Crianças recebendo tratamento em Cuba |
Por Celino Cunha
Os últimos acontecimentos catastróficos ocorridos no Japão, terramoto, tsunami e agora a contaminação radioativa provocada pelas explosões na central nuclear, fizeram-me recordar o desastre de há 25 anos (26 de Abril de 1986) em Chernobil na Ucrânia e a importante assistência médica que Cuba já prestou a cerca de 26.000 crianças desse país que foram afetadas pelas radiações, apresentando inúmeras patologias.
Através de um programa estabelecido em 1990, os menores de 8 a 15 anos começaram a viajar gratuitamente para Cuba numa ponte aérea semanal, sendo instalados no complexo de Tarará a cerca de 25 Km a este de Havana e aí tratadas de cancro da tiróide e da pele, leucemia, alopecia, bócio, psoriase e também reabilitados de problemas motores e psíquicos.
O tempo de permanência tem variado de acordo com a gravidade das lesões e muitos deles acabam por ficar muitos meses até poderem regressar em definitivo ao seu país e às suas famílias. Estes são geralmente acompanhados pelas mães e com a vinda de professores ucranianos têm podido continuar os seus estudos enquanto se sujeitam aos tratamentos.
Em 1992 tive oportunidade de visitar estas instalações de Tarará, falar com alguns e verificar a felicidade estampada naqueles rostos (alguns desfigurados pelas queimaduras) mas demonstrando uma enorme vontade de viver, retribuindo com sorrisos o esforço e dedicação que todos os técnicos de saúde estavam a fazer para que pudessem ter um futuro e uma vida bem melhor e mais digna.
De 1990 até 1998, um dos períodos mais críticos da economia cubana, todos os gastos com este programa foram suportados por Cuba e só daí para cá é que a Ucrânia paga as despesas aéreas e os salários dos professores, porque toda a assistência e as despesas de instalação continuam a ser gratuitas.
Algumas crianças chegaram em cadeira de rodas e regressaram a andar, graças aos tratamentos recebidos, incluindo o transplante de medula e de rins.
Neste momento as autoridades cubanas já se disponibilizaram para ajudar o Japão em tudo o que estiver ao seu alcance, dando mais uma vez o exemplo daquilo que deve ser uma verdadeira e desinteressada solidariedade internacional.
Fonte: Associação Portuguesa José Martí.
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