quarta-feira, 24 de novembro de 2010

REFLEXÕES DO COMPANHEIRO FIDEL

OTAN, gerdame mundial!

Os Estados Unidos tratam de utilizar seus enormes recursos da mídia para manter, enganar e confundir a opinião pública mundial.

O governo desse país atravessa uma etapa difícil, em consequência de suas aventuras bélicas. Na guerra do Afeganistão estão comprometidos os países da OTAN, sem exceção alguma, e vários outros do mundo, para cujos povos resulta odiosa e nojenta a carnificina em que estão envolvidos, em maior ou menor grau, países ricos e industrializados como o Japão, Austrália e outros do Terceiro Mundo.

Qual a essência do acordo aprovado em abril deste ano pelos Estados Unidos e a Rússia? Ambas as partes se comprometem a reduzir o número de ogivas nucleares estratégicas até 1.550. Das ogivas nucleares da França, do Reino Unido e de Israel, todas capazes de golpear a Rússia, não se diz uma palavra. Das armas nucleares táticas, algumas delas com muito mais poder do que a que fez sumir a cidade de Hiroshima, tampouco se falou. Não se faz referência à capacidade destrutiva e letal de numerosas armas convencionais, as radioelétricas e outros sistemas de armamentos aos quais os Estados Unidos dedicam seu crescente orçamento militar, superior aos de todas as outras nações do mundo juntas. Ambos os governos conhecem, e talvez outros muitos daqueles que ali se reuniram, que uma terceira guerra mundial seria a última. Que tipo de expectativas podem criar os membros da OTAN? Qual a tranqüilidade que dessa reunião deriva para a humanidade? Que benefício para os países do Terceiro Mundo e, inclusive, para a economia internacional, é possível esperar?


Não podem sequer oferecer a esperança de que a crise econômica mundial possa ser ultrapassada, nem quanto duraria essa melhoria. A dívida pública total dos Estados Unidos, não só a do governo central, mas também do resto das instituições privadas desse país, eleva-se já a uma cifra que iguala o PIB mundial de 2009, que era de 58 trilhões de dólares. Por acaso os que se reuniram em Lisboa se perguntaram de onde saíram esses fabulosos recursos? Simplesmente, da economia de todos os demais povos do mundo, aos quais os Estados Unidos entregaram papéis convertidos em divisas que, ao longo de 40 anos, unilateralmente, deixaram de ter respaldo em ouro e agora o valor desse metal é 40 vezes superior. Esse país ainda dispõe de poder de veto no Fundo Monetário Internacional e no Banco Mundial. Por que é que isso não foi discutido em Portugal?

A esperança de retirar do Afeganistão as tropas dos Estados Unidos, da OTAN e de seus aliados é idílica. Terão de abandonar esse país antes de serem derrotados e entreguem o poder à resistência afegã. Os próprios aliados dos Estados Unidos já começam a reconhecer que poderiam transcorrer dezenas de anos antes de finalizar essa guerra, e a OTAN estará disposta a permanecer ali durante esse tempo todo? Será permitido pelos próprios cidadãos de cada um dos governos ali reunidos? Não se pode esquecer que um país de grande população, o Paquistão, partilha uma fronteira de origem colonial com o Afeganistão e uma percentagem não desprezível de seus habitantes.

Não critico Medvedev, faz muito bem em tentar limitar o número de ogivas nucleares apontadas para seu país. Barack Obama não pode inventar justificação alguma. Seria risível imaginar que esse colossal e custoso desdobramento do escudo nuclear antimíssil é para proteger a Europa e a Rússia dos mísseis iranianos, procedentes de um país que não possui sequer um artefato nuclear tático. Isso não pode ser afirmado nem sequer em um livro de histórias em quadrinhos.

Obama já admitiu que sua promessa de retirar os soldados norte-americanos do Afeganistão poderia se dilatar e os impostos aos contribuintes mais ricos serem suspensos de imediato. Depois do Prêmio Nobel haveria que conceder-lhe o prêmio ao "maior encantador de serpentes" que tenha existido jamais.

Tomando em conta a autobiografia de W. Bush, tornada já um sucesso, que algum redator inteligente elaborou para ele, por que não o convidaram a Lisboa? Certamente, a extrema direita, o "Tea Party" da Europa, estaria feliz.

Fidel Castro Ruz
21 de novembro de

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