O estudante cubano, autor deste texto, preocupado em demonstram a falácia da divisão entre povo e dirigentes, nem percebe que relata para muitos universitários algo estranho: reunião mensal com o Reitor, podendo o estudante falar livremente sobre suas inquietudes?!!!!
As contradições do “cubano a pé”
Fonte: LA JOVEN CUBA (1)
Por: Osmany Sánchez
Tradução: Robson Luiz Ceron
Escutamos constantemente como a imprensa internacional se refere ao “cubano a pé” para diferenciar os que têm e os que não têm; os dirigentes e o resto da população.
Se seguíssemos este critério, um funcionário do comitê provincial do Partido, um membro do Conselho de Estado e o reitor da minha universidade não são “cubanos a pé”. Contudo, estas teses se diferenciam muito da realidade.
Há poucos dias um alto funcionário do PCC provincial, deu-me carona e fomos conversando por todo o caminho. Como é comum nestes casos, ele se interessou pela situação da universidade, pelas atividades que se realizam, etc. Depois que cheguei à universidade, fiquei a manhã toda com cheiro de gasolina do Lada impregnado na roupa.
Na graduação do curso passado, esteve presente uma senhora alta, negra, vestida modestamente, que vi conversar e brincar com vários dos recém graduados. Quando eu cheguei mais perto reconheci ser Tania, membro do Conselho de Estado.
São muitas as inquietudes que possuem os estudantes universitários, as quais vão desde as condições da residência estudantil, alimentação à situação com a bibliografia. Todas essas dúvidas podem ser levantadas nas reuniões da FEU(2) ou da UJC, e chegar aos decanos das faculdades, através dos resumos das atas.
Porém, existe outro espaço que é, sem dúvidas, muito mais célere e eficiente. A reunião que se realiza todos os meses entre Reitor da universidade com os estudantes, que são assistidas, ainda, pelos demais membros do conselho de direção. Esta reunião sempre começa com um resumo do Reitor sobre o mês anterior e as atividades previstas para o próximo. Depois os estudantes podem levantar todas suas dúvidas e inquietudes.
Se tomarmos em conta as responsabilidades que ocupam, nenhum dos três é um “cubano a pé”. Porém, quando se analisa a forma em que vivem e se relacionam com a população, então, sim, o são.
Em outro lugar do mundo, é muito possível que um taxista ganhe apenas para pagar as contas do final do mês. Mas, em Cuba é diferente. Aqui eles ganham muito dinheiro, o que lhes permite hospedarem-se em hotéis e comer em lugares caros. Estes taxistas são "cubanos a pé"?
Então, como se mede o que é um "cubano a pé"? O que determina: o poder aquisitivo ou o reconhecimento social?
1 - Blog de diversos estudantes da universidade de Matanzas (NT).
2 - Federação dos Estudantes Universitários cubanos (NT).
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