade desde o dia 4 de março veio à Florianópolis para participar do desfile da escola de samba União da Ilha da Magia, que, com o enredo Cuba sim! Em nome da verdade!, homenageou o país socialista. “Não tenho dúvidas de que a União da Ilha da Magia prestou um importante serviço a esta cidade. O título de campeã do carnaval em Florianópolis é de todos nós”, disse o presidente da escola e coordenador do Sindprevs/SC, Vlamir Braz de Souza, que também esteve presente no debate.


Aplaudia de pé. Assim Aleida foi recebida por todos os presentes no Teatro Álvaro de Carvalho. Ela falou sobre as conquistas das mulheres cubanas e a luta que ainda se faz necessário em Cuba e em todos os países do mundo. “Mesmo com a revolução, ainda vivemos sob a influência de uma cultura machista de mais de 500 anos”, disse Aleida.

A palestrante, disse que Cuba já alertou sobre a feminilização da pobreza no mundo, sendo que 62% dos empobrecidos são mulheres. Ela ressaltou alguns avanços das mulheres cubanas que representam 47% da força de trabalho na ilha caribenha como por exemplo a licença maternidade de um ano compartilhada pelo homem e pela mulher, a igualdade salarial no mercado de trabalho, o direito à saúde e educação gratuita, direito de todo cidadão cubano. O aborto também é permitido em Cuba e realizado em hospitais. “O aborto em Cuba não é usado como um método anticonceptivo. Fizemos um forte trabalho de educação sexual nas escolas e de prevenção. O aborto é um direito da mulher”, defendeu.

Médica, Aleida também lembrou que 99,1% dos médicos gerais do país são mulheres e que as mulheres representam 43,32% dos parlamentares em Cuba, tendo uma expressiva participação na política.

Quanto à violência contra a mulher, isso é um problema praticamente inexistente em Cuba, segundo Aleida. “Somos educados desde pequenos que em uma mulher não se bate nem com uma flor. E quando acontece algum tipo de violência o homem é imediatamente punido. Em Cuba não se tolera nenhuma violência contra a mulher”, disse.

Aleida também foi questionada pelos participantes sobre outras questões como o tratamento dado aos homossexuais em Cuba e a saída de cubanos da Ilha para viverem nos Estados Unidos. Aleida admitiu que muitos foram os erros com o tratamento com os homossexuais no país, mesmo após a Revolução, mas que Cuba está melhorando e avançando nesse debate, que vem sendo encabeçado pela filha de Raul Castro. “Temos muito ainda o que melhorar e trabalhar na educação das pessoas em relação a isso”, afirmou.

Quanto à saída de cubanos para viverem nos Estados Unidos, Aleida disse que o país norte-americano dá incentivos como casa e trabalho aos cubanos que “pisam” em solo estadunidense. Existe nos EUA uma lei que incentiva essa imigração ilegal, então como evitar que os cubanos não fiquem tentado em viver no país inimigo?

Ao ser questionada sobre o que mais ela admirava na personalidade de Che, Aleida, cujo os olhos lembram os olhos do revolucionário, disse que era “a coerência”. “Che vivia na prática o mesmo discurso que pregava”.

Ao final do debate ela leu um poema escrito por um dos cinco heróis cubanos – preso político nos Estados Unidos, Antonio Guerrero, em homenagens às mulheres.  Aleida lembrou ainda que estes homens estão presos injustamente e que suas mulheres, mães e filhas os esperam de volta em Cuba. Emocionada, ela pediu solidariedade à luta do povo cubano por justiça e pela liberdade dos cinco heróis cubanos e agradeceu a homenagem feita ao seu país e ao seu povo pela União da Ilha da Magia.


Poema de Antonio Guerrero lido por Aleida Guevarra:

A TI MUJER

A ti mujer que sabes
del delirio y el polvo del tiempo
quiero dar mi lirismo de encierro
como un ciego mirando a la luna.
A ti mujer que ocupas
el altar de esta bella locura
te propongo tu sal y tu espuma
las coloques dentro de mi verso.
He soñado una luz que nos sigue
y promete dejarnos a oscuras.
He soñado tus ropas dispersas
a lo largo de un muelle que augura.
A ti mujer que llegas
valerosa hasta el centro del miedo
te regalo una rosa y pronuncio
contra el odio de amor una nota.
A ti mujer que tocas
lo más alto de mi pensamiento
te coloco mi sombra y mi historia
en el dulce calor de tu seno.
He soñado que te amo y me amas.
He soñado que es cierto mi sueño.

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