Renovação e qualidade são os principias conceitos nos quais baseia sua gestão turística o destino Cuba, que pela primeira vez em 2010 superou os dois milhões e meio de turistas e transita a um nível superior de competitividade. Isso afirmou o ministro cubano do Turismo ao Caribbean News Digital sobre o presente e o futuro do setor na ilha, suas principais estratégias de desenvolvimento e a abertura ao golfe, entre outros temas de interesse.
Quais são as novidades e interesse que traz Cuba à FITUR?
A FITUR [Feria Internacional de Turismo en España] é uma praça bem importante para nós pelo que representa o turismo espanhol para Cuba e porque tem cada vez mais força como feira internacional. Por isso, sempre assistimos com uma delegação grande e com as novidades do turismo em Cuba.
O turismo cubano segue crescendo e a participação dos empresários espanhóis é cada vez maior. Por exemplo, quando começar a feira, já teremos o novo hotel RIU aberto. Esta empresa recomeça suas operações em Cuba com um estabelecimento em Varadero. Também é alentador o começo da operação do cruzeiro Gemini em novembro, que substitui a operação da Pullmantur, muito boa e muito demandada naquele momento, mas que deixou de existir abruptamente por leis extraterritoriais que afetam nosso país. Trabalhamos por uma renovação do turismo, apostando fundamentalmente na qualidade...
Como acabou Cuba o ano 2010?
Mais uma vez quebramos os recordes históricos e pela primeira vez passamos da cifra de dois milhões e meio de turistas. Em outubro chegamos a dois milhões, 12 dias antes que em 2009. É surpreendente que em meses historicamente de baixa temporada, como setembro e outubro, tenhamos crescido por cima de 10% e que depois do impacto da crise internacional, que provocou dificuldades no início do inverno passado, incluídas as operações com o mercado canadense, tenhamos recuperado esse mercado e também crescido. O mercado do Reino Unido é mais forte e o da Alemanha foi recuperado há pouco.
Infelizmente, as condições econômicas da Espanha fazem com que seja um ano difícil para esse mercado, o que afeta não somente Cuba, mas também outros destinos do Caribe e do México. No caso do mercado espanhol temos a certeza de que vai ser conjuntural porque os espanhóis são muito fieis ao Caribe e a Cuba especialmente, de modo que estamos convencidos de que quando começar a recuperação econômica desse país, a emissão turística ao nosso destino crescerá em níveis importantes.
Pode nos comentar sobre os planos de desenvolvimento da náutica e do golfe?
Como foi informado em meses passados, já foi aprovada a política para o desenvolvimento de imobiliárias relacionadas com o turismo, que vão estar maiormente vinculadas com o golfe. Estamos retomando negociações, com a certeza de que em um tempo relativamente breve estaremos em condições de avaliar a constituição das primeiras empresas mistas para este desenvolvimento.
Apostamos no golfe porque pensamos que, pelo contrário do que muitos pensam, torna-se menos elitista ou inalcançável, mais pessoas o praticam e mais jogadores de golfe arrastam parentes, amigos e público. Sabemos também que o cliente que procura o golfe segue tendo maior gasto do que o turista convencional. Nossos principais concorrentes no Caribe, a República Dominicana e o México, têm um desenvolvimento nesta modalidade.
Sem dúvidas, esta decisão colocará a Cuba em iguais condições competitivas e até se pode dizer que em condições superiores, porque aos desenvolvimentos imobiliários do golfe se somam o patrimônio histórico e cultural do país, e também a diversidade turística, ou seja, o turismo de natureza, de reuniões e incentivos, de saúde, de excursões, e claro, o turismo de sol e praia, no qual seguimos sendo um dos principais países da região. Sem renunciar ao sol e praia, vamos dar mais importância a outras modalidades que nos permitem mostrar Cuba como é, de forma autêntica, como diz o slogan da nossa campanha de promoção: Autêntica Cuba. Queremos que nos conheçam como realmente somos, cem por cento cubanos.
Nos últimos anos se fala cada vez mais de um cenário turístico em Cuba sem as restrições atuais de viagens dos Estados Unidos... Qual é sua opinião sobre esse tema?
O desenvolvimento turístico cubano não está baseado na vinda dos turistas americanos. Apostamos em um turismo baseado em mercados históricos, tradicionais, como o Canadá e vários países da Europa e da América Latina; também em mercados da Ásia e a Rússia, que cresce constantemente. Mas repito, não estamos esperando o fim das restrições da Casa Branca, porque então não teríamos alcançado os níveis de desenvolvimento e diversificação turística que temos hoje. Agora, é evidente que é uma injustiça grande para o povo estadunidense a proibição de visitar Cuba, país a menos de 180 km de distância dos Estados Unidos. Pensamos que é uma coisa que não durará muito tempo. Será o atual ou outro governo, mas é impossível manter isso.
A abertura do turismo estadunidense a Cuba significaria a chegada de fluxos importantes que colocariam o país como o principal emissor da Ilha. É uma coisa para a qual consideramos que estamos prontos, apesar das dúvidas sobre a qualidade do nosso setor hoteleiro. Temos hotéis - que ninguém tenha dúvida disso - com padrões muito competitivos internacionalmente, um desenvolvimento turístico aprovado e projetado que permite um aumento coerente das capacidades de apartamentos que vão nos permitir assimilar esses fluxos. Temos hoje uma sazonalidade, a partir das características dos mercados emissores, que faz com que em certos meses do ano a ocupação seja baixa, o que permite ter uma reserva importante de capacidades disponíveis.
Mas no momento seguimos apostando, e não deixaremos de fazê-lo, seja qual for o cenário, nos mercados que sempre nos apoiaram nos momentos difíceis, apesar das pressões que têm recebido.
Há planos específicos para o desenvolvimento de hotéis de alto padrão?
Como política, nossa prioridade é a restauração capital e a atualização do produto hoteleiro existente. Com essas instalações hoteleiras renovadas, consideramos que temos capacidade suficiente para um padrão econômico; por isso, toda a nossa estratégia de desenvolvimento está destinada a construir hotéis de alto padrão, e entre eles de cinco estrelas de luxo, que é o segmento que vai protagonizar todo esse desenvolvimento imobiliário e de campos de golfe.
Quais são os grupos hoteleiros mais importantes que compartilham este desenvolvimento com Cuba? Sobre que bases avançam essas associações?
Como começamos falando da FITUR, devemos acrescentar que dez das empresas mistas que estão constituídas hoje no turismo cubano têm acionistas espanhóis. E no setor hoteleiro estão presentes dez grupos desse país, entre eles Sol Meliá, Barceló, RIU, Iberostar, Occidental... Dos 50.000 apartamentos que há em Cuba, 24.794 são operados por cadeias espanholas, que administram 59 hotéis do nosso arquipélago. A principal participação estrangeira no turismo cubano vem da Espanha. No tema das associações, o turismo cubano está aberto ao investimento forâneo e para isso se rege pela Lei 77 de Investimento Estrangeiro e por nossa política de desenvolvimento turístico.
Nossos sócios têm todas as garantias a partir dessa lei, e também têm várias vantagens: respeito total por seus investimentos e negócios, segurança cidadã, recursos humanos altamente qualificados, grande potencial cultural no país, desenvolvimento das infraestruturas e o fato de existirem dez aeroportos internacionais associados aos principais centros de desenvolvimento turístico.
Além disso, é importante sublinhar a vantagem que implica a prioridade que o Estado cubano tem dado ao desenvolvimento da indústria turística, que garante o estabelecimento e a logística necessária para estes negócios, e o fato de que estes empresários alcancem aqui utilidades superiores às que têm na Espanha e em outros países do Caribe.
México será o país convidado de honra à Feira Internacional de Turismo FITCUBA 2011, que também estará dedicada a Havana como destino. Quais são as razões para isto?
México é um dos países com os quais Cuba tem mais laços históricos e maior irmandade em sua história. É preciso lembrar que, quando triunfou a Revolução, em uma manobra ideada pelos Estados Unidos, Cuba foi expulsa da OEA, e México foi o país que manteve relações conosco. Nossos dois povos têm uma sinergia muito grande e importantes vínculos culturais, o país da América Latina que historicamente tem emitido mais turismo a Cuba é o México. Durante vários anos recebemos aproximadamente 100.000 mexicanos anuais, mas ainda não superamos esse número. No ano passado tivemos o problema da gripe A H1N1 e então decidimos apostar no México, empreender um plano de ações, dedicar-lhe a feira em 2011 e desenvolver uma campanha para estimular o turismo mexicano a Cuba. Em fevereiro de 2010 viajamos ali, nos reunimos com os principais turoperadores e planejamos uma estratégia para superar a cifra de 100.000 de turistas mexicanos.
Agora está o problema da Mexicana de Aviacion, que gerou afetações, mas há várias companhias aéreas mexicanas e também a Cubana de Aviacion voando todos os dias ao México, e por isso há alternativas para não renunciar a essa meta. Daí que dediquemos a FITCUBA 2011 ao México, e vai ser uma grande festa.
Acompanhamos essa estratégia com mais dois elementos: dedicar a feira a Havana como destino, porque a capital deve ser a ponte mais próxima de comunicação com o México, seja nas rotas ao D.F., a Cancun o a qualquer outra cidade desse país; e ao multi-destino como produto turístico, porque consideramos que pela proximidade, pelos vínculos históricos e culturais, a conectividade aérea, as características e solidez do nosso produto turístico, temos tudo para criar um bom ambiente multi-destino entre Cuba e o México.
Quais o senhor considera que são os produtos turísticos cubanos de maior sucesso e em quais pensa que é preciso trabalhar mais?
Cuba tem muitas marcas internacionais como Havana,Varadero, Tropicana, Floridita, La Bodeguita del Medio e o Hotel Nacional. Com o passo do tempo vão tomando relevância outras marcas, como já aconteceu com os Cayos Jardins del Rey e os polos turísticos criados nos últimos anos. Temos hotéis como o Paradisus Rio de Oro, o Paradisus Varadero e o Iberostar Varadero, de cinco estrelas de alto padrão, plus, comparáveis com outros de lazer no mundo.
Temos varias insatisfações, e uma é o fato de ainda não termos sabido aproveitar toda a herança histórica e cultural, todas as vilas e cidades patrimoniais, e termos colocado em um patamar bem mais alto o turismo cultural e de percurso, que hoje ainda tem um volume com o qual não estamos satisfeitos. Por isso, seguirá sendo prioridade desenvolver o turismo de cidade, cultural, histórico e patrimonial, o que nos permitirá contar com um turismo mais integrado. Não somos conhecidos como destino de natureza, muitos não conhecem nossas quedas-d’água, paisagens, reservas naturais e cadeias de montanhas e a diversa flora e fauna de Cuba. Queremos ganhar mais espaço no turismo de natureza como complemento valioso do resto da nossa oferta. O potencial médico do país, reconhecido internacionalmente, e a existência de centros com tecnologia de ponta, merecem que aumentemos ainda mais o turismo de saúde. Hoje nosso principal obstáculo é que tudo depende das grandes companhias de seguros, e muitas delas são norte-americanas. Aspiramos a que um dia muitos cidadãos do mundo, incluindo os dos Estados Unidos, venham a Cuba a receber tratamentos e cirurgias nos nossos centros.
Havana é uma cidade única e temos de seguir trabalhando para fazê-la uma das capitais mais importantes de congressos e eventos na América Latina e no Caribe. Temos muitas metas por diante, e a vantagem é contar com a infra-estrutura e o que nos deu a história, a cultura e a natureza, e principalmente, um povo excepcional com sua hospitalidade e jovialidade.
Sem renunciar ao sol e praia, a cada dia vamos dar mais importância a outras modalidades que nos permitem mostrar Cuba como ela é, de forma autêntica, como diz o slogan da nossa campanha de promoção: Autêntica Cuba. Queremos que nos conheçam como realmente somos, cem por cento cubanos.
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